Há uma competição informal entre torcedores pelo maior quadro de sócios-torcedores do Brasil – como há em qualquer assunto, seja patrocínio, bilheteria ou tamanho de torcida, mas esta disputa fora de campo foi incentivada por campanhas de 100 mil sócios dos próprios clubes e ainda é, hoje, pelas frequentes atualizações do "torcedômetro" da Ambev.
Só que o sucesso de um programa é medido por mais fatores do que somente a quantidade de associados. Há duas outras variáveis que precisam ser levadas em conta: inadimplência (500 mil que nada pagam valem tanto quanto nenhum) e preço (500 mil que pagam R$ 1 por mês geram tanto dinheiro quanto 10 mil que pagam R$ 50 mensais). O resultado dessas três variáveis é a receita, e é ela que importa.
Já se pode afirmar, nesta metade de 2015, que o Palmeiras tem o maior quadro social do Brasil. Vejamos: o time alviverde informa à Ambev ter 127.723 sócios-torcedores, enquanto o Internacional, líder do ranking, diz ter 145.138. A questão é que os critérios de inadimplência são diferentes de acordo com o clube.
Cada um informa a cervejaria o número de sócios ativos que lhe parecer adequado. Enquanto o Palmeiras tira da soma um sócio que esteja com mensalidades atrasadas só depois de 90 dias, o Inter leva 365, um ano. Na realidade, os gaúchos têm em torno de 102 mil adimplentes, atrás até do Corinthians, hoje com 107.436, cujo critério é de 30 dias.
Se este quadro for mantido até o fim da temporada, tudo indica que o Palmeiras, no balanço financeiro de 2015, irá pela primeira vez registrar um faturamento com sócios-torcedores superior ao Internacional. Em 2014 os gaúchos arrecadaram R$ 59 milhões com "sociais", soma de sócios-torcedores e sócios patrimoniais.
Os palmeirenses conseguiram R$ 20,6 milhões num ano que começou com 36.215 sócios em janeiro e terminou com 64.447 em dezembro, metade dos informados em junho de 2015.
O Palmeiras é superior ao Internacional também na frequência de sócios-torcedores no estádio. Na média de Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil em 2014, 58% do público pagante do time paulista eram associados, mas com a maior parte da temporada jogada no Pacaembu. No Allianz Parque, o percentual subiu para 72% em dois jogos. Os gaúchos registraram 66% no total e 69% só no Beira-Rio.
Esta mudança de cenário no futebol brasileiro tende a se repetir com Corinthians e São Paulo. Como o estado de São Paulo tem 44 milhões de habitantes, contra 11,2 milhões do Rio Grande do Sul, é absolutamente natural que isso aconteça à medida que paulistas alcancem gaúchos em termos de gestão e aprendam com eles como tratar um sócio-torcedor. Só não aconteceu antes por mérito colorado.
+ Baixe o relatório Sócios e Torcedores e compare dados – números de sócios-torcedores, critérios para inadimplência, receitas, divisão geográfica e por sexo do quadro social, aproveitamento dentro do próprio estado, frequência de associados em estádios – dos 12 clubes mais populares do Brasil.
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