De cerveja a mistérios, mestre e pupilo testam vida em final

Oswaldo e Marcelo ao lado de Lucas Lima, preterido pelo hoje palmeirense e indispensável com o santista

Foto: Ricardo Saibun / Divulgação Santos FC



Marcelo Fernandes tem tudo em comum com Muricy Ramalho. O treinador do Santos, efetivado há apenas 51 dias no cargo, não esconde a admiração pelo profissional com quem trabalhou como jogador e nos 25 meses de clube, e é seguidor declarado de conduta. Mas o santista também tem outra inspiração: Oswaldo de Oliveira, técnico do Palmeiras, adversário da final deste domingo, às 16h (de Brasília), na Vila Belmiro. Os comandantes que compartilharam de cervejas, peladas e até confidências no último ano agora põem os seus futuros em jogo na decisão.



“Se, por acaso, o Palmeiras não ganhar o título, perder para o Santos do Marcelo não vai ser tão ruim. A gente não parou de se corresponder, nem quando ele assumiu. Continuamos nos falando, só demos uma trégua esta semana, mas ele está sempre manifestando a vontade de vir a São Paulo para tomar umazinha (cerveja), ou eu ir para Santos jogar uma pelada “, disse o técnico palmeirense.



“A frase do Oswaldo é verdadeira, mas tenho certeza que até os 90, 95 minutos ele vai esquecer disso, pois vai querer muito o título. Ele quer ganhar, é um treinador vitorioso, um espelho para mim. Mas foi isso que me ensinou (a vencer). É um cara maravilhoso não só em campo, mas principalmente fora dele”, respondeu o santista.



Oswaldo levou consigo para o Santos o fiel escudeiro Luiz Alberto, mas confiou a Fernandes os assuntos mais delicados dos oito meses de permanência. O então auxiliar era o responsável por conversar diretamente com alguns jogadores e explicar situações. A aproximação gerou confidências entres os dois.







“Tive uma integração tão grande com o Marcelo que, em determinado momento, ele era meu confidente. Como ele sempre teve bons conselhos, trocávamos muita ideia. Ele sabe meus meandros, conhece muito as minhas alternativas, o que projeto como mudanças”, confessou Oswaldo.



Marcelo foi o responsável por receber Oswaldo na cidade, logo em sua chegada. Os dois frequentavam bares juntos para beber cerveja e ainda jogavam a “pelada” citada em um clube da cidade durante a semana.



“Não tenho o que falar sobre ele, é uma pessoa sensacional, que deu o seu melhor aqui. Quando saiu, fizeram fila para se despedir e dar tchau. Tinha gente chorando. O pouquinho que sei aprendi, também, com esses caras. Só tenho a agradecer”, elogiou Fernandes.



Em campo, Marcelo mantém o legado tático do antecessor. Joga no 4-2-3-1, ou seja, com uma linha de três jogadores atrás do centroavante, com Geuvânio como sua principal válvula de escape. Fora, adotou o mesmo mistério do treinador para a escalação na final. Até no quesito nervosismo andaram juntos. Ambos foram expulsos da primeira decisão, vencida por 1 a 0 pelo Palmeiras, na Allianz Parque, por reclamações ao árbitro da partida.



Um título para ambos pode mudar o rumo de suas passagens por Santos e Palmeiras, respectivamente. Marcelo, apesar do discurso negado pelo presidente de que um título nada muda a procura por treinador, quer o título da afirmação, enquanto Oswaldo sabe que a conquista poderá ser o divisor de águas para um semestre calmo em meio a tradicional pressão no clube.



No Santos, Oswaldo pagou, justamente, pelo vice-campeonato inesperado para o Ituano após campanha impecável, com seis jogadores na seleção do campeonato, o craque da competição, a revelação, o artilheiro, o melhor ataque, os 100% de aproveitamento na Vila Belmiro e a melhor campanha da primeira fase. Faltou o título.

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