Celso Mazza, ex-jogador e técnico do Palmeiras, diante do estandarte que homenageia João Gaveta no ginásio
Superado por Franca nos dois primeiros jogos das oitavas de final do NBB, o Palmeiras tenta seguir vivo na série a partir das 20 horas (de Brasília) desta terça-feira. No Ginásio Palestra Itália, o time alviverde terá a bênção do folclórico João Gaveta, seu torcedor-símbolo, para buscar a virada.
Por atribuir todas as derrotas do Palmeiras à arbitragem, alegando que o “juiz estava na gaveta”, o imigrante italiano Giovanni Capalbo ganhou o inusitado apelido. Em 2014, 30 anos após a morte do torcedor-símbolo, a Gazeta Esportiva exibiu o documentário “O Incrível João Gaveta”, o que reavivou a memória do personagem dentro do clube.
No começo de 2015, com o aval de Ronaldo Faria, o Dinho, então diretor de esportes olímpicos do clube, um estandarte com a imagem de João Gaveta foi instalado no Ginásio Palestra Itália. A iniciativa sensibilizou Celso Mazza, armador do Palmeiras de 1970 a 1977 e amigo do torcedor-símbolo.
“Não sabia que haveria essa homenagem e fiquei emocionado quando vi a bandeira no ginásio. Agora, muitos têm perguntando quem foi o João Gaveta. A gente não percebe, mas o tempo passa rápido”, disse Mazza. Ao lado de ídolos como Ademir da Guia, Dudu, César Maluco e Leivinha, ele é um dos depoentes do documentário que reconstrói a trajetória do torcedor-símbolo.
João Gaveta frequentava o clube diariamente e seguia o Palmeiras em todas as modalidades, do futebol ao hóquei. Personagem folclórico, superou as próprias limitações para ser considerado o torcedor-símbolo, com permissão para viajar com a delegação e acesso ao vestiário. Ele morreu em 1984 e foi enterrado ao lado de dois ex-jogadores no túmulo oficial da agremiação.
O imigrante italiano protagonizou confusões memoráveis no antigo ginásio, algumas durante jogos de basquete. Já colocou fogo em uma bandeira do rival Corinthians e costumava invadir a quadra para rasgar a súmula quando o Palmeiras estava perdendo.
“Com o surgimento das torcidas organizadas, sumiu a figura do torcedor-símbolo, antes comum em vários clubes, mas o João Gaveta foi um personagem muito marcante na história do Palmeiras. Então, a iniciativa de homenageá-lo com essa bandeira deve ser louvada”, disse Mazza.
Algumas federações chegaram a banir João Gaveta oficialmente de suas competições. Os árbitros de basquete costumavam procurar por Mazza com a finalidade de pedir para o então armador tranquilizar o amigo antes das partidas e evitar contratempos.
Trinta anos após a morte de João Gaveta, o moderno ginásio remodelado pela WTorre continua sendo palco de confusões. Na 14ª rodada do NBB, com as luzes misteriosamente apagadas, o trio de arbitragem foi agredido após a derrota do Palmeiras diante do Minas, incidente pelo qual o clube acabou punido.
“O Palmeiras carrega uma tradição enorme no basquete e muitos torcedores que vêm aos jogos hoje são filhos do pessoal que acompanhava antigamente, é gente que adora o esporte. Não tem como tirar essa alma do clube. Então, às vezes alguém extrapola. Mas estamos em um ambiente para 2 mil pessoas, e precisa se comportar”, disse Mazza.
O maior trunfo do time comandado pelo técnico Régis Marelli no NBB é jogar como mandante. Das 13 vitórias em 30 partidas alcançadas na primeira fase do torneio, apenas três vieram fora de casa, uma delas contra o Pinheiros, também na capital paulista.
Celso Mazza defendeu o Palmeiras ao lado de nomes como Oscar, Carioquinha, Ubiratan, Gonzalez e Ghermann na época em que o clube, seguido de perto por João Gaveta, brigava por títulos no basquete – nos anos 1980, ainda assumiu como técnico. A presença da agremiação no NBB, iniciada em 2012, é motivo de orgulho para o antigo armador.
“Eu realmente fiquei muito contente e tenho acompanhado as partidas no ginásio”, contou Mazza, morador das imediações do clube. “O NBB tem alguns times com investimento alto e é difícil competir, mas o Palmeiras vem evoluindo e está no caminho certo”, afirmou.
Palmeiras treina para enfrentar Franca nas oitavas do NBB sob os olhares do torcedor-símbolo João Gaveta
O Palmeiras foi derrotado pelo Franca nas duas primeiras partidas das oitavas de final do NBB e, para evitar a eliminação no torneio nacional, precisa vencer o confronto desta quarta-feira. Contemporâneo de João Gaveta, Celso Mazza ainda acredita em uma virada.
“O Palmeiras fez uma boa campanha na primeira fase e é forte dentro de casa. Ficou em nono, mas poderia muito bem ter terminado em sétimo ou sexto. O playoff é sempre uma incógnita. Não podemos esquecer que no último campeonato o Mogi se classificou como 12º lugar e chegou até a semifinal”, lembrou.
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