Faz o nome! Dudu se inspira no xará para recolocar o Palmeiras na final

Dudu, volante e ídolo dos anos 1960 e 1970, teve um histórico de títulos e vitórias sobre o arquirrival no Verdão. Tudo o que o camisa 7 deseja a partir deste domingo

Dudu comemora um de seus cinco gols pelo Verdão. Tem mais no Dérbi? (Foto: Ale Cabral)



Durante 12 anos, o nome Dudu era parte fundamental de um Palmeiras que brilhou, com bom futebol, títulos, e domínio sobre o Corinthians nas Academias, das décadas de 1960 e 1970. Neste domingo, contra o Corinthians, pela semifinal do Paulistão-2015, o atacante homônimo começa a cavar o seu lugar na história alviverde, tendo de bater o maior rival para recolocar o Verdão na final.



Dudu foi a contratação mais impactante de 2015. Até agora, foram só 15 jogos pelo clube de Palestra Itália, mas tempo suficiente para o camisa 7 buscar inspiração na história do ex-meio-campista e xará no clube.



– Já vi quadros dele na Academia. Fiquei sabendo que foi um grande jogador, que conquistou muitos títulos. Espero que o meu nome possa ser lembrado, como o dele é lembrado ali, para assim ficar marcado – ressaltou o camisa 7, ao LANCE!.



O ex-volante formou com Ademir da Guia a dupla mais entrosada e famosa da centenária história palmeirense. “Donos” do meio de campo alviverde naquela época, os dois enquanto jogaram pelo Palmeiras nunca viram o arquirrival ser campeão – Dudu atuou entre 1964 e 1976, o Divino entre 1962 e setembro de 1977, enquanto o Corinthians ficou entre 1954 e outubro de 1977 sem levantar taças. Ter sua história lembrada por um jogador do Verdão é algo que orgulha o ídolo Dudu, de 75 anos.

– Isto nos deixa contentes, pelo menos muitos jogadores nos respeitam por aquilo que fizemos – disse.



Depois de 30 anos do Dérbi mais marcante para o ídolo (leia mais abaixo), o Palmeiras tenta voltar a uma final no Paulista. Para isto, terá de encerrar, também, uma série de nove jogos sem vitória no clássico.



O atacante Dudu, que na primeira fase jogou apenas um tempo na derrota por 1 a 0 para o Alvinegro, não se intimida com a marca negativa. Em relação ao jogo passado, ele aposta em um time bem diferente.



– (Em fevereiro) Nossa equipe ainda estava em formação, não estava bem entrosada, tinha muitos jogadores que não tinham estreado, outros estavam se conhecendo. No domingo o time vai estar mais entrosado, focado, e eu estou bem, também, fisicamente, estou bem focado no nosso objetivo de fazer um grande jogo – avisou o jogador.



Com a camisa 7 de outro ídolo, Edmundo, e animado pela história do xará Dudu, o rápido atacante quer ficar marcado nas paredes do Allianz Parque, como esta dupla. Derrubar os jejuns no Dérbi e recolocar o Palmeiras na briga por um título é um grande passo para isto.



CONFIRA UM BATE-BOLA COM DUDU, ATACANTE DO VERDÃO:



Você considera que o Palmeiras é o melhor time do Brasil?



Para mim, sim. Eu tenho que sempre estar com o meu time, estar confiando e acreditando no meu time, e o melhor elenco é, sim, o do Palmeiras.



Considera que os elogios sobre o Corinthians estão exagerados?



O time deles está bom, vem jogando bem, mas o nosso também, vem crescendo na competição. Domingo é um jogo completamente diferente, uma semifinal que precisamos buscar passar, precisamos buscar este título, que faz tempo que o Palmeiras não conquista. Tenho certeza que poderemos fazer um grande jogo.



Tem algum clássico Palmeiras x Corinthians que lhe marcou, como alguém que gosta de futebol?



Eu vi um que acho que foi 3 a 0, no Morumbi (em 2007). O Edmundo fez gol... Eu até lembro que cruzaram uma bola para ele, ele matou no peito e finalizou (a assistência foi de Valdivia). Lembro desse jogo, espero que a gente possa repetir (risos). Se for de 3, ou 1 ou meio a zero, que o Palmeiras possa sair classificado hoje.



O Edmundo usava a mesma camisa que você, a 7. Ele é, também, uma inspiração para você?



Acho que sim, vi o Edmundo jogando no Palmeiras, no Vasco. Aqui ele fez muitas coisas boas, espero chegar perto do que ele fez aqui, também.



O Dudu é outra inspiração?



Sim, nos inspiramos sempre nos melhores, e ele foi um dos melhores que já passou por aqui, fez grande história. Espero ter meu nome ali na parede, também, daqui a alguns anos, na sala do presidente, para poder ser sempre lembrado aqui.





Dudu aposta em um bom futuro para o camisa 7 (Foto: Miguel Schincariol/LANCE!Press)



CONFIRA UM BATE-BOLA COM DUDU, EX-VOLANTE E ÍDOLO DO CLUBE:



Dudu nos disse que você é um exemplo para ele. Qual sua opinião sobre o atacante, também?



Ele é um garoto que promete bastante, que tem uma vida de esportes toda pela frente. É só ele manter um bom ritmo, ter uma vida particular regrada, e se preocupar com a profissão de atleta profissional.



Quando você jogava, o Corinthians sofria com o Palmeiras. O que lembra deste período?



Era uma época diferente de hoje, o Corinthians queria ser campeão de qualquer maneira, e os dirigentes compravam qualquer jogador. Nós tínhamos uma equipe montada. Hoje está ao contrário. O Corinthians está montado, e o Palmeiras na esperança de ser campeão. São fases diferentes.



Por que acha que hoje se inverteram os papeis entre os clubes?



Anteriormente, sempre ficávamos na frente do Corinthians. Ficamos atrás do Santos, em tese, mas sempre na frente do Corinthians. Só que futebol é assim. Com o trio de ferro, cada ocasião é um que está na frente.



Qual sua opinião sobre o atual time do Palmeiras?



O time está crescendo, encorpando, mas a gente não sabe até onde vai para ser campeão. É difícil prever algo. A gente espera que o Palmeiras possa fazer uma grande partida e consiga vencer o Corinthians.



Tem palpite para este Dérbi?

É um jogo difícil, o Palmeiras vai ter de se superar. Chegará uma hora em que o Palmeiras vai ficar igual ao Corinthians, ou até passar. O clube está se reestruturando e isto é muito bom. Se não for este ano (campeão), pode ser no próximo.



HÁ 30 ANOS NO DÉRBI...Título com desmaio de Dudu e provocação ao rival



Rivellino e Leivinha durante a final de 74 (Foto: Acervo/Gazeta Press)



O título paulista de 1974 foi um dos mais marcantes das Academias. Palmeiras e Corinthians disputavam a decisão, e os times ficaram no empate no primeiro jogo, em 1 a 1. A derradeira partida no Morumbi, com grande maioria de corintianos, terminou vencida pelo Verdão por 1 a 0, com gol de Ronaldo, mas Dudu foi um dos destaques naquele embate.



Já atrás no placar, o Timão teve uma falta em seu favor. Rivellino acertou um forte chute, que parou na barreira, mais especificamente em Dudu. O volante se colocou na frente da bola, mas o impacto o fez desmaiar.



O jogador saiu do gramado para ser atendido, e pouco depois o rival teve uma nova falta a seu favor. Rivellino se preparava para bater, e o técnico palmeirense, Oswaldo Brandão, deu leves tapas no rosto de Dudu, e o mandou para campo, ainda tonto. O meio-campista não se abateu e foi para a barreira mais uma vez. Nesta nova infração, Rivellino preferiu cruzar a bola em vez de chutá-la.



Mais do que o título, o triunfo do Verdão prolongou o jejum de 20 anos sem taças do Corinthians. A torcida do Palmeiras, em menor número no estádio, começou a cantar: “zum, zum, é 21!”, lembrando que a fila do seu maior rival entraria no 21º ano.



Em entrevista ao LANCE! para o centenário do Verdão, no ano passado, Dudu disse que este é o seu jogo mais marcante pelo clube. Esta foi sua penúltima taça como jogador (ele venceria a Ramon de Carranza, em 1975). Como técnico, ele ainda venceu o Paulista de 1976 no clube.

4212 visitas - Fonte: Lancenet!