Com ótima definição, cronômetro e possibilidade de acompanhar todos os lances, o telão é um dos pontos altos do novo Allianz Parque. Mas, no agitado dérbi do último domingo, o lance mais importante não foi visto. Justamente o gol de Danilo, o único na vitória do Corinthians sobre o Palmeiras.
No clássico que não se viu pela televisão, o telão cortou a imagem do gol corintiano exatamente quando a bola de Danilo cruzou a linha fatal. Antes da partida, porém, os palmeirenses curtiram o mesmo aparato. Para esquentar o jogo, gols históricos contra o Corinthians foram mostrados. Um deles, marcado por Edmundo, levou o público à loucura.
A imagem do ídolo palmeirense, aliás, se fez presente mais uma vez. Na semana passada, o Palmeiras divulgou vídeo em que Zé Roberto relembrava, diante dos companheiros, quando a torcida palmeirense cantava "Au Au Au, Edmundo é Animal". O público do dérbi, então, reverenciou o veterano que acaba de chegar: "Au, Au, Au, Zé Roberto é animal".
A torcida do Palmeiras, porém, não foi só de gestos nobres. O corintiano Elias, poupado, sequer estava no estádio. Mas foi provocado por conta de um boato que surgiu nas mídias sociais quando Maicon foi cortado na seleção brasileira, em 2014. "Não é mole, não. O Elias deu o c... na seleção", gritou o público, de modo estridente.
Também houve momento de tensão. Mesmo que separados por tapumes e por espaços vazios na arquibancada, corintianos e palmeirenses se recordaram do quão inimigas têm sido suas torcidas organizadas. No intervalo, após troca de insultos, os visitantes gritaram: "É, Inajar".
Trata-se de uma menção à emboscada da Gaviões contra a Mancha Alviverde que ocorreu em 2012 na Avenida Inajar de Souza. Na ocasião, dois palmeirenses foram mortos: André Alves e Guilherme Vinicius Jovanelli Moreira. Diante de uma rivalidade desse porte, tentar impedir cartazes com a frase "Chora Gambá", atitude de funcionários do estádio, foi uma atitude mínima.
Apesar do clima bélico, e da confusão generalizada na Rua Turiassu com bombas de efeito moral e gás de pimenta, o saldo da violência no clássico foi razoável, sem registros de feridos. Restou, apenas, muito vidro espalhado pelo chão da mesma Turiassu no momento em que o jogo acabou e de cadeiras quebradas na área que estava destinada ao Corinthians.
Para os corintianos, restou a sede. No setor destinado aos visitantes no moderno Allianz Parque, não havia lanchonete e sequer água à venda. Só no segundo tempo, com a chegada de alguns ambulantes, foi possível matar a sede em dia de clima seco em São Paulo.
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