Marcelo Oliveira é adepto do 4-2-3-1, da técnica e da velocidade nos contragolpes desde o tempo de Coritiba. Manteve o esquema, criticado de forma equivocada, no Palmeiras que massacrou o São Paulo no Allianz Parque. Juan Carlos Osorio armou o 4-3-3 de sempre com Ganso de interior esquerdo, como cantou na coletiva de apresentação
A tônica do jogo foi simples: São Paulo com a bola, Palmeiras agredindo sem. Hudson fazia a saída de 3 entre os zagueiros para laterais afundarem (mecanismo que Sampaoli usa no Chile) e o Palmeiras o deixava livre, pressionando apenas a partir do meio-campo. Resultado? Tricolores com 68% de posse no primeiro tempo e apenas 2 conclusões. Não houve espaço para concluir melhor.
O tempo ia passando, a ansiedade aumentando e o São Paulo tentava transitar. O Palmeiras roubava e buscava rapidamente o pivô de Leandro Pereira e os meias abertos, junto com as passagens fulminantes de Egídio. O primeiro gol verde nasceu assim, também quando Michel recompõe mal e Souza e Ganso se “desligam” do jogo.
Nada mudou após o segundo gol: São Paulo com a bola, mas sem movimentação e velocidade para sair da marcação palmeirense; Palmeiras compacto e muito intenso, buscando os contragolpes.
Marcelo Oliveira fazia a mesma coisa no Cruzeiro, com um porém: o time era espaçado. Pelo menos ontem o Palmeiras mostrou muita compactação, fechando seus 10 jogadores em curtos espaços de 20 metros. A bola era “entregue” ao São Paulo, que empilhava jogadores no ataque.
Bastava o Palmeiras roubar e Egídio, Rafael, Dudu e Robinho saírem em velocidade para explorar os espaços no campo de defesa. Futebol é física, é espaço e tempo: se os jogadores ultrapassam mais rápido que a recomposição do adversário, conseguem criar ESPAÇOS. Com espaço, há mais tempo para pensar a jogada: há tempo para ser mais técnico, como no gol de Rafael Marques.
Marcar de forma intensa e compacta e ultrapassar gerando espaço, tendo tempo para prevalecer a técnica: essa é a filosofia de Marcelo Oliveira, cuja primeira vitória alviverde teve a mesma base usada por Oswaldo nos 3x0 do Paulista.
Juan Carlos Osorio já implantou seus modernos conceitos: saída de 3, agressividade, posse de bola, volantes versáteis. O chocolate é mais uma prova de que técnico não é o problema do futebol brasileiro: jogadores que não entendem e só querem bola no pé, 4 meses de salários atrasados, necessidade de vitórias. Sem resultados, a pressão aumenta - demissão, a solução mais fácil.
Basta ver a figura abaixo, lance do quarto gol do Palmeiras: enquanto todos correm para tirar o espaço de Egídio (que fará lindo cruzamento), Ganso e Pato apenas assistem, parados, o jogo. Eles aprenderam assim com os pais e empresários - conseguirão tirar da cabeça após adultos?
Para o Palmeiras, o melhor jogo do ano. Como MO disse - agora é manter.
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