Diego Souza: carreira marcada pelo fardo de ser 'contratado para resolver'

31/7/2015 09:16

Diego Souza: carreira marcada pelo fardo de ser 'contratado para resolver'

Bombardeado por críticas ao optar pelo Sport, meia curte os louros da decisão, lamenta falta de sequência em um único clube e contesta rótulo de jogador irregular

Diego Souza: carreira marcada pelo fardo de ser 'contratado para resolver'

“Na mira de Flamengo e Palmeiras, Diego Souza surpreende e acerta com o Sport”.



Cerca de um ano depois da manchete que tomou conta da imprensa esportiva, o meia colhe os frutos da ousada decisão. Aos 30 anos e longe de se arrepender da discutível escolha, ele lidera dentro e fora de campo a equipe pernambucana, que cada vez mais se consolida no topo da tabela do Brasileirão.



Chamado de “louco”, Diego Souza curte agora o status de “jogador que resolve”. Adjetivo que, na verdade, acompanha a carreira dele há anos. Uma carreira que o próprio considera “regular”, mesmo com a mudança constante de clubes e algumas polêmicas.





LANCE!: Você fez sucesso em clubes com muito mais apelo... É loucura dizer que você vive a melhor fase da carreira no Sport?

Diego Souza: Vivi momentos distintos na carreira. Esse aqui é um momento ímpar, é um momento maravilhoso. Todos nós superamos as expectativas. Hoje tenho 30 anos, passei por momentos bons, momentos ruins, e esse está sendo um momento sensacional.



LANCE!: Existia uma desconfiança sua com você mesmo? Superou as próprias expectativas?

Diego Souza: Não, não... Até brinco que eu não jogo muita bola, eu tenho sorte. Graças a Deus, em todo lugar que eu vou, eu chego e as coisas começam a caminhar da melhor maneira possível. E aqui no Sport não foi diferente. Nós iniciamos bem o ano e estamos mostrando que temos condições de terminar bem. Isso é o mais importante. Não importa como você começa, mas, sim, como você termina. Mas é claro que começar bem é sempre muito importante.



LANCE!: O que faz do Sport um momento ímpar na carreira?

Diego Souza: Foi uma aposta que fiz no ano passado, quando sem dúvida nenhuma muitos me questionaram: “Que escolha é essa?”, “Onde você está com a cabeça?”, “O que você está pensando?”. Mas foi uma aposta minha, um desafio pessoal.



LANCE!: O que te fez escolher o Sport?

Diego Souza: Estava com 29 anos, já tinha passado por muitas coisas... Era um desafio meu, mas não resolvi sozinho. Tenho a minha família, meu pai e meu empresário. Quando a gente senta, a gente toma uma decisão, e essa decisão foi conjunta. Falei: “Eu quero, eu posso e eu estou disposto a encarar”. Cheguei ao Sport e fui surpreendido positivamente com a estrutura do clube, com a forma de lidar com o atleta. Em 2015, sem dúvida, o clube teve um pouco mais de coragem. Contratou grandes jogadores que têm condições de vestir a camisa do Sport, que têm condições de nos ajudar. Eu penso assim: fiz um caminho mais curto para outros jogadores aceitarem o mesmo desafio. Consegui. Hoje o Sport pode encarar qualquer um de igual para igual.



LANCE!: O adjetivo “louco” foi o mais tranquilo que você escutou quando fechou com o Sport?

Diego Souza: Sou um cara que não escuta muito. Quando boto uma coisa na cabeça, a maioria das vezes eu cumpro. Às vezes estou certo, às vezes estou errado. Mas eu acreditava que eu estava certo ao escolher o Sport. E fiz essa escolha. Hoje o Sport é uma equipe que tem dado muito trabalho. Muitos dos meus amigos até questionaram: “Por que você não vai para o time X?”. Respondi: “Olha, esse desafio é meu, eu quero e tenho condições de ajudar. Então, vou com tudo”. Quando você chega para assumir a responsabilidade de não ser apenas mais um e querer ajudar da melhor maneira possível, você consegue corresponder às expectativas.



LANCE!: Hoje, feliz no Sport, o que você pode dizer para quem te chamou de louco?

Diego Souza: Quando você tem objetivos grandes, você tem que botar na cabeça que pode e consegue, basta lutar e trabalhar bastante.



LANCE!: A meta mínima do Sport é se classificar á Copa Libertadores?

Diego Souza: É uma meta nossa. A gente vê que tem condições, mas não se pressiona também. É claro que existem grandes equipes que às vezes têm muito mais pressão do que nós para conseguir isso, mas sabemos que, se não perdermos jogadores por lesões ou suspensões grandes, temos condições de brigar de igual para igual com todos eles. Vamos buscar uma vaguinha na Libertadores, sim.



LANCE!: O Sport, por ser um clube que não tem muito espaço na imprensa, pode ser prejudicado pela arbitragem? Teme isso?

Diego Souza: Essa história do apito amigo, né? Não acredito nisso, até porque tem acontecido erros graves para todos. Já aconteceu a favor do Sport, contra o Sport. Agora, por que os árbitros não podem ser profissionais? Ao invés de um ser policial, outro ser advogado ou qualquer coisa, que ele possa sair de casa para treinar e trabalhar como eu trabalho. Aí sim você pode cobrar uma coisa mais real, um padrão.



LANCE!: Incomoda ouvir da imprensa que o Sport é “cavalo paraguaio”?

Diego Souza: No início do Brasileirão era até engraçado, porque a gente ouvia muito isso dos comentaristas. Mas o Sport está aí, se mantendo na frente. A nossa equipe tem uma mescla boa. Até os jogadores jovens são profissionais que já têm um pouco de rodagem. Então a gente não pensa muito nisso, que tem que provar. A gente tem que continuar trabalhando forte para conseguir atingir um objetivo que é nosso. Se eles (comentaristas) vão acreditar ou não, no final a gente vê quem tinha razão.



LANCE!: O Sport tem o futebol mais bonito do Brasileirão?

Diego Souza: O futebol mais bonito? Creio que não. O mais eficiente, de repente.



LANCE!: Dá para relacionar o sucesso do Sport com o sucesso do Diego?

Diego Souza: Esse é o meu papel. O meu papel é atuar bem. Tenho segurança para isso, os jogadores que me cercam são de qualidade, sempre me dão essa proteção. Sem dúvida nenhuma, a fase está está sendo maravilhosa, o Sport está em evidência.



LANCE!: Daniel Fernandes, reserva no Corinthians, Marlone, reserva no Cruzeiro e no Fluminense, André, reserva no Atlético-MG... Por que esses jogadores então desacreditados estão vivendo um grande momento no Sport?

Diego Souza: Eu brinco direto com eles, falo que todos estavam precisando de carinho (risos). São grandes jogadores, que têm totais condições de jogar em qualquer equipe no Brasil, mas que às vezes não se encaixam em determinados times, é normal. O André, por exemplo, chegou e para mim particularmente foi uma mão na roda. Em dois ou três treinos a gente já pôs em prática várias coisas. Ele tem me ajudado muito, E o Marlone é um menino que tem um mundo ainda pela frente, tem muita qualidade e força. Ele sem dúvida é mais um grande jogador que o Sport trouxe e que vai deixar saudades se um dia for embora.



LANCE!: Esse “carinho” vem de você?

Diegou Souza: Eu dou carinho, com certeza. Aliás, eu sempre dei. A minha maneira de ser é assim, consigo sempre trazer o grupo para perto de mim. Nunca tive problema nenhum com ninguém, esse é o meu ponto forte. Por onde eu passo eu faço amigos e o grupo sempre está perto de mim.



LANCE!: Também dá bronca?

Diego Souza: Com certeza. Recebo bronca e dou bronca. Joguei com atletas que bronca era o “bom dia”. Então, você tem que saber lidar, você tem que saber apertar quando tiver que apertar e passar a mão quando tiver que passar a mão. Não são só flores, né? Todo lugar tem as suas divergências.



LANCE!: O André, assim como você, já foi muito criticado. É forçado dizer que o André de meses atrás era o Diego Souza do passado? Dá para traçar um paralelo entre vocês?

Diego Souza: É diferente. O André chegou a ser afastado uma vez. Eu nunca fui afastado, eu nunca passei por isso. Sei do que ele vinha passando e sei da vontade que ele está de dar a volta por cima. Desaprender ele não desaprendeu. Ele tem 25 anos, está no auge da carreira e da forma física perfeita. Ele é experiente, já jogou na Seleção Brasileira, foi campeão pelo Santos. Então, um jogador com a qualidade que ele tem, é só ele botar a cabeça no lugar. Colocou a cabeça no lugar, é só jogar futebol e estar numa equipe que está certinha. Quando o André estava vindo para cá, você escuta falar pela imprensa que ele gosta disso, gosta daquilo, que não vai render... Não é bem assim. Jogador que está numa equipe certa, uma equipe que já estava bem arrumada desde o ano passado, vai jogar em outro nível. Ele deixou o o nosso time ainda mais forte.





Diego Souza tem contrato com o Sport até o fim de 2015 (Foto: Aldo Carneiro/LANCE!Press)



LANCE!: Você já viveu altos e baixos... Tem uma autocrítica? Acha que deixou de ser um jogador regular em algum momento?

Diego Souza: Não sei quantos anos eu tenho de Brasileirão, e eu sempre fui o melhor da posição. Tive um momento ruim em 2010, que foi o meu pior momento (saída do Palmeiras e chegada no Atlético-MG). Em 2007, fui o melhor da minha posição jogando pelo Grêmio, cheguei na final Libertadores. Em 2008, fui campeão paulista e cheguei na Libertadores também com o Palmeiras. Em 2009, joguei a Libertadores e fui melhor do Brasileirão com o Palmeiras outra vez. Em 2011, fui o melhor da minha posição novamente e campeão da Copa do Brasil. Em 2012, joguei a Libertadores e fui vendido. Em 2013, cheguei em janeiro no Cruzeiro, joguei nove jogos e fui vendido. Cheguei no final do ano de 2014 e, graças a Deus, fiz uma boa temporada para renovar contrato com o Sport. As pessoas às vezes falam de coisas que eu não vejo da mesma maneira, entendeu?



LANCE!: Que tipo de coisas?

Diego Souza: O Diego Souza é irregular. Pô, todo ano que o Diego jogou, como eu te falei agora, tive sucesso.



LANCE!: Por que acha que te criticam?

Diego Souza: A imprensa pega no meu pé, mas por onde eu passei, sempre fui bem. Comigo sempre foi assim: time X quer montar um bom elenco? Leva o Diego que ele é a principal cabeça. Sempre fui um jogador contratado para resolver os problemas, nunca fui contratado para ajudar a resolver. Sempre fui para resolver, e conseguia ajudar da melhor forma possível. Mas tem certas horas que você não dá.



LANCE!: Talvez as críticas surgem porque você costuma colocar muito a cara a tapa, não?

Diego Souza: Sempre coloquei, nunca tive medo. Não posso ter medo de assumir as responsabilidades. Tomei muita pancada por causa disso. Um momento que eu tomei muita porrada foi quando o Palmeiras não ganhou o Brasileirão de 2009. Nunca falei disso, mas fui o jogador mais regular. E perdemos três jogadores por lesão: Cleiton Xavier, Pierre e Maurício Ramos. Eles eram o espelho, eles aguentavam a pressão. E eu também saí, fui convocado à Seleção. A gente estava com seis pontos de vantagem na liderança. Fiquei dois jogos fora, dois jogos que a gente não poderia perder. Conquistamos apenas um ponto e perdemos a confiança. Com a fase ruim, coloquei a cara a tapa. Mas não me arrependo disso. Se precisar, vou botar a cara outra vez. Só não vou botar a cara em momentos em que perceber que tem sacanagem. Quero servir de exemplo para os mais jovens.



LANCE!: Como enxerga o rótulo de jogador "bad boy"?

Diego Souza: Já ouvi isso, mas sempre fui de grupo. Fiz amigos e sou querido em todos os lugares. Já me apelidaram disso, mas o meu coração é puro, é bem tranquilo, é bem de paz.



LANCE!: Não ter tido sequência em um mesmo clube te atrapalhou?

Diego Souza: Eu era um jogador da Traffic, então isso me fez rodar bastante. O Diego Souza rodar era bom para Traffic. Uma vez questionei porque não fui vendido para fora do Brasil num momento que estava bem. A resposta foi: “Porque não era interessante”. O futebol tem os seus interesses. Além de conseguir me vender, eles tinham prioridades em jovens jogadores e algumas porcentagens, e isso sempre foi mais importante. Era bom para eles, e às vezes era bom para mim. Eu gostaria de ter tido uma passagem mais longa em alguns dos clubes que tive sucesso, até para se tornar realmente um ídolo e entrar na história de verdade Gostaria de ter sido referência, mas...



LANCE!: Acha que dava para ter batido o pé em alguma situação?

Diego Souza: A minha rabiola é grande (risos). Tenho filhos, esposa, pais, irmãos... Ajudo toda a minha família. Sou mercenário? Não. Sempre trabalhei em busca de melhorias. Isso acontece no futebol, acontece no jornal, em todos os lugares. Você sempre acaba indo em busca de uma coisa melhor. Como eu disse, no momento era bom para todo mundo, então eu acabava fazendo que desse certo.



LANCE!: Você coloca muito a cara a tapa. Por outro lado, prefere compartilhar a boa fase com os companheiros. Depois de tanto “apanhar”, não é a hora de curtir e pegar os elogios?

Diego Souza: Eu curto. Só que não sou um jogador vaidoso. Sei o tamanho da minha importância, mas eu sei também da importância dos meus companheiros pro meu sucesso. Então, não posso falar do Diego, tenho que falar do meu time. Meu time é forte. O Diego é forte? Sozinho não. Com o meu time do meu lado, com aquele exército que eu tenho, com certeza sou forte. É um exército mesmo, sem dúvida (risos). Tem soldado ali que você pode contar.



LANCE!: A sua permanência no Sport em 2016 depende da Libertadores?

Diego Souza: Essa é uma decisão que passa pelo Metalist também, ainda sou do Metalist. É complicado. Agora, ter uma Libertadores pela frente, sem dúvida fica mais fácil para mim, para o clube, o orçamento vai ser maior e isso talvez ajude na renovação. O mais importante é o Sport continuar forte.







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