Palmeiras e Cerro Porteño caíram na mesma chave da Conmebol Libertadores pouco após o episódio recente de racismo contra o atacante Luighi, na Libertadores Sub-20. Depois do sorteio desta segunda-feira, o vice-presidente Paulo Buosi conversou rapidamente com membros da diretoria do clube paraguaio - representada pelo diretor Gustavo Samaniego e o vice-presidente Miguel Carrizosa. – Não tem resolvido. Não tem resolvido, correto? Têm que ter ações práticas. Não tenho nada contra o Cerro. Nós somos contra o racismo. Só que tem acontecido muito com o Cerro Porteño – diz Buosi.
O momento foi registrado pela reportagem no vídeo acima, em que os dirigentes conversam por um momento, se apresentam e na sequência se despedem sem desentendimentos. Buosi, inclusive, esteve presente no evento como representante institucional do Palmeiras porque a presidente Leila Pereira decidiu faltar ao sorteio em protesto contra as penas brandas aplicadas pela Conmebol ao Cerro Porteño no caso de racismo. O Palmeiras pediu na denúncia aplicação de multa máxima - de 400 mil dólares, por reincidência do clube -, portões fechados na Libertadores Sub-20 como punição preventiva e a exclusão do Cerro da competição.
A Conmebol, porém, determinou multa mínima - de 50 mil dólares -, portões fechados na Libertadores Sub-20, com o time já eliminado em campo, e a postagem de uma mensagem de conscientização, que está tomada de comentários racistas por parte da torcida. O caso em questão aconteceu em partida pela Libertadores Sub-20, quando torcedores do Cerro imitaram macacos na direção de Luighi, que chegou a ser atingido também por uma cusparada vinda das arquibancadas. Ele denunciou à arbitragem, que seguiu com a partida, e desabafou na entrevista pós-jogo, cobrando a Conmebol.
Ao ge , Buosi comentou o discurso de Alejandro Dominguez durante a cerimônia desta segunda-feira . O presidente da Conmebol admitiu sanções "não são suficientes" contra o racismo no futebol. – O presidente (da Conmebol) fez um discurso bonito, pena que não traduzem em ações efetivas para acabar com esse grande problema que, eu concordo com ele, a sociedade tem. Mas o futebol é um grande espelho e uma ferramenta para mudar a sociedade. Na América do Sul o futebol tem um peso muito grande, é mais um detalhe ainda que a gente deveria aproveitar para mudar o que a gente consegue mudar na sociedade, para acabar com racismo, discriminação e intolerância – A gente acredita que a impunidade é o combustível para novas manifestações racistas, discriminatórias.
Enquanto não tiver alguma coisa séria e pesada, infelizmente não vai mudar. Pode fazer comissão, o que for. Enquanto não tiver punição a impunidade vai continuar. Não estou falando o que eu acho, é o que tem acontecido, todos os anos têm se repetido. Enquanto não tiver uma punição exemplar não vai mudar. A gente vai continuar falando, nem que seja sozinho. Temos que dar um basta nisso.