Momentos antes do jogo Flamengo x Brasil de Pelotas pela Copa do Brasil, público estava reduzido (Foto: Ivan Raupp)
Nos quatro primeiros meses de 2015, o Atlético-MG tem a maior média de ocupação do futebol brasileiro, com 69%. Corinthians e Palmeiras perdem por pouco: ambos estão empatados com 66%. Dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, apenas esses três estão acima dos 40%, que é o percentual do Santos. Clube de maior torcida do país, o Flamengo possui apenas 27%.
Para o jornalista Carlos Eduardo Mansur, são alguns os fatores que podem explicar esse problema que, afirma Mansur, vem da cultura de querer ver o time ganhar, e não ver o time fielmente "na saúde e na doença". O jornalista ainda criticou a falta de promoção do evento, a segurança e o serviço.
- Ainda não conseguiram criar a cultura de fazer o torcedor ver o seu time no lugar de ele ver o seu time ganhar. É uma diferença sutil, mas importante. Óbvio que existe o torcedor fiel ao seu time que vai em qualquer circunstância. Mas no grosso, o torcedor vai ver seu time ganhar. Não vai fielmente na saúde e na doença. Porque não promovemos o evento direito, não oferecemos segurança, não oferecemos serviço. Fazemos a pessoa acreditar que ela faz um favor, de fazer o sacrifício de passar por todos os obstáculos até chegar ao estádio de futebol - argumentou Mansur.
Jornalista alemão a serviço no Brasil, Ralf Itzel trouxe à tona o cenário do seu país. Ralf explicou que o público na Alemanha não vai ao estádio apenas para ver seu time ganhar, mas para fazer parte do espetáculo, para ver os grandes jogadores. O jornalista explicou que em 2006 houve uma grande reforma nos estádios e que existe uma preocupação que as arquibancadas estejam sempre cheias até para que se vendam os direitos de retransmissão.
- Em 2006 foram reformados os estádios, tem umas renovações que sempre se faz. O produto é bom, o futebol é bom, está bem transmitido na televisão. E dá gosto ver um jogo no sábado às 15h30. Tem um monte de mulheres, um monte de crianças nos estádios. E os ingressos não são tão caros. São mais baratos que na Inglaterra, na Espanha e também por comparação bem menos caros que no Brasil. Na Alemanha valorizam mais o público. Também é preciso de boas imagens, com estádios cheios para depois vender os direitos de retransmissão para os outros - explicou Ralf Itzel.
Mansur chamou atenção para o encarecimento dos ingressos no Brasil após a construção das arenas que sediaram os jogos da Copa do Mundo de 2014. O jornalista de "O Globo" ainda perguntou como vão "fechar a conta".
- Essa questão das arenas que nós estamos falando, parte dessa conta foi empurrada para o torcedor. Reflete no preço do ingresso. Tentou-se empurrar para o torcedor parte da manutenção desses estádios. Só que o histórico desse produto já era de mais lugares vazios do que cheios ao longo do ano. Então jogam para o alto o preço de um produto que a demanda já não era tão alta. Como vai fechar a conta? - indagou Mansur.
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