Acervo/Gazeta Press
Foto do jornal A Gazeta Esportiva mostra gol marcado por Romeiro (no detalhe) no Super Paulistão 1959
Com um gol de falta de Romeiro, o Palmeiras conseguiu em 1960 o que os comandados de Oswaldo de Oliveira tentarão diante do Santos nos dois próximos finais de semana. O ex-jogador, herói da última final de Campeonato Paulista entre os dois times, frequentou o clube alviverde até o final da vida e foi enterrado no túmulo oficial.
A edição de 1959 do Estadual, encerrada apenas em janeiro de 1960, foi uma das mais importantes da história. Com os mesmos 63 pontos, Palmeiras e Santos terminaram empatados. Assim, três jogos entre os rivais no Estádio do Pacaembu decidiram o torneio, conhecido como Super Campeonato Paulista.
Nas duas primeiras partidas, a igualdade permaneceu (1 x 1 e 2 x 2). O terceiro e decisivo confronto contou com quatro campeões mundiais pela Seleção na Copa 1958: os santistas Zito, Pelé e Pepe e o palmeirense Djalma Santos – o craque Jair da Rosa Pinto, vice em 1950, estava no Peixe. Quem brilhou, no entanto foi Romeiro.
O Santos saiu na frente com Pelé, mas o Palmeiras empatou por meio de Julinho Botelho, que aproveitou rebote de chute desferido por Romeiro. Aos 13 minutos do segundo tempo, Zequinha sofreu falta de Zito. Romeiro bateu com precisão e garantiu o título ao Palmeiras.
A cobrança surpreendeu o goleiro Laércio. “O segundo gol do Palmeiras foi impressionante. Quando vi a bola, ela já estava nas redes. Pensei que tivesse saído. Como bate falta, esse rapaz!”, disse o santista, “algo nervoso”, de acordo com a edição de 11 de janeiro de 1960 do jornal A Gazeta Esportiva.
Na prática, além de encerrar um jejum de oito anos sem conquistas do Palmeiras, o título de 1959 impediu o penta estadual do Santos de Pelé, ganhador das edições de 1958, 1960, 1961 e 1962 do torneio. O herói do Super Campeonato Paulista é o personagem da biografia “Romeiro – O Sputnik Brasileiro”, lançada por Antônio Carlos Meninéa em 2004, com o selo O Artífice Editorial.
“O Romeiro chutava bem com as duas pernas e costumava cobrar as bolas paradas. Ela saía com tanta velocidade, que pegava um pouco de efeito. Não era reta, vinha meio enviesada. Parecia realmente um foguete”, disse Meninéa, explicando a associação entre o apelido do jogador e o nome do satélite criado pelos soviéticos no final dos anos 1950.
Revelado no América-RJ, Romeiro viveu o auge no Palmeiras, clube pelo qual anotou 62 gols em 114 partidas de 1958 a 1962. Ele participou do primeiro título nacional do clube ao marcar nos dois jogos da final da Taça Brasil 1960 diante do Fortaleza e foi vice-campeão da Copa Libertadores 1961 contra o Peñarol.
Autor de 45 gols na temporada de 1959, Romeiro é superado apenas por Evair (53 gols em 1994) como jogador que mais marcou pelo Palmeiras no mesmo ano. Na lista de maiores artilheiros do clube, é o 34º. Consagrado como ponta-esquerda, ele tinha a versatilidade como uma de suas marcas, conta o biógrafo.
Fernando Dantas/Gazeta Press
Ex-atletas Romeiro e Villadoniga estão no túmulo com torcedores João Gaveta e Cléo e diretor Onofre Mazza
“O Romeiro foi um dos primeiros jogadores polivalentes do futebol brasileiro. Começou no América-RJ no meio-campo, mas atuou em todas as posições ao longo da carreira, ofensivas e defensivas. Só não encontrei registro dele como goleiro”, contou Meninéa, flamenguista de coração.
Após a passagem bem-sucedida pelo Palmeiras, José Romeiro Cardoso brilhou no futebol colombiano. Com a camisa do Millonarios, conquistou o bicampeonato nacional em 1963 e 1964. O atleta ainda passou por Deportivo Cali e Junior de Barranquilla antes de encerrar a carreira, em 1968.
Romeiro foi campeão paulista juvenil como técnico pelo Palmeiras em 1972 e atuou como auxiliar de Carbone em 1986, ano em que o time perdeu o Campeonato Paulista para a Inter de Limeira. Desde então, decidiu se afastar do futebol, mas permaneceu próximo ao clube de coração.
Morador das imediações do Palmeiras, Romeiro frequentou o clube como associado de maneira assídua até o fim de sua vida. Em 2008, aos 74 anos, acabou vitimado por um infarto e foi enterrado no túmulo oficial do clube, localizado no Cemitério Araçá, a poucos metros do estádio em que fez história.
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