'Ué, já estão querendo ocupar o meu lugar?': o último dia de Oswaldo no Palmeiras

10/6/2015 08:09

'Ué, já estão querendo ocupar o meu lugar?': o último dia de Oswaldo no Palmeiras

'Ué, já estão querendo ocupar o meu lugar?': o último dia de Oswaldo no Palmeiras

Oswaldo de Oliveira apareceu de surpresa para conversar com a imprensa



"Ué, já estão querendo ocupar o meu lugar?"



Poucos profissionais de imprensa trabalhavam no local, quando uma voz conhecida surge na sala de entrevistas. Era Oswaldo de Oliveira. A camisa xadrez e o estilo moderno combinavam com o sorriso no rosto, mas contrastavam com o momento. O trabalho de seis meses no Palmeiras acabou interrompido horas antes por Paulo Nobre e diretoria.



A cara de surpresa dos jornalistas presentes foi inevitável. Ninguém esperava mais Oswaldo naquele momento, e até ele sabia disso. "Vocês nem estavam me esperando mais, que desprestígio", disse o já ex-treinador palmeirense, antes de perceber que nem o clube imaginava ser palco da última entrevista do treinador.



"Ah, não tem nem microfone! Foi surpresa? Eu avisei que viria, ué! Quem sou eu para surpreender?", perguntou Oswaldo. O técnico de 64 anos, 40 deles dentro do futebol, não se surpreende mais com nada; quanto menos com uma demissão em um grande clube.



Paulo Nobre, o grande mandatário do Palmeiras, reuniu-se com Oswaldo na tarde desta terça-feira para comunicar a decisão: o clube alviverde iria encerrar o compromisso e procurar um novo comandante. A notícia já era esperada pelo agora ex-comandante alviverde. "Torcia para que fossem apenas boatos", disse o técnico vice-campeão paulista.



Contudo, não eram apenas especulações. Reabastecido de alegria - e fora da pressão vivida no dia a dia palestrino - após ganhar a primeira neta, Júlia, Oswaldo de Oliveira desembarcou do Rio de Janeiro rumo à Academia de Futebol para o que se tornou o seu último dia como técnico palestrino.



A pressão por bons resultados tornou insustentável a continuidade do trabalho. Paulo Nobre repetiu o 'mantra' comum de sua gestão e preferiu ‘poder errar na ação' do que pela ‘omissão'.



Antes de Oswaldo surpreendentemente aparecer na sala de imprensa da Academia, o presidente palmeirense justificou a demissão. Ao lado do advogado André Sica e do vice Maurício Galiotte, o mandatário resumiu o tratado na reunião: os resultados atrapalharam Oswaldo.



"Viemos a público comunicar que Oswaldo de Oliveira não é mais o técnico da Sociedade Esportiva Palmeiras. Acabamos de conversar com o profissional com o qual deseja muita sorte, tem muito respeito pela pessoa e profissional. Ele seguirá o seu caminho e o Palmeiras o seu", resumiu Nobre, no primeiro pronunciamento oficial desde a saída do comandante.



A conversa de Nobre era previsível. A de Oswaldo, não. Depois do fim da coletiva do presidente, grande parte dos profissionais de imprensa deixou a sala; até mesmo a assessoria de imprensa palmeirense não esperava a atitude repentina do treinador, que subiu as escadas e apareceu para dar a sua versão dos fatos.



Oswaldo expôs a mágoa pela demissão, pela interrupção do trabalho, mas em nenhum momento criticou Paulo Nobre. Pelo contrário. "Paulo Nobre é ético. Eu nunca vi um presidente de clube assim; ele é uma grata surpresa como administrador esportivo, fiquei muito feliz de conhecer um cara como ele", garantiu.



Assim, com agradecimentos, Oswaldo deixou o Palmeiras. Inclusive, a imprensa recebeu o carinho do treinador, a quem dirigiu as últimas palavras antes de deixar o local. "Rapaziada, nos vemos por aí".









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