Ilustrações de Zé Roberto e Ricardo Oliveira, pastores de Palmeiras e Santos (Foto: Henrique Assale)
“Escolham homens sábios, criteriosos e experientes de cada uma de suas tribos, e eu os colocarei como chefes de vocês.”
Paulo Nobre e Modesto Roma Júnior, presidentes de Palmeiras e Santos, nunca falaram publicamente sobre religião, mas é bem possível que tenham levado em conta a passagem bíblica acima (Deuteronômio 1:13) quando contrataram Zé Roberto e Ricardo Oliveira para essa temporada.
Mais do que um lateral de qualidade e um atacante goleador, o Verdão e o Peixe ganharam líderes, que usam experiência, oratória e pregação religiosa para comandar as equipes finalistas do Paulistão.
Em pouco tempo de clube, a dupla ganhou respeito e confiança dos companheiros e passou a ser reconhecida por seus técnicos não só pelo bom futebol, mas por também decidir fora dos gramados.
Zé Roberto, que já ministrou cultos evangélicos, mas só quer se dedicar à carreira de pastor após pendurar as chuteiras, mostrou seu cartão de visitas logo no primeiro jogo do ano. No vestiário, o lateral-esquerdo fez um discurso inflamado, exaltando a história e a grandeza do Palmeiras, que motivou jogadores, membros da comissão técnica e até dirigentes, e fez sucesso ao ser divulgado na internet.
– Fiquei arrepiado! – revelou o técnico alviverde, Oswaldo de Oliveira.
Tendo como referência Martin Luther King, norte-americano que foi um dos maiores ativistas do movimento negro, o jogador de 40 anos atua como conselheiro de jovens jogadores do Verdão e, no último domingo, deu mais uma prova do por quê é o capitão palmeirense. Mesmo machucado, Zé foi para a Arena Corinthians, recebeu os companheiros no vestiário, cumprimentou um a um, participou da preleção e esteve na festa da classificação à final.
Oliveira, de 34 anos, age de forma semelhante. Pastor da igreja Assembléia de Deus, ele costuma fazer pregações ao elenco, sempre colocando religiões de lado, para que todos sintam-se tocados por suas mensagens.
– Sou católico, mas gosto de ouvir o Ricardo falar e da presença do grupo, que se reúne para os cultos – conta Chiquinho, lateral do Peixe.
O camisa 9 não é capitão do Santos, mas sua liderança veio naturalmente. Hoje, por exemplo, costuma receber jovens, como Gabigol e Geuvânio, em seu quarto na concentração em busca de conselhos.
Com a fé na vitória inabalável, os veteranos estarão frente a frente neste domingo, na primeira final do Paulistão. Zé Roberto e Ricardo Oliveira são os pastores de Palmeiras e Santos. A um deles o título não faltará.
- Com a palavra: Oswaldo de Oliveira, técnico do Palmeiras
"Zé é referência até para a comissão"
O Zé é uma liderança, uma referência, um ponto de apoio, não só para os jogadores, mas para a própria comissão técnica. É um gabarito, alguém muito importante. Domingo (no Dérbi) sabíamos que ele não ia jogar, mas convoquei assim mesmo, e ele esteve conosco no vestiário o tempo todo, participou da preparação, da comemoração. Esta é a importância dele.
- Com a palavra: Lucas Lima, meia do Santos, ao LANCE!
"Ricardo tem o dom da palavra!"
A gente faz as reuniões sempre. O Ricardo é um cara abençoado e tem o dom da palavra. O Zé Roberto também, pelo que vemos. Deus tem abençoado as duas equipes, mas dentro de campo tem que ser melhor para sair vencedor.
Nossa união fora de campo ajuda. A concentração é alegre e todos têm orgulho de estar aqui pela superação das dificuldades.
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