Palmeiras e WTorre vivem em discórdia por conta do Allianz Parque
Em nova rusga na arbitragem, conforme antecipou o ESPN.com.br há alguns dias, a WTorre e o Palmeiras discutem questões relativas ao programa Avanti, que abrange os sócios-torcedores alviverdes. Conforme apuração da reportagem, a construtora deseja assumir as operações do Allianz Parque em dias de jogos do clube.
Explica-se: por força contratual, compete ao clube as operações da arena em datas de partidas da equipe de futebol profissional graças a uma cláusula prevista na Escritura de Superfície, assinada em 2009. O item 4.6 do documento antecipa que, para os duelos oficiais do time - previstos nos calendários da CBF, FPF e Conmebol -, a WTorre dá a Arena em comodato para o Palmeiras, que por sua vez organiza questões como contratação de segurança, de orientadores, bilhetagem, e por aí em diante.
Só que, com a nova arbitragem que discute o programa Avanti, a WTorre deseja assumir essas questões, pois assim tomaria conta da bilheteria das partidas e seria responsável por funções hoje destinadas ao Palmeiras.
O fato implicaria que o Palmeiras "hóspede" em seu próprio estádio, o que já acontece durante todo o ano, com exceção dos dias de jogos oficiais do clube. A empresa é a detentora das operações de todos os outros casos envolvendo o Allianz Parque, como shows, eventos e amistosos. Por exemplo, o time não pode sequer treinar no estádio sem a permissão da construtora devido à Escritura de Superfície.
Assumindo as operações também em dias de jogos, a WTorre teria acesso à base de associados do Avanti - por consequência de ser a responsável pela bilheteria - já que a liberação dos torcedores nas catracas passaria pelas mãos da construtora, e não mais do Palmeiras.
Assim, a responsável pela construção do estádio tomaria conta total da organização dos jogos da agremiação palestrina, podendo contratar os serviços de segurança, infraestrutura, orientação e bilhetagem.
A reportagem procurou a WTorre para comentar as informações, mas não teve resposta até a publicação da matéria. O Palmeiras, por meio de sua assessoria, diz que não comenta questões que estão sendo tratadas na arbitragem.
Entenda a rusga
No último dia 7, a ESPN noticiou o imbróglio envolvendo Avanti, Palmeiras e WTorre. A briga começou pois a precificação dada pela diretoria palestrina nos ingressos acaba atrapalhando a venda das cadeiras cativas por parte da construtora, colocando um conflito de preços e tipos de oferta, desvalorizando o segundo em detrimento do primeiro.
Por essa razão, a WTorre entrou com uma nova arbitragem para cancelamento imediato do que tem sido feito no atual modelo do Avanti, que já superou 130 mil sócios no Palmeiras. Na visão alviverde, a construtora quer acabar com o programa.
Por outro lado, pessoas ligadas à WTorre afirmam que a empresa entende como errada, na verdade, a postura do clube em dividir o estádio em setores e dar valores diferentes para os planos com os descontos nos ingressos se baseando na região da arena que os torcedores podem acessar, sendo que o primeiro conflito que corre na arbitragem ainda não foi resolvido.
Nessa briga anterior, o desentendimento se dá por conta do número da divisão das cadeiras no Allianz Parque. O clube entende que a construtora tem direito a vender 10 mil cativas, enquanto ela defende que o número era maior, de pelo menos 22 mil lugares, podendo chegar a todos os assentos.
A WTorre não se manifesta oficialmente sobre as ações judiciais que correm em nome da empresa. O Palmeiras adota postura semelhante.
Confira, abaixo, o que diz o item 4.6 da Escritura de Superfície da Arena:
"4.6. Para os jogos do time de futebol principal profissional da proprietária (Palmeiras), a superficiária (WTorre) dá, desde logo, a Arena em comodato para a proprietária, devendo a proprietária reembolsar à superficiária os custos e despesas incorridos e devidamente comprovados por esta com relação a energia, segurança, água, seguros, entre outros a serem definidos de comum acordo e de boa-fé oportunamente. Tal comodato abrangerá única e exclusivamente os jogos do time principal de futebol, sendo restrito aos horários estritamente necessários para tanto, de forma a não prejudicar as demais atividades da Arena".
Trecho do item 4.6 da Escritura de Superfície da Arena
Clube alviverde e a construtora discutem desavenças na arbitragem
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