Com diálogo aberto, árbitros cessam atos e esperam reavaliação de veto

Em assembleias estaduais, arbitragem descarta paralisação nacional e decide entrar em "estado de greve" por 30 dias. Período será para conversas com poder executivo

Árbitros fazem assembleias, suspendem protestos e esperam aprovação de item da MP (Foto: Divulgação/Anaf)



Os árbitros dos 26 estados e do Distrito Federal se reuniram em assembleias na quinta-feira e decidiram suspender os protestos contra o veto da presidente Dilma Rousseff. No início deste mês, o poder executivo sancionou a Medida Provisória 671 (MP do Futebol), que refinancia as dívidas dos clubes, estimadas em R$ 4 bilhões.



O item do direito de arena dos árbitros, porém, não passou. Como foi aberto o diálogo com os políticos, a arbitragem espera uma nova resposta nos próximos 30 dias e descarta paralisação das atividades durante esse período.



O encontro foi feito de forma simultânea, coordenado pela sede da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), em Florianópolis. Na capital catarinense, 21 árbitros estiveram presentes, entre eles Héber Roberto Lopes. O presidente da Anaf, Marco Antônio Martins, afirmou que novas assembleias estaduais estão marcadas para 14 de setembro. Protestos só ocorrerão novamente caso as conversas não avancem nesse período.



– Ficou decidida a suspensão dos atos por 30 dias, em estado de greve. Suspendemos as manifestações temporariamente. Daqui a 30 dias vamos reavaliar. Abrimos negociação com Senado, Câmara e governo federal, já temos um diálogo com a CBF e na próxima semana, nos dia 20 ou 21, teremos uma audiência com deputados para falar sobre o assunto. O veto deve retornar para o Congresso, e aí o texto pode ser aprovado – disse Martins.



De acordo com o item vetado, os árbitros receberiam 0,5% dos valores de direitos de transmissão da TV. Na próxima semana, segundo o Marco Antônio Martins, a Anaf vai à Justiça para proibir a veiculação da imagem dos árbitros na TV.



– Na próxima terça-feira, entraremos com a liminar para impedir a veiculação das imagens dos árbitros. Isso foi aprovado na assembleia, e nosso departamento jurídico está trabalhando. Não adianta fazer greve se ainda estamos tomando os procedimentos.



Não esgotamos todas as alternativas ainda. Fizemos movimento, mobilizamos o pessoal e agora vamos tentar resolver no consenso e conversa. Temos uma avaliação 100% positiva dos nossos atos. Vamos avaliar a melhor forma nesses 30 dias – concluiu.



Entenda o caso



Na última quarta-feira, antes dos jogos da 18ª rodada do Brasileirão, os quartetos de arbitragem fizeram um protesto simbólico. No centro do gramado, levantaram a placa eletrônica com os números zero e cinco, indicando a porcentagem dos direitos de arena.



O repasse de 0,5% dos direitos de transmissão da TV significaria, segundo o presidente da Anaf, R$ 9 milhões, valor que seria distribuídos à classe por campeonato. Ainda de acordo com Martins, isso renderia algo em torno de R$ 10 mil por partida ao quarteto de arbitragem.



Atualmente, os árbitros que possuem escudo Fifa ganham cerca de R$ 4 mil por jogo. Um aspirante à Fifa recebe por volta de R$ 3,2 mil, e os demais ficam com R$ 3 mil. Todos em valores brutos.



O Brasil tem cerca de 85 mil árbitros, incluindo o das ligadas amadoras, que também têm direito a voto de acordo com o estatuto de cada sindicato. Deste total, aproximadamente 600 são filiados à CBF, enquanto outros cinco mil são ligados às federações estaduais.

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