Zé Roberto em ação contra o Palmeiras, em 1996: ele por muito pouco não foi para o Palestra
Quando o Palmeiras anunciou a contratação do lateral esquerdo Zé Roberto, em 22 de dezembro do ano passado, apenas cumpriu uma "profecia" que durava 17 anos. Afinal, em 1997, o então jogador da Portuguesa tinha tudo certo para ir jogar no Palestra Itália, mas acabou mudando de ideia depois de receber uma proposta irrecusável.
Quem conta é José Carlos Brunoro, ex-gestor da parceria entre Palmeiras e a multinacional italiana Parmalat, e homem que dava as cartas nas contratações na era de ouro alviverde.
"O Zé Roberto já tinha tudo certo com a Parmalat, porque estávamos monitorando o futebol dele há tempos. Chegamos a um acordo com o Juan Figger, que era empresário dele na época, e faltava só assinar", revelou Brunoro, em entrevista à Rádio ESPN.
No entanto, o Real Madrid acabou entrando forte na disputa, e levou Zé Roberto por pouco mais de R$ 6 milhões, maior transação do futebol brasileiro envolvendo um lateral esquerdo na época.
"Ele chegou ao meu escritório e pediu desculpas, mas disse que havia recebido uma proposta irrecusável da Europa e que gostaria muito de ir. Disse que seria muito importante para a carreira dele, por isso o liberei sem problemas", contou o dirigente.
O astro da Lusa era visto como substituto ideal de Roberto Carlos, que havia sido vendido para a Inter de Milão. O clube alviverde acabaria contratando o ala Júnior, que se tornaria ídolo no Palestra Itália, principalmente após a conquista da Libertadores, em 1999.
De acordo com Brunoro, porém, Zé foi para o Real Madrid e fez uma promessa: a de que um dia retornaria para vestir a camisa do Palmeiras, o que acabou acontecendo quase duas décadas depois.
"Ele está muito feliz hoje, porque me disse que sempre quis jogar no Palmeiras, desde os tempos de Portuguesa. Naquela época, a proposta do Real o seduziu, não tinha jeito. Estávamos bem avançados na negociação, mas preferimos não contratar um jogador que estava com a cabeça já fora do Brasil", lembrou o ex-cartola.
No Santiago Bernabéu, porém, o atleta nunca se firmou, e acabou emprestado ao Flamengo durante o ano em que jogou no futebol espanhol.
Zé em ação pelo Real Madrid na Champions League
No entanto, depois deu continuidade à sua vitoriosa carreira no futebol da Alemanha, onde jogou no Bayer Leverkusen, Bayern de Munique e Hamburgo. No Brasil, ele também atuou por Santos e Grêmio.
Hoje, Zé Roberto e capitão e referência na equipe de Oswaldo de Oliveira. Ele fez 15 jogos e anotou um gol pelo clube alviverde até agora, e ajudou a levar o Palmeiras até a final do Campeonato Paulista.
Zico quase foi para o Palmeiras
Além de Zé Roberto, o Palmeiras por muito pouco não teve Arthur Antunes Coimbra, o Zico, em seu elenco. Mas como técnico, e não como jogador.
Zico com Telê Santana e Júnior, em 1995
Isso aconteceu ao final de 1994, logo após a saída do técnico Vanderlei Luxemburgo para o Flamengo. Em busca de um novo treinador, Brunoro queria uma aposta ousada: o "Galinho", que pendurava as chuteiras pelo Kashima Antlers, do Japão.
"O Zico estava parando de jogar e fui conversar com ele. Pensei: 'Pô, seria bacana ele começar a carreira de técnico com a gente'. Tivemos uma reunião e conversamos sobre isso, mas ele falou que era muito cedo, que tinha acabado de se aposentar e queria se preparar antes, ele não queria sair da vida de jogador para a de técnico direto assim'", relatou o dirigente.
A postura do "Galinho" após o episódio, inclusive, deixou Brunoro impressionado.
"Ele me perguntou: 'Posso divulgar que você me convidou?'. Puxa, eu não queria, senão iria criar um caso... Então ele foi super profissional e não falou nada. Dois anos depois, nós dois estávamos numa palestra e eu contei essa história e falei do profissionalismo dele. O Zico deu risada e falou: 'Agora posso contar pra todo mundo'! Ou seja, ele manteve a palavra dele até aquele dia que eu revelei o caso", recorda.
O eterno ídolo do Flamengo acabaria iniciando sua carreira de treinador cinco anos depois, em 1999, pelo próprio Kashima Antlers em que se aposentou, assumindo a seleção do Japão entre 2002 e 2006 - disputando inclusive a Copa do Mundo.
Depois, ainda comandou Fenerbahçe (Turquia), Bunyodkor (Uzbequistão), CSKA (Rússia), Olympiacos (Grécia), Al-Gharafa (Catar) e FC Goa (Índia), além da seleção do Iraque. Atualmente, está sem clube após a boa passagem pelo futebol indiano.
Sem Zico, a Parmalat apostou primeiro em Valdir Espinosa e depois em Carlos Alberto Silva para o Palmeiras. Como nenhum dos dois se firmou, a multinacional trouxe de volta Vanderlei Luxemburgo, que montaria em 1996 o "time dos 102" gols no Paulistão.
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