Marcelo Fernandes, durante treino do Santos (Fotos: Ricardo Saibun/ Santos FC)
Desde que passou a ser técnico do Santos, Marcelo Fernandes vive cada semana como a mais intensa de sua vida. Sem querer esconder, ele admite que os dias que antecedem a final serão os mais tensos já vividos por ele.
Em sua última entrevista coletiva antes do primeiro jogo da final do Paulistão, contra o Palmeiras, ele tentou não se mostrar tão apreensivo, mas não escondeu seu agitado estado emocional quando algumas perguntas o contrariavam.
– Ninguém monta time em função de nada. Montamos o nosso. Saiu notícia de que o Valdivia não vai jogar. Da mesma forma que estamos trabalhando, trabalham lá. Estamos com problemas médicos e tem de esperar. Não é que estou melindrado ou quero esconder. É necessidade! – bradou ao ser questionado sobre mistério na escalação.
Segundo Axel ex-volante, seu companheiro de infância e de Santos na década de 90, o mau-humor neste momento não é surpresa.
– Conhecendo o Marcelo como conheço, sei que será difícil arrancar um “bom dia” dele. Se ele acordar às 8h, vai dizer só às 10h – falou aos risos, acrescentando que sempre viu no amigo um um líder com espírito competitivo vencedor.
No antigo Parque Antártica, hoje Allianz Parque, Marcelo nunca saiu vencedor como jogador do Peixe. Já como técnico, as lembranças do rival são melhores. Foi vencendo o Verdão por 2 a 1, na Vila Belmiro, que ele deixou de ser interino foi efetivado no cargo de treinador.
Desacreditado até pouco tempo atrás, o comandante alvinegro chega à final como surpresa, tendo a perseverança como cartão de visitas. Se depender da insistência e das cartas na manga dele, o Santos de Marcelo pode continuar surpreendendo. Como ele mesmo diz...
– Está dando certo!
- Com a palavra: Rui de Rossis, ex-dirigente e jogador
Ele tem perfil de técnico e de vencedor
Eu levei o Marcelo para a Portuguesa Santista quando ele tinha 20 anos e nem jogador de base era. Nunca tinha jogado na base. Mas eu via na rua que ele tinha talento e pegava bem na bola.
Pelo tamanho e pela força, ele começou como zagueiro e deu muito certo. Tanto que o Santos o levou. Tinha gente querendo levá-lo para o Genoa, da Itália, mas ele quis jogar no Santos. Era o sonho dele de infância. Ele sempre carregou essas características, mostrava perfil de técnico e de vencedor.
Eu disse para ele há três anos, que ele deveria seguir carreira de treinador. No começo ele não botou fé. As características dele eram de um jogador que aprendeu na rua, de perseverança, de não aceitar desaforo. Voltava para a casa com o dedão esfolado e gostava disso. Vou torcer para que ele seja campeão.
- Com a palavra: Axel, ex-jogador do Santos
Tinha garra para jogar até no showbol
Como jogador o Marcelo sempre foi técnico, era zagueiro que sabia sair jogando. Não tinha tanta velocidade, mas tinha habilidade. Visão ele tinha, mas mobilidade não. No fim, isso tudo compensava. Ele tem perfil do cara vencedor. Não aceita derrota em hipótese alguma, era sempre assim. Mesmo no showbol, que era uma coisa mais descontraída, ele tinha perfil e garra de vencedor.
Ainda vejo isso no Marcelo, ele mantém a mesma postura dos nossos tempos de jogador. Na nossa época, no começo de 90, o Santos também não tinha dinheiro, era um período de vacas magras. E o Santos apostou na gente. Só conheço um Marcelo, do mesmo perfil de quando era jovem. Era um cara que brigava, chato no bom sentido e sempre queria vencer. Não é diferente de hoje. É um líder nato. Merece vencer.
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