O que é melhor: fazer um caminhão de gols e não ser campeão ou marcar poucos gols e levantar duas taças? O Sport venceu a Copa do Nordeste e o Campeonato Pernambucano tendo média de 1,29 gol por partida neste ano. O Santos está com média de 2,32 gols por jogo, mas não conseguiu levar o Paulistão. O segredo dos pernambucanos é ter uma defesa eficaz, que levou só 17 gols em 27 jogos (média de 0,63 por partida). Enquanto no Santos cinco jogadores marcaram juntos 37 dos 51 gols do ano, no Sport um único jogador fez 15 dos 34 gols da equipe. Não existe uma regra para o sucesso, tanto que as duas equipes empataram na primeira rodada do Brasileirão.
Nas diferentes competições que disputaram até aqui, as 20 equipes da Série A apresentaram características distintas, cada uma com um padrão próprio que foi repetido na primeira rodada do Brasileirão, mas nem todos os ataques obtiveram sucesso. Considerados todos os gols marcados pelos times da elite nacional desde o início do ano, compare como funcionam as engrenagens de ataque de cada time.
Ataques Coletivos
Ter muitas opções para definir uma partida é o que todo técnico deseja, mas apenas quatro times funcionam assim. O atual campeão Cruzeiro conta com seis jogadores que fazem gols constantemente, entre eles o zagueiro Bruno Rodrigo, que marcou cinco gols. O Santos, com seu DNA ofensivo, tem os medalhões Thiago Ribeiro e Leandro Damião e o meia-atacante Gabriel formando um ataque reforçado pelo volante Cícero e o meia Geuvânio, que juntos tornaram o Peixe o time com a melhor média de gols marcados por jogo no ano (2,32).
O Fluminense desfruta de quatro jogadores que estão balançando as redes: Fred, Walter, Conca e Wagner, que marcaram 68,3% dos 41 gols tricolores. Já o Vitória inova com os laterais Juan e Ayrton entre os matadores, que juntos somam 16 gols no ano. O centroavante Dinei fez mais cinco. O trio conseguiu metade dos 44 gols do Rubro-Negro baiano.
Na primeira rodada, o Fluminense bateu o Figueirense por 3 a 0, gols de Rafael Sobis e Fred (além de um gol contra). A dupla brilhou também contra o Tupi-MG, na Copa do Brasil, o que mostra o potencial de Sobis para encostar na ponta da artilharia do clube.
Já o Cruzeiro derrotou o Bahia por 2 a 1 fora de casa e com um time reserva, deixando claro estar muito bem preparado para buscar mais um título. Além dos seis jogadores que se destacam na artilharia (Dagoberto, Marcelo Moreno, Julio Baptista, Bruno Rodrigo, Ricardo Goulart (5 gols) e Willian (4), a variedade ofensiva dos mineiros é engrossada por Marlone, com duas assistências para Moreno) e Nilton, volante que marcou oito gols em 2013 e já deixou sua marca na estreia contra o Bahia.
Duplas
Apenas Corinthians e Figueirense possuem uma dupla de ataque que divide junta a responsabilidade pelos gols, e estão longe das melhores médias de gols na temporada (1,53 e 1,4 gol por jogo, respectivamente). Romarinho e Luciano, que curiosamente marcou sempre de dois em dois, marcaram 14 dos 26 gols do Timão em 2014.
O Figueirense tira boa parte de seus gols da harmonia de Lúcio Maranhão e Éverton Santos com as redes. Quase 40% dos tentos catarinenses foram conquistados pelos dois. Foi o suficiente para o Figueira ser campeão catarinense. Ambos os alvinegros, no entanto, passaram em branco na estreia pelo nacional.
Homens de Referência
A maioria das equipes se concentra no grupo que depende de um homem-gol. Às vezes há até uma grande variedade de jogadores capazes de balançar a rede. No caso do Grêmio, 20 atletas já sentiram o gostinho em 2014, o maior número entre os 20 times. Mas a grande referência é o argentino Barcos, autor de 15 gols ou 1/3 dos tentos gremistas. Em segundo lugar aparecem Luan e Dudu, com quatro gols.
No Inter, Wellington Paulista e Rafael Moura se revezam em campo. Sem nunca jogarem lado a lado, fizeram 16 dos 47 gols do Colorado (34%). O Sport, citado no início do texto, é o time mais dependente de um só atleta: Neto Baiano fez impressionantes 43% dos 35 gols pernambucanos nesta temporada.
Flamengo e São Paulo condicionam seus resultados ao rendimento dos veteranos Alecsandro e Luís Fabiano, respectivamente. Com 12 gols, o atacante rubro-negro é peça-chave do ataque que mais fez gols: 54 em 26 jogos, média de 2,08. No Tricolor, Fabuloso também marcou 12 gols até o momento, mas isso representa 33% dos gols são-paulinos, enquanto Alecgol é responsável por 22%.
Se o Palmeiras tem Alan Kardec, dono de 10 dos 35 gols alviverdes, o Bahia tem como homem de referência um meia de criação. Anderson Talisca vem jogando mais adiantado sob o comando do técnico Marquinhos Santos e está sendo mais decisivo.
No entanto, vale ressaltar que seus sete gols se originam, em grande maioria, de lances de bola parada. Por isso, a diretoria do Bahia contratou Henrique, ex-Botafogo, e vem tentando trazer Michael, do Fluminense, para compartilhar a responsabilidade de decidir.
Em busca de um Atacante
A realidade de Chapecoense, Coritiba, Criciúma e Botafogo é um tanto diferente, Têm quatro das cinco piores médias de gols feitos por jogo e não contam com uma defesa estruturada como a do Sport, que completa a lista.
Não pode ser considerado apenas coincidência que tenham fracassado na primeira rodada. Os clubes parecem ter um problema maior do que o poder de gol de Régis, Júlio César e Alex, Paulo Baier e Ferreyra e Wallyson. Para eles, há um longo caminho para pela frente.
4494 visitas - Fonte: GE