Mauricio se emociona em visita ao Allianz Parque (Foto: Murilo Dias)
Atuar por um clube grande e chegar à Europa é o sonho de muitos, mas realidade de poucos no Brasil. Mauricio Nascimento, ex-zagueiro do Palmeiras e hoje na Lazio (ITA), tornou seu desejo em realidade, mas teve que passar por muitas coisas antes de alcançar seus objetivos.
Revelado no Palmeiras, o zagueiro integrou o grupo campeão paulista em 2008, porém ficou marcado pela briga com Obina, na reta final do Campeonato Brasileiro de 2009. Dispensado pelo Verdão após o ocorrido, Mauricio rodou por clubes como Portuguesa, Grêmio, Vitória, Joinville e Sport. Firmou-se apenas no Leão, no ano de 2013, e assim despertou o interesse do Sporting (POR).
- Acabou o vínculo com o Palmeiras e eu acabei escolhendo o Sport de Recife. Fiz o primeiro semestre lá muito bom, fui eleito o melhor defensor do campeonato pernambucano e o Sporting (POR) veio fazer um amistoso com o Náutico e assistiram um jogo meu e acabaram me contratando. Fui para Portugal e tudo foi muito rápido - disse em entrevista exclusiva ao LANCE!, após conhecer o Allianz Parque, novo estádio do Palmeiras.
Mauricio visita Allianz Parque e se emociona no... por LANCETV
A soma das experiências no Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil ajudou Mauricio em sua aventura europeia. Além da bagagem do futebol, o zagueiro amadureceu com toda a sua rodagem e sabia que não podia jogar a chance que havia lhe aparecido. Era a hora de dar a volta por cima:
- Cheguei e falei: “É a oportunidade da minha vida, é agora. Preciso mudar, esquecer tudo o que passou e agora que estou na Europa vou aproveitar a oportunidade”. Logo nos primeiros treinos já comecei a jogar, o treinador me deu a chance. Foi um dos melhores anos da minha carreira. Ficamos em segundo no Campeonato Português e fui eleito com o Luisão como o melhor defensor.
Após atuar pelo Sporting, Mauricio chegou a ser sondado pelo Manchester United (ING), mas contou que não foi para a Terra da Rainha por não ter internacionalização brasileira, e como não tinha jogado nenhum jogo pela seleção principal do Brasil, sua transação aos Reds ficaria mais difícil.
Outro clube interessado em seu futebol foi o Olympique (FRA), no entanto o presidente do Sporting não deu a liberação. Apareceu, então, a Lazio e seu futuro ganhou as cores verde, vermelha e branca.
- Em cinco meses consegui me adaptar rápido. E eu já cheguei jogando, em dois dias de clube joguei contra o Milan. Três dias depois joguei contra o Milan de novo. Na minha vida as coisas têm acontecido muito rápido. Já assumi a titularidade e acabamos o ano com o terceiro lugar e a vaga na Champions.
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Jogar a Champions League não será novidade para Mauricio. Ele já jogou no torneio com a camisa do Sporting. O zagueiro, no entanto, revelou o que sentiu quando ouviu a tradicional música de abertura pela primeira vez:
- Quando tocou a música passou tudo na minha cabeça desde quando eu comecei, quando passei por momentos difíceis onde não tinha nem o dinheiro da passagem, onde tinha que acordar a seis da manhã e chegava as nove da noite em casa. Tinha que ir para a escola, tinha que conciliar. Passou também meu primeiro jogo pelo Palmeiras, a briga, e onde eu estava agora.
Com sua experiência em solo europeu, Mauricio apontou onde o futebol brasileiro falha. Apesar de "grandes melhoras", o defensor disse que ainda estamos atrás:
- Eu acho que o futebol europeu está um pouco mais organizado dentro e fora de campo. Também tem a questão da qualidade do jogador. No Brasil você vê pouco jogador de fora, é mais sul-americano. Na Europa é bem mais misturado. No meu clube tem o Klose da Alemanha, tem italiano, tem francês, albanês. E eles investem mais. Mas o futebol brasileiro tem crescido cada vez mais e a gente fica triste algumas coisas que acontecem.
- Não gosto de entrar nesse meio... Em relação a extravio de algumas coisas que atrapalham tudo - completou.
Mais experiente e jogador de Champions League, o que o Mauricio de hoje, com 26 anos, diria para o Mauricio de 19 anos, das primeiras temporadas de Palmeiras?
- Eu aconselho estar sempre perto da família, sempre perto de pessoas boas, sempre focado. Não pode deixar nada desviar o foco. Quando chegamos num estágio que sobe e começa a ganhar mais, ter situação financeira melhor, a tendência é se perder. Noitada e essas coisas. Eu digo para sempre manter o profissionalismo, o foco.
- Mudei minha mentalidade, até porque morar na Europa, sozinho, a gente amadurece mais rápido. Dou essa dica, não se desviar, se perder, sempre respeitar os mais velhos e sempre ouvir finalizou.
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