Modesto Roma, presidente do Santos, ironizou a ausência de seu clube nas transmissões da Globo
Neste domingo, na Vila Belmiro, o campeão paulista será conhecido. Quem não possui TV a cabo nem possibilidade de ir ao estádio não terá visto muitos jogos do vencedor, seja ele Palmeiras, seja Santos. Neste Paulistão, o alviverde teve seis jogos transmitidos pela Globo; o alvinegro dois; São Paulo teve 11 e o Corinthians 15. É uma situação que não deve mudar tão cedo.
Ficar atrás dos rivais em termos de jogos transmitidos não novidade para os finalistas de domingo. No ano passado, Palmeiras e Santos juntos tiveram seis jogos a menos na TV do que o Corinthians; dois a menos do que o São Paulo. Em tese, isso não é motivo para desespero.
"Quem tem os direitos exerce o poder de decisão de para onde vai, como vai, para onde vai. No Brasil acaba se vendendo os direitos de transmissão como um todo, total. A exposição na Globo é importante, sem dúvida, mas não é um fator que cause uma perda significativa. O jogo acaba não sendo transmitido na Globo, mas você tem uma cobertura diária de TV fechada, internet muito muito grande. É lógico que ter o jogo transmitido remete ao grande público, mas o que vai remeter você de forma positiva é o grande jogo, espetáculo, é uma semifinal, uma final. Essas acabam sendo transmitidas", afirma César Gualdani, sócio-diretor da consultoria Stochos Sports & Entertainment
Gualdani participou da elaboração de um modelo de divisão mais igualitário de cotas e transmissão para o extinto Clube dos Treze, união de 20 grandes clubes brasileiros. A entidade implodiu após uma tentativa fracassada de negociação em bloco de direitos de transmissão em 2011. Para o especialista em marketing, era esse o caminho para uma divisão mais equilibrada das cotas e do tempo de televisão.
"É muito mais uma questão de vontade política dos clubes em querer mudar. Você não pode falar de divisão de cotas iguais se negocia isso em separado. Quando tinha o Clube dos Treze, concentrava os clubes em uma câmara que se reunia para definir e negociar isso de forma conjunta. Com a
implosão do Clube, essa união despareceu. Então você não tem um órgão que congregue todos os clubes. É um sinal que a vontade política de se reunir fica restrita a poucos. Os que recebem mais dificilmente vão querer negociar. O que precisaria é entender que, em conjunto, todos têm mais poder de negociação, e mesmo os que ganham mais podem ganhar ainda mais".
Palmeiras e Santos têm lidado de forma diferente com o baixo número de partidas transmitidas. O presidente alvinegro Modesto Roma Júnior, em entrevista ao UOL Esporte, ironizou a decisão da emissora de deixar seu clube fora da grade nas quartas de final do Paulista. "A gente ainda não decidiu se vai passar 'Os Três Porquinhos' ou 'Netuno, Rei dos Mares". A torcida também protestou contra a Globo no treinamento desta sexta-feira.
O Santos, desde o ano passado, atravessa um momento financeiro delicado: perdeu jogadores na Justiça por falta de pagamento de salários (dois deles, Aranha e Arouca, se transferiram para o rival de domingo) e está há dois anos sem um patrocínio máster. Ainda há ações judiciais, como a de Leandro Damião, que está emprestado ao Cruzeiro.
O Palmeiras, por sua vez, não faz críticas públicas à emissora. O alviverde em 2015 conseguiu reduzir sua dependência de receitas de televisão, e têm faturado em outras frentes, como a bilheteria do Allianz (maior do Paulista, com R$ 23 milhões de renda bruta), o programa sócio-torcedor Avanti e o patrocínio máster da Crefisa. Nos três primeiros meses do ano, já acumula mais de R$ 80 milhões em receitas.
No domingo, nada disso vai importar. Dentro de campo e com transmissão da televisão, os dois rivais terminarão o que começaram no Allianz Parque. O Palmeiras começa a partida em vantagem por ter vencido por 1 a 0 em casa.
14388 visitas - Fonte: Uol Noticias