Juntos, Palmeiras e Corinthians investiram R$ 32 milhões nas categorias de base em 2014. O robusto valor faz qualquer um concluir que as duas equipes estarão cheias de garotos em suas equipes principais no clássico deste domingo, mas a realidade não é bem essa - longe disso, inclusive. Dos 22 prováveis titulares do dérbi do final de semana, nenhum foi formado na base dos clubes.
Para entender os motivos do pouco aproveitamento dos meninos, é preciso analisar os dois times separadamente. O problema do Corinthians na transição das categorias de base para o profissional é histórico. Recordista de títulos entre a meninada, o Timão tornou-se ao longo dos anos um verdadeiro especialista em 'queimar' jovens talentos. Seja pela pressão de jogar no clube com a segunda maior torcida do país ou pela expectativa exagerada, o fato é que sair da base do alvinegro e fazer sucesso no time de cima é uma tarefa árdua.
O técnico Tite e o gerente Edu Gaspar também podem ser "culpados" pelo pouco aproveitamento dos garotos. O planejamento atual faz com que muitos jovens treinem com a equipe de cima, mas joguem poucos minutos nas partidas - ou atuem apenas quando o time reserva é solicitado. Não existe espaço para a evolução, justamente o que um menino precisa quando vai para o profissional. ?O exemplo de Matheus Cassini é emblemático.
No Palmeiras, o momento do clube influencia muito no esquecimento dos valores da base. Depois de um ano horrível em 2014, Paulo Nobre fechou com Alexandre Mattos e deu carta branca para o executivo contratar. Duas dezenas de reforços chegaram e simplesmente passaram na frente na corrida por um lugar na equipe.
O mais triste no caso do Verdão é que, no ano passado, quando a equipe esteve próxima do rebaixamento, muitos garotos foram chamados para segurar a bronca no time principal. Agora, em um contexto muito mais tranquilo, os mesmos atletas ficam fora até do banco de reservas.
Enquanto os paulistas farão o Dérbi sem nenhum nome vindo das categorias de base, o Internacional, único representante brasileiro nas semis da Libertadores, teve seis jogadores formados em casa entre os titulares contra o Santa Fé. A única maneira de sustentar o atual modelo de gestão do futebol brasileiro é apostar na base. Palmeiras e Corinthians entenderam isto pela metade. Investem milhões, mas, ao não abrir espaço para estes jogadores evoluírem, os gigantes paulistas impedem que o próprio investimento tenha retorno.
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