Tudo (quase) em seu lugar

21/4/2015 12:23

Tudo (quase) em seu lugar

Tudo (quase) em seu lugar

Domingo, 4 da tarde. Eu deveria estar em casa, parado e surtando em frente à TV, mas estava entrando no carro, indo atrás de alguém para me ajudar a colocar o portão de casa no lugar. O mundo parecia virado de pernas para o ar e o dérbi pela semifinal do Paulistão parecia estar em trigésimo plano, depois de corroer minhas entranhas durante toda a semana – mas ali estava eu, no carro, procurando algum boteco aberto nas redondezas de casa com alguns sujeitos fortes na tentativa de uma gambiarra.





O caso começou no sábado à tarde. Enquanto lavava a louça do almoço e rascunhava em minha mente o texto anterior deste blog, sobre a necessidade de o Palmeiras ser grande na Arena Corinthians, minha mulher pediu que fosse ao mercado comprar ovos, açúcar e mais alguma coisa para fazer um bolo de fubá. Terminei com a louça, tomei um banho, entrei no carro, acionei o controle do portão e... nada. Não eram as pilhas o problema, já que a luz do controle acendia, mas o danado não subia. Enquanto pensávamos em como abrir o portão manualmente, minha tia chegou, peguei o carro dela e deixei o problema eletrônico para depois. O bolo foi feito, comido junto com o café da tarde, esta sagrada instituição que substitui o jantar no interior, as visitas foram embora e o caso do portão ficou para o outro dia.





Publiquei o texto, anunciei nas redes sociais, dormi, tive vários pesadelos. Na manhã de domingo, lá pelas 10, resolvemos ver o que fazer com o portão. E depois de uma série de bobeadas e decisões equivocadas, aperta daqui, desparafusa dali, empurra acolá, que mais pareciam uma escalação de Dorival Júnior cheia de Wesleys e Márcios Araújos, o portão terminou encostado a uma parede, com a garagem escancarada e um enorme ponto de interrogação em minha cabeça (junto com o galo provocado pelo portão que em certo momento caiu sobre ela): o que eu faço agora?





Na falta de opção melhor, lá pela 1 da tarde (vejam como o tempo passa rápido) achei o telefone de um marido de aluguel, esta incrível invenção da humanidade para tempos modernos em que homens como eu mal sabem manusear uma chave de fenda ou um martelo. Mas o rapaz, sr. Petrucio, prometeu chegar apenas por volta das 14h. Então almocei, com um olho no peixe e outro no gato, ou melhor, um na parmegiana e outro no portão escancarado, para evitar que alguém entrasse aleatoriamente na casa.





E o tempo foi passando, e nada do sr. Petrucio aparecer. Liguei uma vez, por volta das 15h, e ele me disse que estava deixando um parente na rodoviária e já chegaria. Mas esse "já chegaria" sabemos como funciona, e foi por isso que às 4 da tarde, quando soava o apito inicial em Itaquera, eu estava no carro em busca de gente forte e pensando “Tá que eu vou arrumar alguém”. E então o guarda da rua, essa outra instituição puramente interiorana, apareceu e disse que mais tarde chamaria o guarda da outra rua e a gente faria um tour de forte para tentar recolocar o portão no lugar.





Então espocam rojões, ouço ao longe gritos de gol. A minha primeira opção é pensar em gol rival, mas corro até o tablet, abro as redes sociais e vejo que não, gol do Palmeiras, puxa vida, Victor Ramos, nunca cornetei, maior zagueiro do mundo, nossa muralha tatuada. E quando penso em ligar a TV, já com o estômago em frangalhos, o sr. Petrucio chega. Vou até a garagem, explico o caso, conversamos e ele "Bom, pelo menos o jogo do Santos ainda não começou". Mas o portão é pesado demais para nós dois, e aí recorro ao vizinho, Cléber (ou seria Kléber, perguntarei assim que puder), que havia oferecido ajuda mais cedo. Toco a campainha, a mulher dele diz que está assistindo ao jogo e sofrendo, pois é corinthiano, mas vai chamá-lo, e ele, melhor vizinho do mundo, vai até lá nos ajudar.





E estamos os três na lida, empurra ali, arrasta aqui, quando novos rojões são estourados – e, como os gritos soam diferentes, parecem vindos de lugares diferentes, já imagino o pior. Dito e feito, lá na sala, com a TV ligada, minha mulher confirma o gol de empate dos alvinegros. Kléber (ou Cléber) brinca, diz que ficará segurando o portão até o fim do jogo, rimos os dois, tensos. A força maior já foi feita e o trabalho do sr. Petrucio já estava no fim quando há novos rojões, a virada deles. Sr. Petrucio termina o serviço, o portão está remendado, não dá para colocar o carro na garagem mas ao menos podemos encerrar o serviço de vigilância.





Obrigado, (K)Cléber, ainda temos 45 minutos e talvez pênaltis para resolver o caso, até a próxima, precisamos chamá-los para uma pizza qualquer dia desses, será que eles jogam baralho? Subo para a sala e posso dedicar 100% do meu nervosismo ao Palmeiras. E haja nervosismo com Dudu acertando a trave, o ainda irritante excesso de toques bonitos, os contra-ataques quase mortais do outro lado, como assim o Kelvin de lateral aos 20 minutos, o Oswaldo enlouqueceu? GOL GOL GOL EMPATAMOS ESSA JOÇA RAFAEL MARQUES NUNCA CORNETEI O EVAIR DO SÉCULO 21, vamos para cima que pênalti é coisa do capeta, mas como se estamos sem defesa? ufa, acabou, seja o que Deus quiser.







4791 visitas - Fonte: Blog Corneta & Amendoi

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