O festival de perguntas sobre a decisão de deixar Dudu no banco incomodou Oswaldo de Oliveira após o Dérbi de domingo.
O técnico pareceu ter lembrado naquele momento da pressão que a imprensa brasileira – mas não só ela – pode exercer sobre seu trabalho. Ele sabe que é cultural: os questionamentos insistentes dos jornalistas na maioria das vezes refletem a inquietude do torcedor e podem antecipar movimentações da diretoria.
Mas Oswaldo tem mostrado que, embora se irrite, não se deixará levar pelas pressões. Caso contrário, teria feito o óbvio e escalado Dudu mesmo sabendo que fatalmente teria de substituí-lo.
E também teria atendido ao desejo de nove entre dez palmeirenses (chutando baixo) inscrevendo o jovem Gabriel Jesus no Paulistão, o que não vai acontecer – embora o garoto mereça, pelo desempenho nos treinos.
Um ponto positivo: a diretoria não tem feito imposições. Se fizesse, o garoto fenômeno certamente ocuparia uma das 28 vagas, limite estúpido estipulado este ano pela Federação Paulista. Nobre quer vê-lo jogar.
Oswaldo sabe, mas optou por seguir suas convicções e prestigiou, por exemplo, o contestado Maikon Leite. Ele entendeu, observando os treinos e os amistosos, que Maikon tem mais a oferecer neste momento (por mais incrível que isso possa parecer).
Oswaldo está assumindo o risco e tem de ser cobrado por suas decisões, mas não neste momento. É certo que ele tem em mãos um bom elenco, mas ao menos 11 jogadores ainda estão em busca da melhor forma física, incluindo potenciais titularíssimos como Arouca, Valdivia, Cleiton Xavier e Dudu. A oscilação de início é natural.
Decisões como as que envolvem Dudu e Gabriel Jesus ganharão proporção muito grande se as coisas não andarem no Paulistão. Resta saber se a diretoria já exige resultados no Estadual ou se vê na competição um laboratório para o restante do ano.
Nobre mostrou constante falta de convicção no ano passado, chegando ao cúmulo de demitir Ricardo Gareca e ao mesmo tempo dizer que enxergava no argentino o comandante ideal para o Palmeiras.
Alexandre Mattos, ao contrário, segurou as pontas de Marcelo Oliveira antes de o Cruzeiro começar a encantar o país e parece saber melhor onde pisa. É essa a receita que costuma dar certo.
Uma coisa é contestar o trabalho do treinador que não consegue fazer este elenco jogar com todos à disposição e entrosados. Outra coisa é criticá-lo depois de três jogos, com uma infinidade de desfalques.
3384 visitas - Fonte: Pitacos do Palestra/La