Procede a máxima de que no formato de pontos corridos "todo jogo é decisivo", mas também é verdade que alguns jogos são mais decisivos do que outros. Nesse contexto, o Palmeiras conquistou uma vitória absolutamente expressiva no Beira-Rio, superando um adversário apontado como candidato ao título, em um estádio que historicamente se mostra hostil aos palestrinos. Para derrubar a invencibilidade do Inter na temporada, o Palmeiras fez um jogo de altíssimo nível tático -- anulou a maioria das qualidades da equipe de Roger Machado com um jogo consistente que o fez ser superior no primeiro tempo.
Com sistema defensivo sólido, mostrou grandes atuações de Gustavo Gómez e Agustin Giay, provavelmente o melhor em campo, contra uma equipe colorada que tinha muita dificuldade para realizar infiltrações, fato agravado pela ausência de Wesley e Carbonero. Pelo lado verde da força, Felipe Anderson atuava com desenvoltura e Vitor Roque era motivo de constante preocupação para a bem postada defesa gaúcha. Em um encontro com senso estratégico tão apurado, o Palmeiras mostrou-se fatal justamente no momento de maior crescimento colorado na partida -- com cerca de 20 minutos do segundo tempo, Richard Ríos aproveitou lançamento de Gómez, ganhou a disputa com Bernabei e tocou para Facundo Torres marcar o único gol da partida e quitar grande parte de seu débito com a torcida palmeirense.
No lance, a objetividade e a capacidade de agredir que sempre marcaram os melhores momentos de Abel Ferreira na casamata alviverde. Em uma análise rasteira, seria possível dizer que o jogo, duro e equilibrado como se esperava, foi decidido em detalhe. Mas são justamente esses detalhes, somados ao longo do campeonato, que credenciam os favoritos. E, definitivamente, não é nenhum detalhe poder contar com um banco de reservas de onde saem Maurício e Paulinho, uma clara mostra de que a equipe palmeirense provavelmente ainda está em uma curva ascendente, tendo em vista o restante da temporada.
Continua impressionando (e "continua" pois está longe de ser novidade) a capacidade de Abel Ferreira de mobilizar e reinventar o Palmeiras após momentos de oscilação. Depois de perder o Campeonato Paulista, o time palestrino retomou rapidamente o nível de atuação e hoje tem a campanha mais sólida do Brasileiro -- após uma estreia ainda claudicante diante do Botafogo, com empate em casa, enfileirou três vitórias, sendo que as duas últimas foram contra Corinthians e Inter, adversários terríveis por diferentes motivos. Os dez pontos conquistados nessas quatro primeiras rodadas refletem o poderio de um trabalho que, ao longos da Era Abeliana , fez da capacidade de se reformular o maior trunfo para continuar sendo competitivo e vencedor. Para esse Palmeiras, cada jogo não é apenas decisivo, mas um obstáculo amenos para continuar sendo protagonista da história.
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