[OFF] Artilheiro bem, clube mal: disparidade é frequente na história do Brasileirão

8/7/2015 15:32

[OFF] Artilheiro bem, clube mal: disparidade é frequente na história do Brasileirão

Após 11 rodadas disputadas, atacante Ricardo Oliveira, do Santos, lidera a artilharia, com sete gols, mas o Peixe está na zona do rebaixamento, com apenas dez pontos

[OFF] Artilheiro bem, clube mal: disparidade é frequente na história do Brasileirão

Atual campeão paulista, o Santos realiza uma fraca campanha neste início de Brasileiro. Com 10 pontos, está na zona do rebaixamento, na 17ª posição. Isso não impede Ricardo Oliveira de se isolar na artilharia do Brasileirão, com sete gols, dois a mais que Renato Cajá, da Ponte Preta, e Fred, do Fluminense. O fato soa curioso, mas não é inédito. O histórico do campeonato mostra goleadores que atuavam por times que não disputavam as primeiras posições.



Isso tornou-se mais comum após a implantação do sistema de pontos corridos, em 2003, quando todos os participantes passaram a disputar o mesmo número de partidas. Em 12 edições, o campeão teve também o artilheiro apenas em 2009 (Flamengo e Adriano) e 2012 (Fluminense e Fred). Maior goleador numa única edição do Brasileiro, com 34 gols, o atacante Washington, do Atlético-PR, foi vice-campeão em 2004.



Em oito oportunidades, o artilheiro atuava por um clube que não ficou nem sequer entre os cinco primeiros colocados. O principal exemplo foi Josiel, que em 2007 marcou 20 gols, mas não evitou o rebaixamento do Paraná, penúltimo lugar. No ano seguinte, Keirrison, Washington e Kleber Pereira fizeram 21 gols cada, mas Coritiba, Fluminense e Santos ficaram apenas na nona, 14ª e 15ª posições, respectivamente.



Segundo o comentarista Lédio Carmona, do SporTV, um time não pode depender do seu goleador.





Atacante Josiel foi artilheiro do Brasileirão em 2007, com 20 gols, mas não evitou o rebaixamento do Paraná (Foto: Agência Lance)



- Geralmente, quando o clube depende do goleador, o time não é bom, e a bola dificilmente chega nele. É preferível um time homogêneo de qualidade com um artilheiro matador a um time carente de peças de qualidade em outros setores que depende de um goleador. Isso só funciona quando o goleador resolve individualmente, mas isso está cada vez mais raro no futebol brasileiro. O goleador precisa que o time jogue para ele, mas coletivamente. Ele (artilheiro) é apenas uma parte da engrenagem.



Opinião semelhante tem o ex-jogador Junior, comentarista da TV Globo. Ele ressalta a qualidade técnica do atacante Ricardo Oliveira, mas afirma que o importante é o goleador fazer gols que se traduzam em pontos na tabela de classificação.



- Pelo que temos visto no time do Santos, o lado individual do Ricardo Oliveira está sobressaindo mais que o coletivo da equipe, pois o ideal e o que normalmente ocorre é o artilheiro acompanhar o rendimento do time. Mas o desempenho do Ricardo em si não surpreende, pois é um jogador de qualidade, que foi goleador por onde passou, mas não está sendo acompanhado pelo restante da equipe. Independentemente da disputa pela artilharia, o importante é você ter um goleador que te garanta uma quantidade de gols e, sobretudo, de pontos ao longo do ano.



De 1971 até 2002, o regulamento do Brasileiro mudava a cada ano. O que não mudava era a chance maior de o campeão ter também o artilheiro, pois disputava mais partidas. Das 32 edições, metade teve o artilheiro jogando pelo campeão (10 vezes) ou vice (seis). A pior colocação do time de um goleador foi o America do atacante César em 1979, com um 23° lugar. Mas há um atenuante: esse ano teve 94 participantes, número recorde na história do nacional.



Artilheiros do Brasileiro de 1971 a 2002 e a colocação de seus times



1971 - Dario (15 gols) - Atlético-MG (campeão) - foram 20 participantes

1972 - Dario e Pedro Rocha (17 gols) - Atlético-MG (11° lugar) e São Paulo (nono lugar) - 26 participantes

1973 - Ramon (21 gols) - Santa Cruz (16° lugar) - 40 participantes

1974 - Roberto Dinamite (16 gols) Vasco (campeão) - 40 participantes

1975 - Flávio (16 gols) - Internacional (campeão) - 42 participantes

1976 - Dario (16 gols) - Internacional (campeão) - 54 participantes

1977 - Reinaldo (28 gols) - Atlético-MG (vice-campeão) - 62 participantes

1978 - Paulinho (19 gols) - Vasco (quarto lugar) - 74 participantes

1979 - César (13 gols) - America (23° lugar) - 94 participantes

1980 - Zico (21 gols) - Flamengo (campeão) - 44 participantes

1981 - Nunes (16 gols) - Flamengo (6º lugar) - 44 participantes

1982 - Zico (20 gols) - Flamengo (campeão) - 44 participantes

1983 - Serginho Chulapa (22 gols) - Santos (vice-campeão) - 44 participantes

1984 - Roberto Dinamite (16 gols) - Vasco (vice-campeão) - 41 participantes

1985 - Edmar (20 gols) - Guarani (15ª posição) - 44 participantes

1986 - Careca (25 gols) - São Paulo (campeão) - 48 participantes

1987* - Muller (10 gols) - São Paulo (6º lugar) - 16 participantes

1988 - Nilson (15 gols) - Internacional (vice-campeão) - 24 participantes

1989 - Túlio (11 gols) - Goiás (10ª posição) - 22 participantes

1990 - Charles (11 gols) - Bahia (4º lugar) - 20 participantes

1991 - Paulinho McLaren (15 gols) - Santos (6º lugar) - 20 participantes

1992 - Bebeto (18 gols) - Vasco (3º lugar) - 20 participantes

1993 - Guga (15 gols) - Santos (5º lugar) - 32 participantes

1994 - Amoroso e Túlio (19 gols) - Guarani (3º lugar) e Botafogo (5º lugar) - 24 participantes

1995 - Túlio (23 gols) - Botafogo (campeão) - 24 participantes

1996 - Paulo Nunes e Renaldo (16 gols) - Grêmio (campeão) e Atlético-MG (3º lugar) - 24 participantes

1997 - Edmundo (29 gols) - Vasco (campeão) - 26 participantes

1998 - Viola (21 gols) - Santos (3º lugar) - 24 participantes

1999 - Guilherme (28 gols) - Atlético-MG (vice-campeão) - 22 participantes

2000** - Adhemar (22 gols) - São Caetano (vice-campeão) - 79 participantes

2001 - Romário (21 gols) - Vasco (11ª posição) - 28 participantes

2002 - Luis Fabiano e Rodrigo Fabri (19 gols) - São Paulo (5ª posição) e Grêmio (3ª posição) - 26 participantes



Artilheiros do Brasileiro desde 2003 e a colocação de seus times



2003 - Dimba (31 gols) - Goiás (9º lugar) - 24 participantes

2004 - Washington (34 gols) - Atlético-PR (vice-campeão) - 24 participantes

2005 - Romário (22 gols) - Vasco (12º lugar) - 22 participantes

2006 - Souza (17 gols) - Goiás (8º lugar) - 20 participantes

2007 - Josiel (20 gols) - Paraná (19º lugar) - 20 participantes

2008 - Washington, Keirrison e Kleber Pereira (21 gols) - Fluminense (14º lugar), Coritiba (9º lugar) e Santos (15º lugar) - 20 participantes

2009 - Adriano e Diego Tardelli (19 gols) - Flamengo (campeão) e Atlético-MG (7º lugar) - 20 participantes

2010 - Jonas (23 gols) - Grêmio (4º lugar) - 20 participantes

2011 - Borges (23 gols) - Santos (10º lugar) - 20 participantes

2012 - Fred (20 gols) - Fluminense (campeão) - 20 participantes

2013 - Ederson (21 gols) - Atlético-PR (3º lugar) - 20 participantes

2014 - Fred (18 gols) - Fluminense (6º lugar) - 20 participantes



* Considerada a Copa União

** Considerados os quatro módulos da Copa João Havelange







3348 visitas - Fonte: Globo Esporte

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