Oswaldo, Maxi e X-Burguer com salsicha

20/4/2015 13:54

Oswaldo, Maxi e X-Burguer com salsicha

Oswaldo, Maxi e X-Burguer com salsicha

Cesar Greco / ag. Palmeiras / divulgação



O Bar do Rafa fica em uma pequena avenida na cidade de Franca. Tem as paredes pintadas de verde, uma moça muito bonita do lado de lá do balcão e um X-Burguer que vem com salsicha, ovo e maionese abundante. Cerca de 70 palmeirenses se reuniram lá neste domingo para Palmeiras x Corinthians. Horas antes, parte destes estava com este Periquitão no ginásio Pedrocão, para Palmeiras x Franca. Duas decisões para o mesmo domingo.



Não poderei esquecer o Bar do Rafa, lugar de gente muito receptiva onde assisti um Derby (e comi um lanche) para a posteridade. Partimos, eu e quatro amigos, da porta do Palmeiras às quatro da manhã. Cinco horas (e cinco multas) depois estávamos, sem cerimônia nem convite, dentro do hotel do nosso time de basquete, dando bom dia e olhando o café da manhã da rapaziada, ou rapazeada, não sei. Esta relação, impossível no futebol, é um barato. Me preocupei, contudo: via indivíduos, não um time.



Vivi a derrota mais dolorida e a vitória mais saborosa na cidade de Franca.



Despedida



Fomos eliminados do NBB e demos adeus ao sonho sul-americano. Em quadra, vimos exposto o esgotamento de relacionamento de um grupo que conseguiu um último esforço no jogo 4 da quinta-feira, mas que já não conseguia trabalhar por um objetivo comum em harmonia. Maxi Stanic era diferente: era um caso de esgotamento físico. Terminou o jogo sem a coxa direita e com pontos na cabeça devido a uma pancada. Se tivesse mais alma pra dar, ele daria.



Nunca Maxi Stanic foi tão querido na carreira, e nunca uma camisa gostou tanto de um jogador como a nossa camisa gostou de Maxi Stanic. Descobrimos isso tarde, nos seus últimos anos de carreira, mas deu tempo deles, camisa e Maxi, se conhecerem e sonharem juntos. Nosso mundo foi suficiente para ele ser feliz, e a troca foi justa. Maxi entra em uma lista muito restrita, é um caso raríssimo de completa personificação de um afeto.



Voltou do ginásio e já estávamos à espera, no hotel. Cabeça enfaixada, sem camisa, mancando e com os olhos inchados de chorar. Eu não quis uma foto naquele estado, mas sim um beijo e um abraço. Vai fazer uma falta desgraçada, o Maxi. Quanto ao resto do time, vamos respirar por uns dias e entender certas coisas. Periquitão de olhos abertos.



O clima estava bastante triste quando a bola rolou em Itaquera.



Oswaldo



Seria preciso ver o teipe para falar com mais propriedade de questões táticas. Não o fiz ainda. O que sei é que Oswaldo de Oliveira, desde o começo do ano, mexeu pouco, quase nada, na forma do time jogar. Parecia não ter variação. Era engano meu. O segundo tempo palmeirense, excelente e corajoso, está na conta de O.O.



Se Valdívia ficou insatisfeito, eis então mais uma evidência dos acertos do técnico.



É claro que eu tremi quando Gabriel virou lateral direito, pois de improviso já bastava Wellington na esquerda. Saiu o lateral e entrou um meia, e que partidaça do Cleiton Xavier. Depois sai o Wellington, vem o Kelvin, e vem o Jesus e sai o "Mago", nenhuma troca óbvia, nada previsível, nada manjado. Muita movimentação, sem centroavante fixo, Dudu muito acionado, bola bem tratada, e o Tite tirou o Love e colocou Elias, volante, respeitou e tomou o gol mais merecido do ano.



Correr riscos é parte indispensável do futebol. Oswaldinho se propôs a correr, e construiu assim o gol contra o time grande que mais abusa da catimba e do jogo sujo (chamado por aí de fair play) que eu já vi por aqui.



Gol de quem todos queriam substituído, eu incluso. Que todos pensaram que viraria o nove centralizado, eu incluso, mas não virou. O Palmeiras mostrou uma riqueza de repertório surpreendente, e muita lucidez, paciência, propósito. Parabéns ao Oswaldo.



Pênalti



O Robinho bateu tão alto, mas tão alto, que encobriu o Rogério Ceni. O Cássio me mete um medo danado e eu achava que pegaria ao menos um. Sentia organismo e mente preparando-me, sem meu aval, para absorver a ideia de que puxa, perdemos, mas o importante é que vimos um time. É terrível mesmo decidir em pênaltis, mesmo para quem tem o Marcelinho em 2000 para recordar.



Foram, ao todo, 19 horas de Palmeiras, da saída da porta do clube até a chegada de Franca. Antes mesmo do domingo amanhecer meu novo amigo de momentos de ansiedade, a queimação estomacal, já estava presente, mas a volta foi tranquila e silenciosa para nós cinco dentro daquele carro vermelho. Era cansaço, mas também reflexão. Talvez doa demais ver a reconstrução no basquete. Talvez estejamos reaprendendo a ganhar clássicos e campeonatos.



A rua do Bar do Rafa foi ocupada e os carros e motos, embandeirados e buzinando, brotavam dos dois lados. Um cenário clássico, eu sei, mas nem tanto para um tipo como meu, que mora do lado do estádio e precisa, de tempos em tempos, relembrar o que isso representa para deixar de ser bobo. Aquela rua era como a Turiassu, que é como qualquer outra rua de qualquer outra cidade onde as pessoas vivem e se juntam por algo em comum, e isso não é pouca coisa.



Fomos até lá para ver um jogo de basquete e vimos mais um retrato, interiorano e simples, do tamanho e da intensidade dessa nossa gente. Parte do nosso lado fez um papel péssimo após o jogo no ginásio promovendo um corre-corre no espaço da torcida do Franca, e isso tem que ser dito. Às 18h10, naquele lusco-fusco, éramos as pessoas mais felizes de Franca. Na verdade, do mundo por alguns minutos.



Um abraço na moça bonita do outro lado do balcão, outro para o Elias, e tchau.







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