Valdivia se despede do Verdão após 241 jogos, em duas passagens (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)
A relação de amor e ódio entre Palmeiras e Valdivia está bem perto de um ponto final. Classificado para as semifinais da Copa América, competição que está sendo disputada em seu país, o meia não tem se manifestado sofre o futuro. Mas o Al Wahda, dos Emirados Árabes, na última quinta-feira, se antecipou e anunciou a contratação do jogador - o contrato será assinado depois do torneio de seleções.
Depois de várias polêmicas e de momentos altos e baixos, o Mago deve encerrar sua segunda passagem pelo Verdão após ver a negociação de sua renovação contratual fracassar. Desde o fim do ano passado, meses após ver sua negociação com o Al Fujairah fracassar, os dois lados falavam publicamente sobre o interesse em prorrogar o atual vínculo, válido até agosto. Na prática, porém, isso nunca foi um objetivo fácil de ser alcançado.
Defensor do atleta, o presidente Paulo Nobre sempre se mostrou disposto a conversar. Repetiu diversas vezes o discurso de que o Valdivia, motivado, era um dos principais meias do país. Mas em 2015, com a chegada de Alexandre Mattos, a situação mudou.
A primeira ideia da diretoria era definir a situação do chileno ainda em janeiro. Depois, os palmeirenses adotaram discurso de que "nenhum atleta era mais importante que o clube". Já nas últimas semanas, todos viraram defensores e apoiadores da permanência de Valdivia.
Publicamente, o meio-campista fez duras críticas a Alexandre Mattos no Twitter, mas se desculpou logo em seguida. Depois, reclamou da demora da diretoria para apresentar uma oferta, feita somente no fim de março. Com a proposta em mãos, que previa bonificação por produtividade e uma significativa redução salarial, o atleta se revoltou e nem fez uma contraproposta.
Pessoas próximas a Valdivia culpam Mattos pela saída do atleta, que teria até questionado a postura do dirigente durante negociação com o Cruzeiro - em Minas, o jogador era apontado como fora dos planos de Oswaldo de Oliveira, mas na Academia de Futebol o discurso sempre foi de que ele era peça importante e fundamental no planejamento palmeirense.
No início desta semana, Alexandre Mattos falou novamente sobre a renovação de Valdivia e afirmou que haviam criado a falsa impressão de que ele seria contra a renovação. O dirigente, inclusive, ressaltou que tentou levar o atleta para o Cruzeiro três vezes e teria solicitado a renovação ao presidente Paulo Nobre.
Nos cinco anos de contrato, além das polêmicas e lampejos, Valdivia sofreu com as lesões. O jogador desfalcou o Verdão em inúmeras oportunidades por conta de problemas musculares, quase sempre. Em todas as temporadas ele perdeu partidas importantes por não ter condições de atuar e, no total, acabou atuando menos de 50% dos jogos da equipe nesta sua segunda passagem pelo clube.
Por causa das dificuldades físicas, o relacionamento do Mago com os departamentos médico e de fisioterapia nunca foi dos melhores. E ele deixou isso claro quando contratou o cubano José Amador, seu fisioterapeuta particular, para trabalhar no Verdão, em 2014. Neste ano, já sem o amigo no clube, postou foto em uma rede social dizendo que sentia falta dele e que, caso estivesse no Palmeiras, ele já estaria jogando - só estreou na temporada em abril.
Com 241 jogos pelo Verdão, o Mago deve se despedir depois da Copa América sem a oportunidade de quebrar o recorde do ex-lateral-direito Arce - com 243 partidas, é o estrangeiro que mais vezes vestiu a camisa alviverde.
Relembre alguns momentos marcantes de Valdivia no Palmeiras:
O PRIMEIRO "CHORORÔ"
Na primeira fase do Paulistão de 2008, o Palmeiras entrou em campo no Morumbi para enfrentar o Corinthians. Valdivia foi o nome da partida. Autor do gol da vitória de 1 a 0, o atleta provocou os alvinegros na comemoração.
RIVALIDADE COM CENI
Na semifinal do Paulistão de 2008, o Verdão encarou o São Paulo, no antigo estádio Palestra Italia. Após abrir o placar com gol de Léo Lima, os donos da casa definiram a classificação com um gol de Valdivia. Na comemoração, mais provocação, desta vez contra Rogério Ceni. Depois, os dois se estranharam, e o goleiro empurrou o rosto do palmeirense durante uma discussão.
PRIMEIRO TÍTULO
Contra a Ponte Preta, o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo não tomou conhecimento da Macaca e atropelou. Foram duas vitórias: 1 a 0, em Campinas, e 5 a 0, no Palestra Italia. No jogo de volta, Valdivia marcou o terceiro gol. Meses depois, acabou negociado com o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos.
VIDA PESSOAL
Em 2011, Valdivia disse ter sido vítima de extorsão. Na ocasião, um fotógrafo teria feito fotos do atleta beijando uma mulher durante uma festa. O assunto foi superado. Em 2012, o Mago sofreu outro baque fora de campo. O atleta e sua esposa foram vítimas de um sequestro relâmpago em São Paulo. Ele cogitou deixar o Brasil, mas, com o apoio de Luiz Felipe Scolari, continuou no país. Com o camisa 10 em campo, o Palmeiras bateu o Grêmio, em Barueri, e garantiu classificação para a final da Copa do Brasil de 2012.
SEGUNDO TITULO
Na primeira partida da final da Copa do Brasil de 2012, contra o Coritiba, Valdivia marcou de pênalti um dos gols da vitória por 2 a 0, em casa, mas acabou expulso. Mesmo assim, viajou com o elenco e fez a festa no estádio Couto Pereira.
SÉRIE B
Com Valdivia, Gilson Kleina e jovens como Leandro e Alan Kardec, o Verdão conquistou o título do Brasileiro da Série B, em 2013. Sem muitas dificuldades, a equipe recuperou seu posto na elite do futebol nacional.
CAPITÃO
Em um dos momentos mais críticos do ano de seu centenário, o Verdão se viu lutando novamente contra o rebaixamento, em 2014. Foi aí que surgiu a liderança de Valdivia, que virou capitão e atuou machucado em algumas partidas na reta final do Brasileirão. Em campo, ele chamou a responsabilidade, mas não melhorou muito a produção da equipe. Mesmo assim, o time conseguiu se manter na elite.
DESPEDIDA DE GALA
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