Ei, Crefisa, o Palmeiras não é Football Manager

18/8/2015 13:47

Ei, Crefisa, o Palmeiras não é Football Manager

Ei, Crefisa, o Palmeiras não é Football Manager

A empresa de Leila bancou a chegada de Barrios, mas parece muito mais parceira de Nobre do que do Palmeiras



Nos últimos quinze dias, enquanto dentro do campo o Palmeiras descia do céu do terceiro lugar ao inferno da oitava posição e das três derrotas consecutivas, duas notícias relacionadas à Crefisa, patrocinadora máster do time de futebol, me incomodaram bastante fora de campo.





A primeira delas foi uma entrevista de Leila Ascencio Pereira ao Lance!. Leila, para quem não sabe, é presidente da Crefisa e diretora-geral da Faculdade das Américas - que foi, não por acaso, a sede da apresentação de Barrios, que recebeu dela a camisa do clube. No mesmo dia, Nobre admitiu que o combo Crefisa/FAM estava bancando a chegada do paraguaio.





Na entrevista, Leila diz que a Crefisa quer "ir além" do que foi a Parmalat como parceira do Palmeiras. Cita que a empresa gastou R$ 40 milhões com a chegada de Barrios, mas que ele "é do Palmeiras". Diz que "não há previsão de investimentos" porque a empresa é familiar, então ela e o marido, José Roberto Lamacchia, têm carta branca para colocar dinheiro no Palmeiras sempre que acharem necessário e que a ideia do clube for boa. Promete "fazer os torcedores muito felizes". Fala que é possível até mesmo comprar o estádio da W/Torre e entregá-lo ao Palmeiras antes do prazo da confusa e polêmica parceria com a consrutora. Mas condiciona a renovação da parceria, que acaba até o fim de 2016, à permanência do grupo político de Nobre no comando. Ao ser perguntada sobre uma possível renovação:



Sim, se continuar essa mesma administração. O que anima o patrocinador é a seriedade da administração. Ninguém quer jogar dinheiro no lixo, nós queremos saber para onde vai o dinheiro. O objetivo é tornar o Palmeiras forte. Se nós sentirmos que o sucessor do Paulo é tão sério quanto ele o patrocínio vai ser bem duradouro.



Então a gente conclui que a parceria desejada pela Crefisa não é com o Palmeiras, e sim com um determinado grupo político. Já é preocupante por uma série de razões, a começar pela possibilidade de chantagem política na hora da campanha eleitoral: "Se o candidato X ganhar voltaremos a ficar sem patrocínio". Uma parceria de longo prazo, afinal, precisa ser negociada com uma instituição, não com pessoas.





Mas a pulga atrás da orelha veio mesmo na semana passada, quando Jorge Nicola, comentarista da ESPN, publicou em seu blog no Yahoo que Leila tem interesse em ser presidente do Palmeiras. Para isso, José Roberto Lamacchia teria entrado em contato com o grupo político de Mutafá Contursi, sim, ele mesmo, para tentar uma manobra estatutária que permita a ela concorrer sem precisar ter sido conselheira, uma vez que ela acaba de se tornar sócia do clube.





Já trabalhei com o Nicola e sei que uma coisa que ele não tem é má-fé: se ele publicou a informação, é porque a ideia existe. Pode não se concretizar, mas pela cabeça de alguém isso passou. E isso é péssimo, porque dá a clara impressão de que os donos da Crefisa estão querendo se tornar, na prática, donos do Palmeiras.





Nada contra clubes-empresas. Não sou da turma do "ódio ao futebol moderno" e tem horas que, dado o completo sururu que é a política do Palmeiras, penso que não seria mal o clube ter um dono. Mas não é assim que as coisas funcionam: o casal da Crefisa parece mais estar querendo brincar de Football Manager, só que na vida real. Pegar um clube e assumir completamente seu comando, dominar as ações, tomar as decisões, sempre com a justificativa "o dinheiro é meu". Já vi isso acontecer várias vezes aqui no interior nos últimos anos e o resultado sempre foi catastrófico - que o diga o Noroeste, que foi abandonado pela família Garcia quando estava na Série A2, às vésperas de uma decisão de Copa Paulista, e hoje sofre na quarta divisão.





O problema é que futebol não se administra pensando só em lucro. Claro que estar "no azul" é importante, mas mais importante que isso é ganhar jogos, levantar taças e conquistar títulos, o que dificilmente combina com o pensamento do típico empresário brasileiro, que, ao primeiro sinal de crise, corta gastos e demite funcionários - ou, na menos ruim das hipóteses, troca empregados eficientes, mas eventualmente caros, por gente mais em conta que nem sempre apresenta a mesma capacidade produtiva. O palmeirense já viu onde essa política de "bom e barato" vai terminar, e não foram poucas vezes.





O Palmeiras não precisa de um dono. Precisa de patrocínio, é claro, mas acima de tudo precisa de transparência. Se a Crefisa quer aumentar investimentos e participar da gestão do clube, que faça isso por contrato, tudo verde no branco (porque preto no branco é coisa do rival), escrito, documentado e reconhecido firma no cartório. E, acima de tudo, que tais acordos sejam feitos com a instituição, e não com determinadas pessoas. Como o Palmeiras, por exemplo, poderá planejar 2017 se a renovação do patrocínio, ao fim de 2016, está condicionada ao resultado da eleição, como avisou a dona Leila? (e nem estou citando o fato de Nobre ser credor/avalista da dívida do Palmeras. Aliás, é credor ou é avalista? Isso está constando no balanço?).





Um save de videogame mal feito pode ser apagado, abandonado, reiniciado. No mundo real, estamos mexendo com milhões de torcedores. A vida, pessoal da Crefisa, é bem mais complexa que uma partida de Football Manager. Cuidado com a nossa paixão.



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27720 visitas - Fonte: ESPN

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