Tiago Adan fez o gol que garantiu o acesso á Série A1 do Paulistão (Foto: Ari Ferreira)
Não são apenas os trilhos ferroviários que cruzam e fazem parte da história de Araraquara. A tradição do interior(zão) do futebol paulista também passa pela cidade que abriga a Ferroviária. Depois de 19 anos longe da elite estadual, o torcedor araraquarense viu a Locomotiva engrenar na Série A2 deste ano e assegurar presença na disputa do Paulistão de 2016.
O tão sonhado acesso foi obtido após anos de frustrações. Fundada em 1950, a Associação Ferroviária de Esportes precisou trocar de filosofia de administração e até mesmo de nome para reencontrar o caminho do sucesso. De 1996 a 2003, o clube sofreu a pior crise desde a inauguração e fez uma mudança drástica em 2003, quando caiu para a extinta B1 (quarta divisão). Poucos meses após a queda, virou clube-empresa e passou a se chamar Ferroviária S.A.
Mais do que o apoio da Prefeitura, a nova postura administrativa e os seis patrocinadores (Move Mais, Farmácia Santa Paula, Cutrale, Unimed, Tribuna Araraquara e Lupo), a Ferroviária contou com a força dos torcedores para entrar nos eixos. Eles não lotaram completamente a Fonte Luminosa, que tem capacidade para 20 mil espectadores, mas garantiram a quarta melhor média de público em casa da A2 (3.142) - atrás de Guarani, Água Santa e Novorizontino.
– A cidade abraçou o time de uma forma nunca vista. A Ferroviária contou com a confiança do torcedor e foi 100% em casa (nove vitórias). Nosso clube tem muita tradição, era o nosso momento. A parceria com a Prefeitura também foi importante. Não pagamos nada para treinar no estádio e repassamos 10% da renda dos jogos pagar o aluguel do local – declarou o presidente Carlos Salmazo, ao LANCE!.
– Assumi a presidência em agosto (2014) e, a partir daí, introduzi um trabalho de planejamento. Valorizei o RH e busquei apoio da torcida e do poder público. Trabalhamos com uma mentalidade europeia, onde o treinador (Milton Mendes, hoje no Atlético-PR) era o manager. O meu trabalho foi baseado tomando muito cuidado para que forças estranhas não surgissem, tentei blindar o clube de empresários e procuradores – complementou o dirigente, que tem a engenharia civil como formação.
Os bons resultados dentro de campo também foram frutos de decisões inovadoras nos bastidores. Mesmo tendo de pagar uma folha salarial de R$ 300 mil por mês, a diretoria investiu pesado em infraestrutura. Adquiriu aparelhos modernos na área médica e fez valer a parceria com o Atlético-PR (empréstimo de jogadores).
A Ferroviária está de volta aos trilhos. Nada de descarrilar outra vez.
Torcedores de Araraquara estão felizes da vida com a Ferroviária (Foto: Ari Ferreira)
BATE-BOLA - Tiago Adan (Artilheiro da Ferroviária, com 8 gols, e autor do gol do título da Série A2)
LANCE!: Já caiu a ficha do acesso?
Tiago Adan: A gente sabe o que a torcida passou nos últimos 19 anos. Vamos entrar para a história da Ferroviária. Tudo isso é fruto de um trabalho que começou em dezembro de 2014. A torcida nos ajudou desde o começo.
LANCE!: Houve muita desconfiança da torcida antes da Série A2?
Tiago Adan: A desconfiança era muito grande, todos desconfiavam. Até o porteiro do meu prédio me cobrava, ficava dizendo que a Ferroviária precisava subir. Na rua mesmo a gente sempre ouvia cobranças: “2015 é o ano do acesso!”. A cidade estava muito frustrada com os últimos times que a Ferroviária formou. Nossa equipe encaixou, deu liga e conseguiu subir.
LANCE!: Tem noção do que é esperar 19 anos por algo tão especial?
Tiago Adan: Não, pô! Tenho 27 anos, 19 anos é quase a minha idade (risos). Mas é muito tempo mesmo, principalmente para um clube de tradição.
Museu da Ferroviária é ponto turístico da Fonte Luminosa (Foto: Ari Ferreira)
ALTOS E BAIXOS DA FERROVIÁRIA
- Glórias
Depois de participar da elite do Paulistão de 1956 a 64, a Ferroviária jogou a A2 em 65, mas voltou em 66 à A1, onde ficou até 96. Ganhou três vezes o título de melhor equipe do interior (67/68/69). Em 1983, jogou a Série A1 do Brasileirão.
- Decepções
De 1996 a 2003, a Ferroviária viveu a pior fase da história. No período nebuloso, chegou a jogar duas vezes a antiga B1 (quarta divisão do Paulistão): 2001 e 2004. A situação drástica só foi revertida depois que o time virou clube-empresa no fim de 2003.
- Atualidade
Time perdeu o treinador Milton Mendes para o Atlético-PR, que é velho parceiro da Ferroviária (quatro jogadores do elenco estão emprestados pelo Furacão). Com folha salarial de R$ 300 mil por mês, clube tem seis patrocinadores.
- Futuro
Com o título da Série A2 do Paulistão de 2015, a Ferroviária, além do acesso à A1, ganhou o direito de jogar a Copa do Brasil de 2016. A diretoria ainda estuda se o time participará da Copa Paulista no segundo semestre.
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