Ex-Palmeiras diz ter sido confundido com ladrão e espancado na Lituânia

Contratado para treinar o FC Nevezis, Odair Patriarca afirma ter vivido momentos de terror após mal-entendido com a polícia local. Episódio gera desistência do contrato

Patriarca mostra a roupa cheia de sangue como prova da agressão sofrida (Foto: Odair Patriarca / Arquivo Pessoal)



A estadia de Odair Patriarca como treinador na Lituânia durou menos do que o esperado por conta de um mal-entendido pouco antes de ser apresentado pelo FC Nevezis, com quem tinha assinado até novembro. Segundo o ex-lateral do Palmeiras e também da Seleção Brasileira, horas após chegar à cidade de Kedainiai, localizada a aproximadamente 150 quilômetros da capital Vilnius, policiais sem identificação o confundiram com um suspeito que acabara de roubar de uma joalheria um anel de diamantes avaliado em 37 mil euros (cerca de R$ 120 mil).



O brasileiro diz ter sido espancado, algemado e conduzido à delegacia local. O episódio gerou a desistência do contrato. Patriarca retornou ao Brasil na última quinta-feira.



– Tinha acabado de chegar à cidade, deixei as coisas no hotel e fui caminhar para conhecer o local. Um carro sem qualquer identificação me abordou e nem pude dizer nada. Tomei soco, chute, fui jogado no chão e algemado. Ainda pisaram na minha cara, esfregando-a contra a neve. Cena aterrorizante e eu sem entender o que estava acontecendo – disse Odair.



– Fiquei horrorizado, mesmo depois com a chegada de policiais fardados, pois estes estavam com o fuzil apontado em minha direção. Qualquer gesto ou tentativa de comunicação poderia terminar de maneira trágica. Fiquei horrorizado - emendou.





Treinador retorna ao local onde tudo teria acontecido e mostra as marcas na neve (Foto: Arquivo Pessoal)



Na delegacia, Patriarca afirma ter conseguido se explicar, mesmo que com longa demora para que os policiais pudessem entender o que havia acontecido. De acordo com ele, a polícia da Lituânia se confundiu na abordagem baseada nas imagens das câmeras da joalheria.



Na verdade, quem teria efetuado o assalto era um romeno com características semelhantes a do brasileiro. Mesmo assim, a liberação do treinador foi possível apenas após a chegada do presidente do FC Nevezis, que confirmou a versão do ex-lateral.



– Os policiais viram as fotos no documento, perceberam o erro. O presidente do clube foi chamado e somente assim fui liberado. Depois disso, cancelei o contrato com o FC Nevezis sem mesmo dar um treino para os jogadores. Isso porque o fato aconteceu durante à tarde, e à noite eu seria apresentado. No hotel recebi algumas autoridades da Lituânia que foram se desculpar pela situação, mas não adianta. Fui humilhado, apanhei e não me deram qualquer chance de me defender – afirmou o treinador.



Mesmo livre e sem vínculo com o clube, Odair teve que esperar alguns dias até voltar ao Brasil. O treinador, que agora pretende descansar e se recuperar psicologicamente antes de buscar um novo emprego, diz que tudo isso serve como lição para ser levado adiante.



– Jamais uma polícia preparada pode agir de tal maneira. Mas isso me ensinou que o valor da vida não existe. Sou grato a Deus por me proteger. O mundo precisa saber respeitar o direito de ir e vir em qualquer lugar. Espero que algo seja feito e que o consulado busque explicações. Como ser humano, sinto vergonha de tudo isso que aconteceu comigo – completou.



Além de Palmeiras e Seleção, Odair também atuou em clubes como São Bento, Ponte Preta, Bragantino, Novorizontino e Juventude. Após encerrar a carreira, o ex-lateral se dedicou à carreira de treinador, sempre priorizando o trabalho nas categorias de base, passando por Linense e mais recentemente o XV de Piracicaba.





No braço de Odair ainda estão as marcas da agressão cometida na Lituânia (Foto: Odair Patriarca / Arquivo Pessoal)

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