Menos de uma hora depois da eliminação para o Gauraní-PAR, quem dava explicações era Roberto de Andrade, presidente do Corinthians. O principal assunto? A situação econômica do clube.
Ralf, Elias, Paolo Guerrero, Renato Augusto, Jadson, Danilo, Emerson Sheik. Os principais jogadores do elenco chegaram à partida decisiva dessa quarta-feira com os direitos de imagem atrasados. Alguns sem receber há OITO MESES. Roberto de Andrade, na véspera do jogo, já tinha dado entrevista coletiva tentando amenizar o atraso no pagamento. Parece que não deu muito certo.
A diretoria corintiana estima que o prejuízo por ter caído nas oitavas de final da Libertadores é de 20 milhões de reais. Eles precisavam ir longe na competição! E agora, como pagar as dívidas?
Como pagar os salários de Edu Dracena, Cristian e Vágner Love, que somados chegam a mais de 1 milhão de reais? E os 3 são reservas! Isso sem falar em Alexandre Pato, que hoje joga no São Paulo, mas tem metade do alto salário pago pelo Corinthians. Exemplos de como gastar mal o seu dinheiro...
"Financeiramente é muito ruim essa eliminação". Frase de Carlos Miguel Aidar na quinta-feira de manhã, após o desembarque no Aeroporto de Congonhas. Horas antes, o São Paulo caía nos pênaltis para o Cruzeiro e dava adeus à Libertadores.
Um dia antes, ao chegar em Belo Horizonte, o presidente explicava por que os direitos de imagens dos jogadores estavam atrasados em dois meses. O São Paulo ia usar a renda do primeiro jogo contra o Cruzeiro (3 milhões e 600 mil reais) para pagar parte da dívida. Mas uma ação judicial de 2002 impediu: o São Paulo terá de pagar mais de 2 milhões de reais para um ex-jogador.
Na mesma entrevista, Aidar admitiu que essa é a terceira vez na sua gestão que o pagamento dos direitos de imagem fica atrasado. E agora, sem mais uma grande renda, como pagar?
Nessa quinta-feira, Alexandre Mattos, Diretor de Futebol do Palmeiras, precisou explicar a situação de Cleiton Xavier. O meia estava com duas parcelas das luvas de sua contratação atrasadas. LUVAS, não DIREITOS DE IMAGEM, como alguns insistem em dizer. E o atraso já foi resolvido. Situação pontual. O Palmeiras ainda tem problemas dentro de campo, mas fora dele, está com a situação bem organizada.
Por isso, eu pergunto: há quanto tempo você não via um dirigente do Palmeiras tendo de explicar atraso em pagamento? Há quanto tempo o Palmeiras é um clube seguro e confiável para o jogador trabalhar?
Arrumar as contas teve um custo alto, é verdade. Paulo Nobre montou times muito fracos nos dois primeiros anos de presidência. Além disso, tirou do próprio bolso mais de 153 milhões de reais em empréstimo. Postura tão criticada quanto a política de "contrato por produtividade", que para muitos nunca daria certo. Atitudes corretas? O tempo vai mostrando que sim.
Polêmicas à parte, hoje o Palmeiras tem saúde financeira. Em maio, o lucro foi de 12 milhões de reais. Primeiro mês no "azul" da gestão Paulo Nobre. As principais fontes de renda são os patrocínios (50 milhões de reais por ano), o Avanti (aproximadamente 2 milhões de reais por mês, e crescendo) e as bilheterias dos jogos no Allianz Parque (15,4 milhões de reais só no Campeonato Paulista).
Conta ainda a favor da gestão do presidente Paulo Nobre o fato de ele, mesmo sem dinheiro para contratar nos dois primeiros anos, não ter adiantado as cotas de TV do Campenato Paulista e Brasileiro. Ou seja: o valor integral está vindo para o Palmeiras esse ano, algo que não acontecia desde 2010.
Finanças arrumadas, agora é hora de encontrar o equilíbrio para se manter. A folha salarial era de 6 milhões de reais em 2014. Hoje é de aproximadamente 10 milhões de reais. Há espaço para gastar mais? Contratar mais? Paulo Nobre não pode cair na tentação que outros presidentes caíram, por mais que o título demore a sair.
E o preço dos ingressos? Abusivos, sim. Com tantas fontes de renda, Paulo Nobre e companhia precisam pensar em alternativas para manter o fluxo de caixa sem "punir" os torcedores.
Ajustes precisam ser feitos. Mas eles são poucos e pequenos perto do cenário de 3 anos atrás. Mas não adianta discutir. O Palmeiras de hoje é mais organizado, rentável e promissor que os seus rivais.
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