Arouca assina contrato com o Palmeiras, ao lado de Alexandre Mattos (Foto: Divulgação)
O volante Arouca, que se manteve em silencio durante o período em que processou o Santos, publicou uma longa carta em seu perfil numa rede social para explicar sua saída do clube alvinegro. No texto, o jogador se diz vítima da “precária condição financeira do nosso futebol” e pede que os torcedores entendam seu lado no caso.
Com salários e outros benefícios atrasados, Arouca foi à Justiça para romper seu contrato com o Santos. Alvo do Palmeiras, fez acordo com a diretoria alvinegra para desistir da ação em troca de sua liberação, o que foi homologado durante audiência nesta sexta-feira. Minutos depois, foi anunciado pela equipe de Palestra Itália como o 17º reforço da temporada.
- Um fato em especial me deixa bastante chateado: quando os atletas se veem obrigados a entrarem com ações judiciais para receberem seus salários, são acusados de não ter amor à camisa, de só pensar em dinheiro e não no time, e ainda são chamados de mercenários, entre outros adjetivos pejorativos. Isso é uma imensa inversão de valores! Sei que o torcedor é movido pela paixão e que alguns estão chateados com a atitude que tomei, mas peço que tentem entender o meu lado no caso – escreve Arouca.
O volante diz que, antes de buscar os tribunais, esgotou as possibilidades de negociação amigável com a diretoria. Ele também agradece o carinho da torcida e diz que sai da Vila Belmiro pela porta da frente.
- Fiz questão de que o Santos FC fosse recompensado pela minha saída, mesmo com a possibilidade de obter na justiça a quebra do meu vínculo contratual, hipótese em que o clube não teria direito a nada. E, felizmente, chegamos a um acordo em que, assim como havia prometido, houve uma solução boa para ambas as partes.
Por fim, agradece o presidente palmeirense Paulo Nobre e o diretor Alexandre Mattos, que “agiram de forma correta tanto comigo quanto com o Santos”.
Veja abaixo a carta publicada por Arouca na íntegra:
Olá, pessoal
Hoje é um dia diferente para mim. Um dia de despedida, mas, ao mesmo tempo, do início de um novo ciclo. Simbolicamente um 30 de janeiro, que também é o aniversário de cinco anos da minha estreia pelo Santos. Uma história de tantas conquistas, de evolução e que agora chega ao seu fim. Antes de seguir em frente, porém, queria deixar registrado algumas palavras para todos os santistas.
É de conhecimento geral que o Santos FC vive uma grave crise financeira. E essa situação, que também afetou os meus companheiros, me atingiu diretamente, provocando atrasos de salário, de pagamento de direito de imagem, entre outras coisas. Desde que o entrave se iniciou, procurei a diretoria em busca de uma solução, pois creio que problemas dessa natureza podem (e deveriam) ser resolvidos na base da conversa. E foi por acreditar nisso que, há pouco mais de um mês, afirmei por meio de uma nota oficial que não moveria ação judicial e só sairia do time caso surgisse alguma proposta boa para ambos os lados.
Portanto, gostaria de deixar claro que, antes de tomar a atitude de entrar na justiça, esgotei todas as demais maneiras de solucionar o caso, pois tenho uma história bonita e uma gratidão imensa pelo clube e por sua torcida. Ainda após tanto tempo vestindo e honrando a camisa alvinegra.
Nas últimas cinco temporadas, construí uma trajetória vitoriosa e de muita identificação com o Peixe e sua torcida. Foi vestido com o manto que um dia foi do Rei que vivi os meus melhores momentos como profissional e conquistei os principais títulos da minha carreira, sendo convocado para defender a seleção do meu país. E a forma perfeita de retribuir isso foi jamais deixar no gramado menos de 110% daquilo que eu poderia fazer em cada partida.
Infelizmente, porém, fui mais uma vítima da precária condição financeira do nosso futebol, que promete salários com os quais não pode arcar e está se afogando em dívidas. E um fato em especial me deixa bastante chateado: quando os atletas se veem obrigados a entrarem com ações judiciais para receberem seus salários, são acusados de não ter amor à camisa, de só pensar em dinheiro e não no time, e ainda são chamados de mercenários, entre outros adjetivos pejorativos. Isso é uma imensa inversão de valores! Sei que o torcedor é movido pela paixão e que alguns estão chateados com a atitude que tomei, mas peço que tentem entender o meu lado no caso.
Apesar disso que aconteceu, saio da equipe - pela qual entrei em campo 268 vezes e conquistei seis títulos – pela porta da frente e com a consciência tranquila, pois fiz tudo o que podia dentro e fora do gramado. Dentro, lutando e me dedicando para trazer as vitórias que a torcida esperava; Fora, com um comportamento correto, dando exemplo e tentando resolver as coisas da melhor forma possível. Por isso, fiz questão de que o Santos FC fosse recompensado pela minha saída – mesmo com a possibilidade de obter na justiça a quebra do meu vínculo contratual, hipótese em que o clube não teria direito a nada. E, felizmente, chegamos a um acordo em que, assim como havia prometido, houve uma solução boa para ambas as partes.
Antes de me despedir, gostaria de dizer que nada nesse mundo vai apagar e nem diminuir os momentos felizes que vivi. Vou guardar na memória todas as alegrias que tive e levarei no peito a emoção que senti em cada partida. Queria agradecer também aos torcedores pelo imenso carinho e também aos amigos que fiz através do Santos FC, incluindo jogadores, treinadores e funcionários, que sempre me trataram tão bem.
Agora, sigo para o Palmeiras, clube que tanto esforço fez para contar comigo, em especial o presidente Paulo Nobre, o Alexandre Mattos e a diretoria, que moveram mundos e fundos para que essa transferência se concretizasse, agindo de forma correta tanto comigo quanto com o Santos. Como contrapartida, prometo ter a mesma dedicação e buscar títulos tão importantes quanto aqueles que, graças a Deus, consegui durante toda minha carreira.
A todos, o meu muito obrigado!
Carinhosamente,
Arouca
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