O clássico entre Vasco e Flamengo poderia servir de reflexão para os profissionais do futebol. O que leva os jogadores a entrarem em campo com a predisposição de mais atingir o adversário do que dar um toque de efeito ou de primeira na bola? Dirigido por um técnico experiente e bom observador, o Flamengo visava o corpo do adversário mais do que a bola. Treinado por um técnico aspirante ao estrelato, o Vasco também pisou o gramado do Maracanã com o mesmo sentimento. Prova de que, independentemente do currículo de quem dá expediente à beira do campo, a cabeça dos jogadores tem um olhar torto e conceitos equivocados sobre o que representa um clássico. Ainda mais em uma semifinal de uma competição que ainda, apesar da sua falta de atualidade com a realidade, ainda mexe com o torcedor.
Por essa razão, o final de semana me alegrou muito mais por conta de dois jogadores: o atacante Fred e o armador Valdivia. O centroavante do Fluminense pagou, injustamente, uma conta alta no pós-Copa do Mundo exatamente por atuar no Brasil e ter depositada em sua conta a responsabilidade pelo fracasso verde e amarelo. Dizia Romário, um dos melhores no ofício de dar plantão dentro da área, que centroavante não joga bem ou mal. “Centroavante faz gol”, resumia bem ao seu jeito o agora senador da República. Pois é o que Fred sabe fazer e muito bem. No clássico com o Botafogo, ele foi o responsável pela vitória. Sem Fred, Botafogo e Fluminense se equivalem. Com Fred, a balança pende para o lado tricolor. É o melhor centroavante em atividade no Brasil.
Em São Paulo, o jogo estava amarrado e dominado pelo Palmeiras quando Valdivia entrou para tocar no interruptor e acender a luz de talento que tanta falta fazia ao time. Entrou, mudou o jogo e deu gosto vê-lo em ação. Algo raro em quem ocupa o setor do meio de campo. Tomara que o Valdivia consiga entrar em forma e sua presença em campo seja mais constante. Ganhará o Palmeiras é claro, mas também ficará satisfeito quem gosta de ver um bom jogador de meio campo em ação.
Paciência
O trabalho de Renê Simões no Botafogo está mostrando resultados. Terá ainda mais se o técnico tiver paciência com o meia Tomás. Percebe-se que ali está um jogador promissor, mas ainda intimidado com a mudança de uma pequena cidade e um clube modesto para uma cidade frenética e um time com visibilidade nacional. Lembro que no século passado, precisamente nos anos 80, o Botafogo contratou Carlos Alberto Santos, que veio do Goiás. Em seu primeiro ano, ele não conseguia acertar um passe de meio metro e virou motivo de irritação do torcedor. Na temporada seguinte, transformou-se em um dos melhores jogadores do time e colocou a faixa de campeão no peito. A paciência é uma necessidade para que o trabalho de certo. O torcedor tem direito a não tê-la, mas o técnico....
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