Leandro Amaro hoje é capitão do ABC e está na final do Campeonato Potiguar
Se tem alguém que já viveu de tudo um pouco é o zagueiro Leandro Amaro dos Santos Morais Ferreira, mais conhecido apenas como Leandro Amaro, revelado pelo Cruzeiro e com passagem pelo Palmeiras entre 2010 e 2013. Hoje jogando pelo ABC e na final do Campeonato Potiguar, o defensor de 28 anos lutou contra urubus em caixas d'água, escapou da fúria de torcedores graças ao amigo "Mike Tyson", quase foi jogar em um gigante do futebol alemão e, mais recentemente, anotou até um hat trick.
Os combates contra os urubus aconteceram durante a adolescência, quando o atleta natural de Campinas, interior de São Paulo, trabalhava limpando caixas d'água e caixas de gordura em troca de um lanche de mortadela e um copo de refrigerante, para matar a fome antes de ir treinar, e R$ 10 para ajudar seus pais e seus quatro irmãos.
O problema era enfrentar os "hóspedes indesejados".
"Uma vez fui limpar uma caixa d'água e tinha uma família de urubus morando lá. No começo, só estavam os filhotinhos, então estava tranquilo. Até que um dia apareceu a mãe deles, um urubu gigantesco!" conta Leandro, aos risos, em entrevista à Rádio ESPN.
"Eu falei: 'Não entro lá nem a pau!'. Sempre que eu tentava entrar, ela avançava! Tinha que esperar o bicho sair para poder entrar e limpar. Uma vez quase saí na porrada com os urubus, mas o medo era grande (risos). Tinha também muitos ratos, era dureza...", recorda.
A vida começou a melhorar para o zagueiro quando ele se profissionalizou pelo União Barbarense. Depois, destacou-se no futebol paranaense e chamou a atenção do Cruzeiro, que o levou para sua base em 2005.
Na Toca da Raposa, ficou muito amigo do também defensor Thiago Heleno, que foi quem emprestou o celular para Leandro Amaro avisar sua família quando foi relacionado para a equipe profissional celeste pela primeira vez na carreira.
"Eu não tinha crédito, tava na pindaíba", gargalha.
Tempos de Palmeiras
Leandro Amaro chamou a atenção do Palmeiras em 2010, após realizar grande Paulistão pelo Botafogo-SP e conquistar o Torneio do Interior pela equipe. Segundo o zagueiro, ele também teve propostas do Fluminense, do Vasco e do Hamburgo, da Alemanha, mas preferiu o time alviverde. Sua chegada ao Palestra Itália, porém, aconteceu em um momento bastante conturbado.
"Cheguei ao Palmeiras dois dias depois da briga do [técnico] Antonio Carlos com o [atacante] Robert. O clima estava conturbado, eles estavam de cara amarrada um para o outro. Resolvi ficar quietinho na minha, porque tinha acabado de chegar e fui muito bem recebido pelo grupo. Pensei: 'Não vou me meter em nada, senão vai sobrar para mim (risos)'. O clima melhorou só depois de uma semana, mas aí foi só alegria", lembra.
Leandro Amaro nos tempos de Palmeiras
No Palestra Itália, Amaro nunca se firmou como titular, mas fez parte do grupo que conquistou a Copa do Brasil, em 2012. Dessa época, se lembra bem do susto que o elenco levou quando descobriu que o atacante Barcos teria que ser operado de apendicite às vésperas do primeiro jogo da final, contra o Coritiba.
"Na hora da preleção, 'geral' deu falta do Barcos. Daí começamos a sacanear: 'Pô, Felipão, aplica uma caixinha no gringo, tá dormindo até tarde e atrasado para a palestra'. A galera estava querendo morder uma grana do argentino para o churrasco do final do ano (risos). Só que aí o Felipão soltou a bomba: o Barcos estava internado e ia ter que fazer uma cirurgia. Todo mundo levou um susto, porque ficamos sabendo só naquela hora! Ainda bem que não era nada grave e ganhamos o título para ele", narra.
Leandro também lembra um episódio tenso que passou na reta final do Brasileirão de 2012, enquanto o Palmeiras brigava contra o rebaixamento. Após uma derrota, ele, o amigo Thiago Heleno e outros atletas foram cercados por membros da uniformizada "Mancha Alviverde" no aeroporto e chegaram às vias de fato com os torcedores.
"Sempre tentavam nos encurralar, mas a gente escapava. Até que um dia não teve jeito, a porrada aconteceu. Não tinha seguranças suficientes, eles vieram para cima, a gente caiu dentro e ficou pequeno, rolou pancadaria! Engrossamos geral, tinha um que era o mais metido a valentão e apanhou. O Thiago Heleno tomou a linha de frente e deu um soco igual aos do Mike Tyson no peito dele. Foi tão forte que o cara voou uns dois metros pra trás. Daí os caras recuaram e nos fomos embora", relata.
Vida nova em Natal
Depois do Palmeiras, Amaro passou por Avaí, Náutico e Chapecoense até chegar ao ABC, no início do ano. Na equipe alvinegra, rapidamente se firmou e virou capitão da equipe comandada pelo técnico Josué Teixeira.
O defensor vem contribuindo inclusive com gols. Só em seus últimos 10 jogos, o zagueiro-artilheiro anotou sete vezes, números que deixariam qualquer atacante com inveja. Seu melhor jogo foi contra o o Santa Cruz-RN, quando fez um hat trick.
"Nunca tinha feito tantos gols numa partida! Uma vez no Palmeiras que fiz dois pela Copa do Brasil, mas fazer três nunca! O pessoal brinca que eu tenho que vestir a 9, mas o nosso atacante é o Kayke, artilheiro do campeonato, daí fica complicado. Mas se estiver faltando um centroavante e o professor quiser me colocar...", diverte-se.
Para ser campeão potiguar, Leandro Amaro agora precisa segurar a bronca nos dois clássicos contra o América-RN, nesta quarta e no domingo. O primeiro terá mando alvirrubro e será na Arena das Dunas, enquanto a finalíssima será no Frasqueirão.
Aos zagueiros americanos, já fica o aviso: cuidado com o "zagueiro-artilheiro".
Leandro Amaro vive grande fase na zaga e até no ataque do ABC
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