Prass é um dos líderes do Bom Senso FC (Foto: Ale Cabral/ LANCE!Press)
A Medida Provisória (MP) que cria um programa de refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol, assinada nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff, é vista com bons olhos pelo Bom Senso FC, desde que, claro, o texto final seja aprovado sem emendas no Congresso.
- O Governo vai ter de trabalhar duro para que o texto seja aprovado do jeito que está, que não mude muita coisa. Vamos ver. Agora vem uma das partes mais complicadas, que é a parte política, a votação. A Bancada da Bola pode querer tirar algo coisa, em relação à punição, à CBF, sei lá. A gente precisa torcer para que as coisas andem na votação, que o projeto passe da maneira que tenha de passar e, principalmente, que os interesses de alguns não sejam misturados no meio disso tudo - declarou Fernando Prass, goleiro do Palmeiras e um dos principais líderes do Bom Senso FC, em entrevista ao LANCE!.
- Vai ter briga feita na hora da votação. Mas não se pode estragar um projeto que tem tudo para ser um marco no futebol brasileiro. É uma oportunidade para o Governo mostrar que quer dar uma arrumada na casa. Com tanto escândalo de corrupção, essa é oportunidade de o Governo deixar passar um projeto sério, que vai trazer vários benefícios para o esporte. Agora, se passar só uma "meia sola", vai ser uma propaganda contra o próprio Governo, e vai reforçar o que o povo tem pensado - completou.
Para Fernando Prass, a presença de Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, tem sido fundamental nas discussões de melhorias em Brasília. Ele é o representante dos times no projeto.
- Ele (Eduardo Bandeira de Mello) falou uma coisa muito importante: estão dando muito foco para o refinanciamento das dívidas (no total, cerca de R$ 4 bilhões). Mas o foco principal precisa ser no novo modelo de gestão. Porque se você amanhã ou depois manter o mesmo modelo falido, mais dívidas vão surgir. Precisamos focar no novo modelo de gestão e nas fiscalizações. Quanto mais gente ao lado do Bandeira de Mello, melhor - explicou.
Os clubes que aderirem ao refinanciamento terão que cumprir uma série de contrapartidas: publicar demonstrações contábeis auditadas, pagar em dia as obrigações tributárias, trabalhistas e com atletas, incluindo o direito de imagem; gastar no máximo 70% da receitas com o futebol; manter investimento permanente nas categorias de base e no futebol feminino; não realizar antecipação de receitas para mandatos posteriores, a não ser em situações especiais; adotar programa progressivo de redução dos déficits, que devem ser zerados até 2021; respeitar todas as medidas de transparências previstas na Lei Pelé (entre elas, a limitação dos mandatos dos dirigentes em até uma reeleição).
Ainda pelo proposta apresentada, os clubes terão entre 120 e 240 meses para quitar os débitos com a União. Nos primeiros três anos, haverá um sistema especial de pagamento, que limita a parcela a um valor entre 2% e 6% das receitas. Quem descumprir as contrapartidas sofrerá punições. Numa escala crescente, o time será advertido, proibido de fazer contratações e rebaixado de divisão ou eliminado do campeonato do ano seguinte.
3522 visitas - Fonte: LanceNet!