Marcelo usa o esquema preferido de Oswaldo (Foto: Ramon Bitencourt/LANCE!Press)
Oswaldo de Oliveira é um fã confesso dos Beatles, tem a fala mansa e aparenta estar sempre tranquilo. Equipes dirigidas por ele atuam sempre no 4-2-3-1, com volantes ajudando a atacar e atacantes ajudando na marcação.
Marcelo Oliveira, prestes a ser anunciado como substituto de Oswaldo, é um fã confesso dos Beatles, tem a fala mansa e aparenta estar sempre tranquilo. Equipes dirigidas por ele atuam sempre no 4-2-3-1, com volantes ajudando a atacar e atacantes ajudando na marcação. Eles têm muito em comum.
Os torcedores que viam teimosia na insistência de Oswaldo pelo 4-2-3-1 correm risco de se decepcionar com Marcelo Oliveira. Antes de ser demitido pelo Cruzeiro, semana passada, o atual bicampeão brasileiro vinha recebendo críticas em Minas Gerais por não abrir mão do esquema mesmo sem ter jogadores facilmente adaptáveis a ele.
Marcelo pediu insistentemente um camisa 10 - Valdivia era um dos desejos -, mas não recebeu. Com isso, improvisou jogadores de lado, como Judivan, na função de armador centralizado.
Mas foi com essa formação tática que o treinador começou a se destacar na função. No Coritiba, bateu o recorde mundial de vitórias consecutivas (24, em 2011) com direito a goleada por 6 a 0 sobre o Palmeiras. Foi campeão estadual invicto e chegou duas vezes à final da Copa do Brasil (2011 e 2012), com duas derrotas: para Vasco e... Palmeiras! Esta última ainda engasgada, devido a erros de arbitragem no jogo de ida, vencido pelo Verdão por 2 a 0, em Barueri.
Depois de uma passagem rápida e decepcionante pelo Vasco, foi para o Cruzeiro e consolidou-se como um dos melhores do Brasil com o título mineiro de 2014 e, é claro, a conquista dos dois últimos Brasileiros. Além de mais um vice da Copa do Brasil, diante do rival Atlético-MG. Tudo no 4-2-3-1...
Uma característica de Marcelo Oliveira que tem tudo para auxiliar o Palmeiras é o fascínio pelos treinos de bola parada. Na Raposa, era comum vê-lo ensaiando jogadas - embora fosse proibido registrar imagens - e colhendo frutos durante os jogos, com gols.
Além disso, não abre mão de ver os jogadores ensaiando faltas e pênaltis todos os dias, sem exceção. Pênalti, como se sabe, é um problema para o Verdão em 2015, com três erros (dois de Dudu e um de Zé Roberto) e só um acerto (Cristaldo) - considerando apenas cobranças feitas durante os 90 minutos.
Marcelo Oliveira se define como um cidadão "muito normal", o que contrasta com os longos cabelos que ele cultivava quando era meia-atacante do Atlético-MG, nas décadas de 70 e 80. Foi nessa época que ele se tornou discípulo de Telê Santana, seu técnico no Galo. Dele, herdou a filosofia de que time que está com a bola jamais vai tomar gol, mas não o jeito explosivo.
Em abril de 2014, Marcelo teve uma discussão com o zagueiro Léo durante um treino do Cruzeiro. Chamou a atenção mais por ser algo inédito do que pelo tom da voz.
- Você não entendeu, cara. Eu estou mandando, não estou te pedindo - disparou o comandante.
Ele tem três fiéis escudeiros, que também chegarão ao Palestra: os auxiliares Tico e Ageu, ex-jogadores, e o preparador Juvenilson.
- O professor Marcelo é um cara tranquilo, conversa bastante com cada um dos jogadores e procura ajudar todo mundo. É um ótimo treinador e foi um prazer ter trabalhado com ele. Apesar do pouco tempo, me ajudou em muitas coisas, e quem for trabalhar com ele só tem a ganhar. Desejo muita sorte onde quer que ele vá - disse ao LANCE! o lateral-esquerdo Pará, do Cruzeiro.
Com a palavra, Artur Moraes
Repórter da Rádio Itatiaia, de MG
"O Marcelo Oliveira é um cara muito tranquilo, light para lidar com imprensa, jogadores... Não é espalhafatoso, nem faz pose. É um técnico que não faz marketing, muito profissional, não grita, e tem um jeito mais tranquilo.
Ele tinha uma crença muito forte no esquema dele, sempre ofensivo. Durante a passagem dele pelo Cruzeiro, deu para perceber sua competência, que é um cara trabalhador, e que tem como grande virtude armar as suas equipes para frente. Ele é estilo o Telê Santana, com um futebol alegre.
Nos mata-matas, principalmente da Libertadores, faltou alguma coisa, mas mesmo assim o trabalho foi muito bom. Um cara boleirão, com estilo mineiro e que trata o elenco como família. Os jogadores gostavam muito dele, e foram poucos problemas, como com o Souza, que queria ser titular. Hoje, é um técnico de ponta e que sabe trabalhar em uma competição de pontos corridos. De zero a dez, ele é nota nove, porque dez só perfeição, e aí só grandes mestres, como o Telê".
Com a palavra, Gilmar Laignier
Repórter do jornal Estado de Minas
"Marcelo faz o tipo conciliador. O Cruzeiro contratou muita gente em 2013, quando ele chegou, e tinha jogadores com histórico de problemas: Dagoberto, Diego Souza, Borges... Ele soube lidar muito bem com isso. É um sujeito bem calmo, muito mais de conversa do que de grito, e sempre foi extremamente cordial com a imprensa, mesmo quando as perguntas eram mais ásperas.
Marcelo Oliveira e Alexandre Mattos eram muito próximos. Quando saiu do Cruzeiro, o Marcelo chegou a dizer que o elo de ligação com a diretoria ficou mais curto. O time de 2013 eles montaram juntos, e em 2014 acrescentaram algumas peças. O Marcelo indicava, e o Alexandre corria atrás. Ou o Alexandre tinha a possibilidade e levava para o Marcelo aprovar.
A principal crítica em cima do trabalho dele, talvez a única, era de que não variava o esquema. Aqui no Cruzeiro, sempre jogou no 4-2-3-1. Em 2013 e 2014, encaixou. Neste ano, não encaixou e ele não variou. Que eu me lembre, em um único jogo ele entrou com três volantes, até por falta de peças. Foi contra o Huracán, perdeu por 3 a 1 e depois voltou ao esquema que sempre gostou".
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