Insinuação de 'corintianismo' e discurso com frase machista marcam audiência de Dudu

Um dos momentos mais aguardados pelo torcedor palmeirense nesta segunda-feira, o julgamento do atacante Dudu, acabou não trazendo boas notícias aos fãs alviverdes, uma vez que a punição de 180 dias foi mantida ao atleta. No entanto, a audiência que durou 2h30 foi marcada por outros momentos distintos, de forma positiva ou negativa, aos presentes.



O auditor Wladimir Cassani, por exemplo, roubou a cena durante sua declaração que durou mais de 20 minutos. Principalmente após um comentário considerado com teor de machismo, que provocou mal-estar e acabou gerando reação até do próprio Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo



"Tem gente que se pergunta por que o goleiro pega a bola com a mão e ninguém marca falta, principalmente as mulheres", afirmou o auditor, apesar de a sala contar com a presença de várias jornalistas do sexo feminino. O presidente do TJD-SP, Mauro Marcelo de Lima e Silva, não deixou barato e se desculpou logo após o término do longo discurso do relator.



"Só queria dizer que acho que as mulheres entendem de futebol. Poderia citar minha esposa e minha filha como exemplos, além aqui da doutora Sônia Andreotti Carneiro Frúgoli", definiu Lima e Silva, citando uma das relatoras presentes no próprio julgamento de Dudu.



E a fala considerada machista não foi a única polêmica de Cassani. Em um longo discurso, ele citou até Fernandinho Beira-Mar, arrancou uma foto encontrada no Google de quem dizia ser Rafael Sóbis - mas, segundo alguns internautas no Twitter, era na verdade Rafael Moura - e fez tudo isso para dar um exemplo do zagueiro Thiago Heleno. A quem o relator, aliás, deu "graças a Deus" por ter ido embora do Palmeiras. O voto do auditor, por sinal, foi para redução da pena para apenas seis partidas.



Cassani comentou, na verdade, sobre um exemplo usado pelo departamento jurídico do Palmeiras referente a Heleno, que no ano passado precisou ser contido em campo por conta de sua irritação com um árbitro. Posteriormente, o auditor confirmou ser torcedor do clube alviverde.



Pouco antes, em contrapartida, o advogado palmeirense André Sica causou claro clima de desconforto entre os auditores ao dizer que o procurador do caso, Alexandre Husni, é "torcedor de um time rival" e ainda conselheiro do Corinthians.



"O parecer não veio da procuradoria-geral, mas sim de um procurador em primeira instância, conselheiro de um time rival do Palmeiras, que já se manifestou no caso do Petros dizendo que aquilo tinha sido desrespeito à arbitragem. É o mesmo procurador", declarou o advogado do Palmeiras, relembrando que o ex-meia alvinegro teve a então punição de 180 dias reduzida posteriormente.



"Independentemente de simpatia que qualquer auditor tenha por um time, nós costumamos julgar com profissionalismo, e não com emoção, ao contrário do que o senhor fez agora na defesa de seu cliente, isso aqui não é um circo", rebateu o presidente Mauro Marcelo de Lima e Silva. Já o relator Aloizio Rodrigues foi outro que manifestou incômodo com a declaração. Sica, diante do desconforto dos auditores, pediu desculpas em seguida.



No fim das contas, por 7 votos a 2, Dudu viu sua pena de 180 dias ser mantida em segunda instância, e agora aguarda o Palmeiras pedir efeito suspensivo para que atue ainda neste fim de semana, pelo Campeonato Brasileiro. O clube alviverde vai tentar reverter a punição no STJD, no Rio de Janeiro.