Vitor Roque chegou ao Palmeiras cercado de expectativa, mas precisou de alguns jogos para se adaptar novamente ao futebol brasileiro e ao esquema de Abel Ferreira. A partir do segundo semestre, porém, o atacante deslanchou, assumiu protagonismo no ataque e se tornou peça-chave tanto na campanha que levou o Verdão à final da Copa Libertadores quanto na manutenção da liderança do Campeonato Brasileiro. Esse contraste com a sua passagem apagada pelo Barcelona gerou surpresa entre os torcedores europeus, que não esperavam vê-lo render tanto em tão pouco tempo. Em fóruns e comentários, muitos apontaram que o clube “se apressou” ao abrir mão do atleta e que o Palmeiras soube recuperar sua confiança.

O ponto central da crítica dos torcedores catalães é o contraste entre o rendimento atual do atacante e a forma como ele foi utilizado na Espanha. No Barcelona, Vitor Roque chegou a ser rotulado por parte da imprensa como “superestimado”, justamente por não ter sequência entre os titulares. Já no Palmeiras ele soma agora 19 gols e 6 assistências em 38 jogos, números que chamaram a atenção dos espanhóis. Alguns perfis chegaram a marcar dirigentes do clube cobrando explicações e perguntando se houve um plano esportivo claro para o brasileiro. Outros foram além e afirmaram que o Barça “deu um presente” ao Palmeiras ao liberar um jogador jovem, forte fisicamente, com profundidade e que ainda tem margem de evolução.

A convocação feita por Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira reforçou ainda mais esse sentimento de arrependimento entre os torcedores do Barcelona. Se o atacante está em nível de seleção, argumentam eles, então o clube espanhol poderia ter insistido mais em sua adaptação. Do lado palmeirense, o discurso é totalmente diferente: o Verdão celebrou o fato de ter conseguido recuperar um talento que parecia emperrado na Europa e ainda vê Vitor Roque como peça estratégica para a reta final da temporada, ao lado de nomes como Endrick (já negociado) e Flaco López. A situação acabou se transformando em um raro caso de “efeito vitrine ao contrário”: em vez de o europeu mostrar o jogador ao mundo, foi o clube brasileiro que recolocou o atleta em evidência.

Com moral alta, vaga na Seleção, dois gols em clássico e protagonismo em duas frentes — Brasileirão e Libertadores —, Vitor Roque vive o que muitos já chamam de “segunda estreia” no futebol. E, pelo visto, cada grande atuação no Palmeiras vai reabrir a mesma discussão na Espanha: por que o Barcelona não segurou um atacante que claramente tinha potencial para render mais?