Parecia replay, mas não era. Assim como aconteceu no sábado, na Itália, no domingo (4), na Grécia, um clássico local foi retardado em 26 minutos por causa dos ânimos exaltados das torcidas de Panathinaikos e PAOK. Sinalizadores, bombas e até cadeiras do estádio foram atirados de uma arquibancada para outra, e a partida só pôde começar depois que representantes dos dois times pediram o fim do terror aos torcedores.
Muita gente foi surpreendida pela decisão da Federação Paulista de Futebol de permitir apenas a torcida do Palmeiras de ir ao clássico com o Corinthians no próximo domingo.
Será a primeira vez na história que um duelo entre grandes de São Paulo será realizado com apenas uma torcida na arquibancada, embora o expediente já seja utilizado em outros Estados brasileiros – a final da última Copa do Brasil, por exemplo, só teve torcedores de Atlético e Cruzeiro em cada perna da decisão.
O Corinthians promete recorrer e diz que lutará até o fim para permitir a seu torcedor assistir ao clássico do estádio.
A decisão de abrir o jogo apenas para palmeirense veio após um pedido e uma pressão do Ministério Público de São Paulo, preocupado com o recrudescimento da violência entre torcedores das duas equipes.
As condições de segurança das novas arenas da capital paulista e a mobilização de um grande efetivo policial em dias de jogos também foram apontadas na quinta como motivos para explicar a tomada da decisão.
Veja as principais razões apontadas para o clássico de torcida única em São Paulo:
1 – Ameaças de brigas, marcadas pela internet, para o dia do jogo.
O Ministério Público apontou a existência de ameaças de brigas entre torcedores, que marcam, através das redes sociais, encontros para se agredirem no dia da partida. A Polícia Civil faz um acompanhamento da atuação desses torcedores na rede. As ameaças de confronto são uma realidade conhecida há muitos anos.
2 – A morte recente de um corintiano e a possibilidade de vingança.
No domingo retrasado, um integrante de uma torcida organizada do Corinthians foi assassinado ao sair de uma festa com outros torcedores. Os corintianos acusaram organizados do Palmeiras. O MP teme que, se as torcidas se encontrarem domingo, os amigos da vítima queiram se vingar dos rivais.
3 – As novas arenas, como o Allianz Parque, são consideradas menos seguras para visitantes.
Em relatório da Polícia Militar, os estádios particulares de Corinthians, Palmeiras e São Paulo foram considerados menos seguros para as torcidas visitantes do que o Pacaembu, por exemplo. No caso da arena alviverde, a PM afirma que é preciso mobilizar um intenso efetivo policial para garantir a ordem entre a torcida mandante e a visitante.
4 – Muita polícia para o jogo significa menos polícia para a cidade.
Esse argumento foi usado pelo presidente Paulo Nobre, do Palmeiras, para explicar sua defesa da torcida única. De acordo com ele, o efetivo policial mobilizado para um clássico como Corinthians x Palmeiras representa um desfalque no policiamento do resto da cidade. No entanto, como mostrou o blog do Rodrigo Mattos, a PM não foi consultada antes da tomada de decisão pela torcida única. A tendência é que a corporação tenha um forte esquema de segurança mesmo com somento palmeirenses em campo, já que também há preocupação com o que acontece no entorno do estádio.
5 – Quebra de cadeiras por visitantes malcriados.
Aconteceu no ano passado. Palmeirenses quebraram cadeiras do Itaquerão no clássico pelo Campeonato Brasileiro. Paulo Nobre se disse envergonhado pelo comportamento de seu torcedor e pagou a compra de novas cadeiras. Havia o medo de que os corintianos dessem o troco no domingo.
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Apesar disso, conforme a história mostra, torcida única em clássicos não é sinônimo de fim da violência. Em países em que a estratégia já foi adotada, houve confusão mesmo assim.
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