Oswaldo de Oliveira acredita em evolução gradual do Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli)
O Palmeiras voltou a vencer no Campeonato Paulista. Após derrotas para Ponte Preta e Corinthians em casa, o Verdão bateu o Rio Claro por 3 a 0 nesta quarta-feira, na arena, e ganhou tranquilidade para a sequência do Campeonato Paulista. O técnico Oswaldo de Oliveira destacou as dificuldades encontradas pela equipe diante da "obrigatoriedade" da vitória e projetou uma evolução gradual da equipe alviverde neste início de temporada.
– Tem de manter o equilíbrio, ver as coisas com clareza. Todos têm opinião, todos querem o melhor futebol, o treinador quer o melhor futebol, os críticos também. Mas tenho que ter tranquilidade e calma para fazer as escolhas, medir responsabilidades, sentindo a ascensão de um e de outro, conhecendo cada um pra fazer as combinações que acho mais interessante – afirmou o técnico, em entrevista coletiva.
- Se não tivermos espaço para usar a velocidade, vamos ter dificuldades de encontrar o caminho rapidamente. Este bloqueio que a gente encarou até nos amistosos, vai durar um pouquinho, mas vamos nos habituar. Hoje foi uma etapa disto, e vamos gradativamente vencendo estes obstáculos.
Com três alterações na escalação em relação às últimas partidas, o Palmeiras criou mais no ataque e incomodou o Rio Claro durante toda a partida – especialmente no segundo tempo.
Alan Patrick, apagado na derrota para o Corinthians, deu duas assistências. Zé Roberto e Rafael Marques marcaram pela primeira vez com a camisa alviverde. Cristaldo, substituto de Leandro Pereira, também deixou sua marca.
O Palmeiras volta a campo no próximo sábado, às 19h30 (horário de Brasília), contra o São Bento, em Sorocaba. Será o primeiro jogo do Verdão neste Paulistão fora de sua arena.
Veja a entrevista coletiva na íntegra:
Avaliação da partida
Foi um jogo bom, normalmente quando jogamos contra estas equipes com mais tempo de preparação, esta turma vem muito preparada. São equipes com jogadores rodados, habituados ao campeonato, não se assustam em jogar contra os grandes. É sempre uma tarefa difícil de furar o bloqueio. Tivemos bastante dificuldade, principalmente no primeiro tempo. No segundo tempo, com ajuste no meio de campo, a equipe se comportou melhor, desenvolveu melhor, e fez principalmente as viradas de bola, e isto acabou nos dando a chance de marcar os gols.
Disputa entre Arouca e Robinho
Isto inclusive me dá um pouco mais de tempo para preparar o Arouca. Por mais que tenha calma e queira fazer as coisas sem precipitação, a lógica é usar logo os jogadores que achamos que são imprescindíveis. Gostei bastante da atuação do Robinho e nestes dois próximos dias vamos pensar se já usamos o Arouca no próximo jogo, ou ganhamos mais uma semana, porque ele precisa de uma preparação mais qualificada, de mais tempo.
Treinos e utilização de Cristaldo
Deixei de fazer o treinamento que normalmente faço, porque como estava promovendo alguns jogadores, faria mudanças, preferi fazer um treino tático mais leve. Exatamente para trabalhar melhor esta situação, porque é imprescindível. Todos os jogos que fizemos até aqui, os adversários vêm com uma postura muito semelhante. Claro que a qualidade do Corinthians se destaca, mas a semelhança tática nos obriga a trabalhar muito pelos lados do campo. Ontem enfatizamos muito isto. E sobre o Cristaldo, fiquei muito feliz pelo gol, fez uma boa partida, e é um jogador que vai crescer, um investimento do clube, uma aposta muito forte, vamos investir para que ele consiga render o que todos nós esperamos.
Importância da vitória
Pois é, ganhar é bom em qualquer circunstâncias,mas depois de duas derrotas havia aquele sentimento de obrigação de vencer, entre os próprios jogadores. Isto até atrapalhou um pouquinho no início, porque eles precipitaram alguns passes, movimentações, algo natural de acontecer. Eles só vão realmente repetir aquilo que a gente acha que tem de repetir após jogarem mais vezes. No primeiro tempo, os primeiros minutos foram muito difíceis, porque a equipe não tinha a tranquilidade para rodar a bola, e isto acabou nos dando no segundo tempo maior tranquilidade para vencer a partida, e agora com todo mundo mais jogado, mais acostumado, mais pronto, tranquilo, vamos ver se acumulamos um número maior de vitórias.
Gangorra de emoções?
Temos de fazer da melhor maneira, da maneira mais fácil. Procuro não deixar a ansiedade me abater, me contagiar. Tem de manter o equilíbrio, ver as coisas com clareza. Todos têm opinião, todos querem o melhor futebol, o treinador quer o melhor futebol, os críticos também. Mas tenho que ter tranquilidade e calma para fazer as escolhas, medir responsabilidades, sentindo a ascensão de um e de outro, conhecendo cada um pra fazer as combinações que acho mais interessante.
Com dificuldade para armar, Zé Roberto é solução?
Pode sim, mas mesmo com Cleiton, Valdivia, é possível ter uma dificuldade também. Porque cada um que entra na equipe tem de ter o tempo necessário para se adaptar, se organizar. Hoje conseguimos fazer durante o jogo, porque de domingo para cá fizemos um treino tático ontem, mas não é o suficiente. Convencimento para o jogador vem com o esforço, e ontem véspera de jogo não poderíamos fazer isto. Nem coloquei adversário, só tentando posicionar, para entender as articulações das jogadas. Ocorre que os adversários são sabedores disto. Se não tivermos espaço para usar a velocidade, vamos ter dificuldades de encontrar o caminho rapidamente. Este bloqueio que a gente encarou até nos amistosos, vai durar um pouquinho, mas vamos nos habituar. Hoje foi uma etapa disto, e vamos gradativamente vencendo estes obstáculos.
Zé Roberto é o novo Animal?
Ele não tem pinta de animal, a inspiração foi o Edmundo, um jogador de temperamento bem diferente do Zé. O Zé usou este refrão para passar alguma coisa de entusiasmo para o grupo e foi muito bem sucedido. Vai ser reconhecido pelos próprios méritos, como age, e como o Edmundo foi importante, ele também terá sua importância nesta fase atual do Palmeiras.
Erros da defesa
Em reflexo, claro do jogo de domingo, gera instabilidade. Não tivemos tempo para reposicionar, mas acho que a causa maior não foi o jogo de domingo. É um componente. O único compartimento que estou tentando não mexer,é justamente a defesa. Nos outros setores, tenho procurado improvisar, trocar, experimentar, mas a defesa é nosso alicerce, nossa base. Isto acontece até pelo desgaste de já terem encarado seis jogos, contando amistosos, porque jogamos sempre com estes jogadores, exceto contra a Ponte, quando o Zé Roberto não jogou.
Postura da torcida
Difícil regular o torcedor. A espontaneidade, esta emoção, é um diferencial. Eu, particularmente, sempre fui admirador da torcida do Palmeiras, já estive do outro lado nestes anos todos. Trabalhei normalmente sendo adversário. jogamos duas vezes na Vila Belmiro, e mesmo lá a diminuta torcida do Palmeiras fazia mais barulho que a torcida da casa. É muito guerreira, muito emocionada, notamos isto o tempo todo, e não vejo como controlar isto. Minha expectativa é que façam como fizeram hoje, que estimularam a equipe o tempo todo, aplaudiram, e isto vai dar realmente um gás, uma força muito grande para esta turma, porque a maioria destes jogadores querem a afirmação. Os que ficaram tem o lastro negativo de outras etapas, e os que chegaram querem provar. Uma exceção é o Zé Roberto, que não precisa provar mais nada. Vai ser este tom de hoje. Os outros têm este comprometimento, e isto às vezes atrapalha. Mas convivendo com isto, vai dando força, e acho que a torcida faz uma trilha sonora, faz um fundo musical, especialmente a torcida do Palmeiras.
Lucas está 100%?
O Lucas é um jogador que ninguém sabe, mas no primeiro jogo teve uma queda contra o Shandong, bateu no chão, e está jogando com ataduras desde o início. Aquela foi a melhor partida dele. Ele vem se sacrificando. Agora com o João Pedro, vou pensar muito em dar uma chance dele se recuperar desta dor. Dor nas costelas é um negócio muito sério. Quando você respira, quem levou a pancada, sabe como é. Isto tem sacrificado muito ele. Mas acho que tem sido um jogador muito regular, e tem tido uma participação, por nos conhecermos há muito tempo, sempre tem uma visão muito interessante, e vai lembrando os companheiros, de como devem fazer durante o jogo.
Cleiton Xavier fora da lista, Gabriel Jesus dentro
Foi motivo de tristeza, mas em seguida confesso que foi motivo de alegria também. Quando fizemos as contas, fechou, não ia ter o espaço para ele. Com esta possibilidade, embora tenhamos perdido o Cleiton Xavier, beneficiou abrir esta oporuntidade. O Cleiton é um dos que contamos para organizar o time, dar tranquilidade nos momentos mais difíceis. Espero contar com ele na Copa do Brasil, e classificando, acho que vai, na outra fase já vai poder ser inscrito a partir das quartas de final.
Utilização de Robinho
O Amaral e o Renato são jogadores com características muito definidas. Ocorre que na maioria dos nossos jogos vamos ter adversários com esta postura, colocando todos na frente da bola, e precisamos de jogadores com articulação, habilidade e visão de jogo. A intenção era esta: dividir com Alan e Gabriel a iniciativa das jogadas. Por isto fiz isto, já fiz em outras oportunidades, no Santos usei o Cícero, no Botafogo usava o Renato jogando junto com o Gabriel ou outro jogador mais habilidoso. Mas quando você fica mais com a bola, tem menos necessidade de ter este tipo de jogador no time. Contra adversarío mais difíceis, tem de se dividir e analisar. Meu sentimento hoje era de que iríamos precisar de um melhor trato da bola, para chegar com melhor qualidade.
3930 visitas - Fonte: Ge