Brunoro acha que reformulação do elenco foi natural após sua saída, por conta do poder financeiro maior
José Carlos Brunoro foi o principal dirigente do Palmeiras durante o primeiro mandato de Paulo Nobre, mas teve sua saída anunciada assim que o clube escapou do rebaixamento no Brasileiro do ano passado.
Apenas quatro meses depois de seu desligamento do Verdão, o ex-diretor se diz feliz pela presença da agremiação na decisão do Campeonato Paulista e, apesar da reformulação do elenco, sente-se também responsável pelo que está acontecendo.
“Não posso dizer que não (sou responsável). Fizemos um trabalho com 40% do orçamento e subimos para a primeira divisão sem sustos. Houve percalço no fim do ano passado, por erro estratégico. Sei que houve (falha), porque não podia acontecer o que houve no final do Brasileiro.
Erramos em algumas coisas e faço parte dessa responsabilidade, mas eu não era só do futebol, e sim de todas as áreas”, declarou à Gazeta Esportiva o ex-diretor palmeirense, que atualmente cuida de sua empresa e avalia a possibilidade de assumir a gestão de um clube menor, sem citar nome.
Brunoro tentou evitar uma análise dos erros, mas admitiu que um dos problemas foi a tumultuada saída de Alan Kardec para o São Paulo, sacramentada em abril do ano passado, abalando a relação entre os clubes e fragilizando o então elenco alviverde.
“Não vou ficar citando (os erros), mas a não permanência do Alan Kardec é um exemplo. Deveria ter um esforço para ficar. E deveria ter contratado alguns jogadores de mais peso, para dar equilíbrio com a molecada. Houve algumas coisas estrategicamente. O time não era para ser campeão, mas também não deveria ter sofrido”, acrescentou.
O ex-dirigente alviverde reconhece que “a diferença foi bem pouca” na negociação com Kardec, mas alega que a parte financeira inviabilizou o negócio. O orçamento apertado, que era citado como problema também por Paulo Nobre nos dois primeiros anos de gestão, já não atormenta mais o clube de Palestra Itália. Por isso, Brunoro considerou natural a reformulação do grupo de jogadores que havia deixado até dezembro de 2014.
“Achei normal, porque tínhamos um elenco de acordo com nosso poder financeiro. Não podíamos nem pensar em ter os jogadores que o Palmeiras tem hoje. Trabalhávamos com 40% do orçamento geral e não tínhamos condições de contratar, tanto é que não pudemos trazer Michel Bastos e Ricardo Oliveira.
O que fizemos foi a valorização da base, jogamos com muitos atletas de lá, o que nunca tinha acontecido no Palmeiras. Apareceram Renato, Victor Luis, João Pedro, Nathan...”, ponderou.
Atualmente, o departamento de futebol é gerido por Alexandre Mattos, que contratou 20 jogadores para 2015. Mesmo com tantas alterações no grupo, Brunoro não vê com espanto a arrancada do clube em tão pouco tempo.
“Não fiquei surpreso, porque trabalhamos por dois anos para que o Palmeiras pudesse estar hoje nessa condição, sempre com o orçamento muito restrito. Minha função era preparar o clube em todas as áreas, não só o futebol”, declarou o ex-dirigente, que, justamente pela responsabilidade que tinha em todos os departamentos, também era muito criticado junto com Nobre pela falta de um patrocínio máster, que só foi acertado em 2015, já sob nova direção.
Agora, no papel apenas de um observador, Brunoro acredita que a presença na decisão do Paulista contra o Santos é apenas o primeiro passado de um bom momento do clube.
“Hoje, o Palmeiras tem orçamento pleno e a arena, mas tudo ajudou para estar nesta condição. Estou muito feliz, porque o trabalho está sendo bem feito, e o clube está pronto para o futuro. É um time muito competitivo e precisa de um pouquinho de calma também, porque praticamente trocou todas as peças.
Acho que tem condições de ganhar este campeonato”, encerrou, nesta entrevista concedida um dia antes da vitória alviverde por 1 a 0 no Palestra Itália.
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