O mistério que cercou as escalações e treinos de Palmeiras e Santos para a final do Paulista tinha objetivo claro: surpreender. Se o “nó tático” de Oswaldo em Tite e a rápida transição santista eram armas conhecidas, nada melhor que esconder os preparativos da semana.
Oswaldo voltou ao time que venceu o Botafogo-SP por 1x0: Leandro Pereira na referência do 4-2-3-1 com Robinho, Dudu e Rafael Marques logo atrás. Com a saída precoce de Arouca, o técnico palestrino puxou Robinho pra trás e posicionou Cleiton Xavier na linha de meias. Sem Robinho, o técnico santista colocou Chiquinho como meia pela esquerda do imutável 4-2-3-1 santista.
Aproveitando o recorde de público em casa, o Palmeiras começou propondo. Ou melhor, atacando. Esse termo - “propor o jogo” - é novo, mas diz muito sobre o futebol. Quem propõe sai com a bola da defesa pro ataque em orientação vertical, procurando os espaços. Isso faz o adversário reagir - por isso o termo “jogo reativo” com o contragolpe.
Nesse jogo de quem tem a bola e quem a rouba mais, o Palmeiras usou Dudu como um “ponta antigo”: todo lançamento ou inversão de jogo procurava o camisa 7, que já partia para o drible ou a corrida. Meia mais agudo do 4-2-3-1 palmeirense, é ele que puxa contragolpes e as tabelas - observe que sempre tem um lateral ou outro ponta por perto, para Dudu tabelar.
Não funcionou muito, é verdade….mas criou várias chances ofensivas no primeiro tempo. O gol de Leandro, por exemplo, saiu após jogada pelos lados, com Cleiton acionando Lucas (Robinho estava impedido, mas o lance foi legal!) e jogou no primeiro pau. Igualzinho ao Botafogo-SP.
O Santos, como era de se esperar, veio mais recuado, procurando reagir ao ataque verde. Toda vez que o time ia sair, Lucas Lima, abusando de sua inteligência e técnica, recuava e iniciava a transição do Santos - os volantes, que foram mal, não participavam. Assim que carregava, o camisa 20 corria em diagonal, confundindo a defesa do Palmeiras - explicando as 6 finalizações santistas no primeiro tempo.
No segundo tempo de técnicos expulsos, a tônica do jogo não se alterou: Palmeiras com a bola, Santos procurando sair rápido com Lucas e Geuvânio. Mesmo com a bola, o time mandante não conseguia penetrar nas linhas santistas, que vieram mais compactas do que o costume. Sabe o que furou elas? A recuperação de Rafael Marques e o lançamento para Leandro….pênalti, Paulo Ricardo expulso e Dudu jogando na trave.
O líder David Braz foi claro: “vamos fechar duas linhas!”. E assim o Santos jogou com 1 a menos. Oswaldo, lá na torcida, reagiu: tirou Leandro, jogou Gabriel e Kelvin no jogo e emulou o 4-2-4-0 contra o Corinthians.
Ué, mas como tirar o centroavante precisando fazer gol? A chave é a movimentação: pra furar uma defesa, é preciso tirar os jogadores de seu lugar. Isso abre espaço, e espaço é tudo no futebol: ele decide se um jogador tem condições ou não de finalizar, decide se o goleiro consegue pegar um chute….e foi o que o Palmeiras fez: tentou abrir espaços.
A vantagem é pequena? Poderia ter sido mais? Tinha como ser 3x0? Vitória é vitória. E é uma baita de uma vantagem. E o Santos, que contará com Robinho na Vila, está vivo. Domingo que vem é dia de saber o campeão paulista de 2015.
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