[OFF] Rua Javari vive 'tempos de arena', atrai turistas e deixa juventinos de fora

Diferentes perfis de torcedores marcaram presença na goleada do Juventus nesse domingo

Torcedoras tiram selfie; ao fundo, bola rolando (Foto: Lucas Faraldo)



O Juventus proporcionou a seus torcedores momentos de muita festa na manhã desse domingo. Com uma goleada de 4 a 1 para cima do Grêmio Osasco, o Moleque Travesso se despediu da Série A3 e carimbou vaga na A2 de 2016. Em meio ao lotado estádio da rua Javari, um novo perfil de torcida marcou presença nas arquibancadas grenás: o "turista".



A reportagem do LANCE! deu voltas e mais voltas em todos os setores do estádio ao longo dos 90 minutos da partida. Ao todo, cerca de 3.500 pessoas assistiram ao jogo. Seja atrás dos gols, seja na lateral do gramado, sempre havia um grupo de torcedores (geralmente sem vestimentas do Juventus) tirando selfies e mexendo no celular.





Em conversas informais com a reportagem, tais pessoas falaram que nunca antes haviam entrado no estádio do Juventus. A primeira vez, como é de se imaginar, pede um registro. Essa talvez seja a melhor explicação para o uso aparentemente excessivo de celulares e câmeras fotográficas enquanto a bola rola. Algo ruim? Apenas diferente. Talvez até curioso.



– Na fila deu para perceber que tinha muita gente que nem sabia quem era o adversário de hoje. Mas é normal, não tem como evitar essa situação. Hoje tem a moda das arenas, né? É mais ou menos a mesma lógica. Todo mundo quer visitar, conhecer – comentou Alexandre Augusto, morador da Mooca e juventino desde criança.



– Muita gente fica revoltada porque veio em todos os outros jogos e, agora na hora do acesso, não consegue ingresso – completou.

Tal concorrência pelos ingressos quase tirou Syller Savoia da partida. O torcedor, membro da organizada Torcida Ju-Jovem desde 1969, saiu de sua casa, em Cotia, e deu de cara com um cartaz escrito "ingressos esgotados" na porta do estádio. Uma conversinha aqui, uma choradinha ali, e o juventino de carteirinha conseguiu um bilhete em cima da hora com funcionários da FPF.





Syller deu seu jeitinho e conseguiu arrumar um bilhete (Fotos: Lucas Faraldo)



– Se é um jogo normal, não vem todo esse pessoal. Eu sei porque eu venho aqui sempre. Os caras só vêm quando é filé mignon. Eu venho faça chuva ou faça sol. Já peguei jogo com 40 pessoas aqui. Aí agora no final do campeonato lota? Por quê não vieram desde o começo do campeonato? – indagou, um tanto quanto exaltado.



– Muita gente é amante do futebol. Esse jogo não passa na grande mídia e o pessoal gosta de futebol. Então pode vir aqui ver o jogo com a família, não tem briga. O bairro da Mooca é muito charmoso. Aqui tem muito bairrismo, né? – completou, já mais tranquilo.





Centenas de torcedores ficaram de fora do estádio (Foto: Lucas Faraldo)



PAZ ATRAI FAMÍLIAS

O receio de brigas e confusões envolvendo torcedores e policiais faz algumas famílias pensarem duas vezes antes de ir a jogos de equipes grandes. Jogos da Juventus na Mooca são prato cheio para pais levarem filhos pequenos às arquibancadas sem medo de violência.

– Eu venho aqui porque é jogo de bairro, o estádio é mais tranquilo. Parece mais familiar. Não tem pancadaria igual jogos de times grandes. Essa é nossa primeira vez aqui. A gente quer começar a vir frequentemente – disse Fábio, marido da Luciana e pai da pequena Beatriz, de apenas quatro anos.



– Eu sou corintiana, ele é são-paulino e nos jogos dos nossos times não vamos com a Beatriz. Além de torcer para o mesmo time, vamos poder trazer nossa filha (...) O horário é diferente, é uma programação legal para a família. Moramos na Bela Vista e dá pra chegar aqui em dez minutos – acrescentou Luciana.

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