Arouca ignora Europa e avisa: ‘Quero me aposentar no Palmeiras’

7/6/2015 12:38

Arouca ignora Europa e avisa: ‘Quero me aposentar no Palmeiras’

Arouca ignora Europa e avisa: ‘Quero me aposentar no Palmeiras’

Arouca vê Palmeiras como favorito ao título do Brasileirão (Nelson Coelho/Diário SP)



Se há uma exceção à regra de que todo jogador brasileiro sonha em vestir a camisa de um grande clube europeu, ela atende pelo nome de Arouca. “Não é a minha prioridade”, afirma o palmeirense de 28 anos, em entrevista exclusiva. A ideia do volante é se aposentar no Verdão. No bate-papo, ele ainda disse que não se arrepende de ter ido à Justiça para deixar o Santos, descartou uma transferência para o Corinthians no futuro, que o colocaria na seleta galeria de craques com passagens pelos quatro grandes de São Paulo, e demonstrou maturidade para falar sobre o racismo que sofreu no ano passado. Para terminar, ele admitiu que não desistiu da seleção e revelou passagens curiosas da carreira, como nas duas vezes em que abandonou o futebol, por Olaria e Fluminense, e no dia em que foi ator (revivendo o astro Coutinho).



BLOG_ Você já é famoso, está ficando rico, jogou pela seleção brasileira… O que ainda sonha em relação ao futebol?

AROUCA_ O meu sonho é estar sempre conquistando títulos. Ainda não ganhei o Brasileirão e o Mundial de Clubes, embora já tenha sido vice (perdeu pelo Santos a final contra o Barcelona, em 2011).



Depois de jogar por Palmeiras, Santos e São Paulo, já pensou que poderá entrar para a história como um dos poucos atletas que estiveram nos quatro grandes de São Paulo se atuar no Corinthians?

(Risos) Nem mal cheguei ao Palmeiras e você me fala de Corinthians? Não me vejo jogando no Corinthians. Para falar a verdade, quero construir uma história muito bonita no Palmeiras e encerrar a carreira no clube.



Mas você só tem 28 anos…

Então, assinei contrato por quatro anos em janeiro. Quem sabe, quando este estiver acabando, o Palmeiras me ofereça mais quatro, eu renove e fique até me aposentar.



Quase todo jogador brasileiro sonha em jogar na Europa. Você não pensa nisso?

A Europa não faz a minha cabeça nem é prioridade. Eu só iria se fosse uma proposta muito boa para mim e para o Palmeiras. Ainda precisaria ser para um clube com estrutura, que dispute títulos, em um país sem tanta dificuldade para adaptação… Até porque agora tenho uma família.



Mas nunca teve vontade?

Já tive muita vontade, quando era mais novo, mas, com tudo o que tenho no Palmeiras, isso passou… Cheguei a ter uma proposta muito boa da Fiorentina, quando estava no Santos, mas não deu certo.



Por falar no Santos, se arrepende de ter recorrido à Justiça para sair da Vila Belmiro?

De maneira nenhuma, e faria tudo do mesmo jeito. Enquanto eu vesti a camisa do Santos, a honrei. Nunca me atrasei para um treino, nunca faltei, nunca tirei o pé de dividida… Cheguei a jogar muitos jogos machucado, com dor no tornozelo, tomando injeção. Apesar de tudo, não houve diálogo (da diretoria). Procurei todas as alternativas antes de ir à Justiça. Foi a última alternativa, mesmo.



O Santos lhe deve dinheiro?

Não. Agora está certo (o Palmeiras assumiu a dívida que era do Santos, de R$ 1,5 milhão).



Você falou da obsessão por títulos. Com quem o Palmeiras brigará pelo Brasileirão?

Ah, são muitos favoritos, mas destacaria o Inter, que tem um grande time, e o Atlético-MG, que faz um 2015 excelente.



Você passou por todas as categorias de base da seleção, mas ainda não repetiu o sucesso na principal. Por quê?

Realmente, na base foi bem legal. Não devo ter ficado fora de uma convocação do sub-15 ao sub-20. Fui campeão mundial sub-17, fiquei em terceiro lugar no Mundial sub-20… Em relação à principal, terei as minhas oportunidades, mas, primeiramente, preciso estar jogando em alto nível no Palmeiras.



Não acha que o passe errado, que resultou no gol da vitória da Inglaterra, na reestreia do Felipão, em 2013, o queimou?

Espero que não, porque foi um lance atípico. Tentei recuar para o Paulinho, mas o Rooney se antecipou, tocou para o Lampard e saiu o gol. Acabei sendo convocado um pouco mais tarde pelo próprio Felipão, para um jogo contra a Bolívia, mas me machuquei e fui cortado.



Teve esperança de ser convocado para a Copa América no lugar do Luiz Gustavo, cortado nos últimos dias?

Não, porque o Dunga tem trabalhado com um grupo de jogadores que estiveram nas últimas convocações. Ou seja, tem gente na minha frente neste momento, mas não desistirei.



A sua primeira aparição nacional foi como ator?

(Risos) Pior que foi. Com 16 anos, participei do filme “Pelé Eterno”. Eu era o Coutinho e o Toró era o Pelé na regravação do gol do Pelé que deu origem ao termo “gol de placa” (na vitória do Santos por 3 a 1 contra o Fluminense, em 1961). Passamos o dia inteiro gravando, mas rendeu uma boa grana.



Você ainda estava no Fluminense, né?

Sim, lá em Xerém. E o Toró era apontado como o grande craque da nossa geração.



E foi antes ou depois de pensar em abandonar a carreira?

Foi bem depois. Para falar a verdade, eu cheguei a abandonar o futebol duas vezes. Na primeira vez, eu tinha 11 anos. Saí da minha cidade, Duas Barras, para jogar no Olaria, que fica no Rio de Janeiro. Foi uma choradeira só. Comecei a morar com os meus tios, o Bené e a Ana, que não deixavam faltar nada, mas aguentei apenas seis meses. Com muita saudade, resolvi voltar para casa.



E a segunda vez?

Um ano depois do Olaria, fiz teste no Friburguense e passei. Nova Friburgo ficava só a 45 minutos de casa e meu irmão já jogava lá. No ano seguinte, fiz teste no Fluminense, passei e fui para Xerém. O problema é que eu não podia jogar, porque o pessoal do Olaria havia me federado sem que eu soubesse. Ai, eu só treinava. Até que fui passar um fim de semana em casa e decidi que não voltaria.



Como o pessoal do Fluminense reagiu?

Duas semanas depois, meu irmão apareceu no colégio para me falar que tinha um diretor do Fluminense em casa conversando com o nosso pai. O papo foi ótimo, ele falou que eu tinha potencial para jogar na seleção e pedia a minha volta. Eu sempre sonhei em ser jogador de futebol e aceitei, mas fui chorando até o Rio. De novo.



E como se resolveu o impasse com o Olaria?

Eu sei que houve um acordo entre os dois clubes. O Fluminense deu alguma coisa para o Olaria em troca. Dá até para brincar que eu tinha só 13 anos quando fui comprado pela primeira vez no futebol.



Seu pai, seu Messias, tinha fama de artilheiro nas peladas de Duas Barras. Já você disputou 536 jogos como profissional e só fez 15 gols…

Era engraçado, porque meu pai sempre fez os gols dele, mas fazia menos do que dizia. Já eu arrisco pouco. Até procuro concluir bem no gol, mas, às vezes, a bola bate na trave, no zagueiro… Estava inspirado em 2014 e fiz quatro gols.



Seu primeiro gol pelo Santos foi justamente em uma final contra o Corinthians, em 2011. Inclusive, você disse, antes do jogo, que sonhou com o gol. Costuma ter premonições?

Para falar a verdade, foi só naquela vez. E foi curioso, porque os outros jogadores me sacaneavam pelo fato de eu não ter feito gol. Eu dizia que estava guardando para o momento certo e eles ainda iriam me abraçar. Aí, na antevéspera da final, sonhei que estava comemorando. No fim, ganhamos por 2 a 1 e eu fiz o primeiro.



No ano passado, você foi chamado de “macaco” por um torcedor no estádio do Mogi Mirim. Ficou alguma cicatriz?

É um assunto superado. Só lamento que ainda exista esse tipo de pessoa querendo aparecer. O negócio é não dar muito ibope para isso.



Já havia sofrido preconceito em outro lugar?

Nunca. Foi a primeira vez, mas tenho a cabeça boa e uma família ao meu lado caso aconteça de novo no futuro.



Qual o melhor treinador com quem você trabalhou?

É difícil comparar, porque já tive bons treinadores, como Muricy, Abel, Oswaldo… É a terceira vez que trabalho com o Oswaldo e ele sempre depositou muita esperança em mim. Mas aprendi com todos os técnicos com quem convivi.



E qual jogador você enfrentou e foi mais difícil de marcar? Dá para citar algum?

O Valdivia é um deles. Outro dia, até brinquei com ele dizendo que já joguei muito contra, então, agora, quero que ele fique. O Valdivia, às vezes, parece lento, mas tem muita qualidade, esconde a bola e arranca do nada. Mas o melhor jogador que já enfrentei foi o Neymar. O cara é fora de série.



Você já teve algum ídolo?

O Romário sempre foi o meu ídolo. Pelo menos desde a Copa do Mundo de 1994. Realizei o sonho de jogar com ele um pouquinho no Fluminense, em 2004. E o cara ainda me dava moral. Tenho até hoje guardadas duas camisas que ele me deu: uma enquanto jogamos no Fluminense e outra quando ele se transferiu para o Vasco.



O que costuma fazer fora dos campos?

O tempo que tenho livre é para aproveitar a minha filha (Valentina, de 4 anos). E me considero um ótimo pai, daqueles que trocavam fraldas, davam banho… Era um sonho para mim e a minha esposa (Lailane). Agora, estamos pensando em ter outro filho.



É verdade que a Lailane foi sua primeira e única namorada?

É, sim. Nós namoramos desde os 12 anos de idade. Nós nos conhecemos com 5 anos, porque éramos da mesma sala de aula e a mãe dela era a nossa professora. Durante todo esse tempo, só ficamos um ano longe, quando eu tinha 15 para 16.



Como aplica o dinheiro que ganha?

Eu me preocupo bastante com isso, porque sei que a carreira de jogador e curta. O primeiro passo é sempre guardar um dinheirinho. E, sempre que surge uma oportunidade boa, eu invisto em imóveis.


9852 visitas - Fonte: Blog Jorge Nicola/YAHO

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