Festa do centenário do Palmeiras tem rendido processos na Justiça contra o clube
O Palmeiras festejou no ano passado 100 anos de vida. E não poupou para comemorar à altura de sua grandeza seu centenário. Conforme apurou o ESPN.com.br, a festa organizada pelo clube no dia 26 de agosto do ano passado, no Citibank Hall, custou nada menos que R$ 2,6 milhões, mas vem rendendo acusações de calotes por partes de empresas terceirizadas.
O clube alviverde contratou a Agência Pepper para organizar os festejos de seu 100º aniversário. E, conforme documentos vistos pela reportagem, os valores acordados foram de mais de R$ 2,6 milhões, incluindo também pagamentos de impostos.
A reportagem teve acesso a todas as notas fiscais pagas pela agremiação para a realização do evento, que, segundo o clube diz, foi bancado por patrocinadores como Allianz, Ambev, Adidas, entre outros, além da venda de ingressos.
Entretanto, algumas contratadas terceirizadas para o evento acusam falta de repasse do pagamento.
A Pepper foi quem ficou responsável por terceirizar várias outras firmas, que ficariam a cargo das mais diversas funções, como sistema de som, alimentação, bebidas, iluminação, entre outros. Assim, ia emitindo notas fiscais que ficavam a cargo do Palmeiras pagar. Ao todo, foram oito transferências bancárias, que variam de R$ 8 mil a R$ 856 mil.
Em um dos pagamentos, este de R$ 670 mil, por exemplo, a Pepper incluía na lista uma das parcelas do aluguel do Citibank Hall, no valor de R$ 52 mil, mais R$ 45,5 mil à cantora Zizi Possi, que se apresentou no evento, R$ 29 mil a um MC, duas parcelas de R$ 3,266 mil para confecção do bolo, R$ 166 mil em sonorização e R$ 38 mil em serviço de Vallet.
Em bebidas, os gastos também foram altos. O Palmeiras disponibilizou whisky e vinhos importados, vinhos nacionais, refrigerante e água e pagou duas parcelas de R$ 47 mil à Pepper, mais outros R$ 122.116,80 desembolsados á empresa de entretenimento T4F. Essa firma ainda recebeu mais R$ 102 mil reais pela locação do espaço.
Só no cardápio escolhido para degustação, por outro lado, o Palmeiras gastou R$ 245 mil, em duas parcelas de R$ 122,5 mil. Para comer, na entrada, a organização do evento serviu salgadinhos gourmet, como empanados de bacalhau, doces à base de leite folhados e diversos assados em miniatura nos sabores de carne e queijos. O prato principal teve massa italiana com molho ao sugo, salada caprese e sobremesa refinada.
Itens como uma tenda de cobertura foyer, no valor de R$ 60 mil, mais R$ 30 mil na produção de um vídeo de abertura, R$ 1,7 mil em um vaso de planta, R$ 15 mil no sistema de credenciamentos também estão na pauta, como também pagamentos extras à CET e à PM para uma ajuda extra.
Entre as transações feitas à Pepper, é possível mencionar pagamentos para envios de e-mail aos sócios do Avanti e até R$ 29,5 mil para uma iniciativa de marketing em parceria com pizzarias visando trazer novos associados ao clube até a festa do centenário.
Os gastos com manutenção, decoração, montagem do espaço, iluminação, aluguel de móveis e afins, promoção da festa com marketing, funcionários terceirizados para o evento, honorários da Pepper, impostos e outros, somados, giram em torno de R$ 900 mil, o que contribuiu para a conta final astronômica de R$ 2,6 milhões.
Dor de cabeça na Justiça
Meses após o evento, a organização da festa do centenário tem rendido dor de cabeça ao Palmeiras. O clube tem sofrido alguns processos na Justiça por conta de calote das empresas terceirizadas pela Pepper. A agremiação responsabiliza a agência pelos inadimplementos.
A Ciacom Produção de Vídeos Ltda, citando uma das firmas lesadas, cobra R$ 100 mil por aluguel de equipamentos de vídeo. Já a Ibeam São Paulo Importação Comércio e Serviços Ltda acusa calote de R$ 13 mil em um projetor de imagens, enquanto a Foco Vídeo quer R$ 30 mil por serviços de filmagem e fotografia realizados no jantar.
Na festa, realizada em 26 de agosto de 2014, estiveram presentes conselheiros, convidados, sócios e gente influente, como o presidente José Maria Marin, da CBF, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, os políticos Jair Bolsonaro, Gilberto Kassab, Paulo Maluf, além de ex-jogadores, como Marcos.
O presidente Paulo Nobre chegou a cobrar R$ 1200 pelo convite, mas após reclamações voltou atrás e baixou as entradas para R$ 400 para acompanhantes de convidados e R$ 600 a torcedores comuns, enquanto diretores e conselheiros puderam entrar de forma gratuita.
Na ocasião, o Palmeiras lutava contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, e se safou apenas na última rodada. No dia do centenário, o clube quase fechou com o meia Ronaldinho, mas de última hora o acordo travou. A agremiação tentou ainda trazer a cantora Shakira para cantar no evento.
O ESPN.com.br também procurou o Palmeiras, que avisou que não vai se manifestar.
Algumas das Notas Fiscais da festa do centenário do Palmeiras, que custou R$ 2,6 milhões
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