Barrios comemora um dos seus gols contra o Fluminense (Foto: Dhavid Normando - Agência Estado)
Um primeiro tempo de completa apatia que se transformou em uma goleada: o Palmeiras superou o marasmo da metade inicial do jogo contra o Fluminense no Maracanã e se aproveitou de atuação marcante de Lucas Barrios, que marcou três vezes, para sair do Rio de Janeiro com uma vitória por 4 a 1 e esperança renovada em uma vaga no G-4 do Campeonato Brasileiro. Após três rodadas sem vencer, esse foi o segundo triunfo consecutivo.
Antes do intervalo, o Verdão aparentava repetir os mesmos erros de sempre. Como foi no gol dos cariocas, marcado por Jean: em cobrança de lateral, Jackson deixou a bola de graça para o meio-campista do Flu abrir o placar. Sem posse de bola, o Palmeiras assistia ao Fluminense jogar, muitas vezes com os 11 jogadores atrás da linha do meio-campo.
A mudança no segundo tempo foi marcante. O técnico Marcelo Oliveira apostou em uma equipe ofensiva e, curiosamente, após Fred desperdiçar pênalti, viu o Verdão ressuscitar. Barrios, que havia entrado no lugar de Alecsandro um minuto antes, empatou. Gabriel Jesus virou. E o paraguaio deixou sua marca mais duas vezes. O sofrimento virou fartura.
Quinto colocado do Campeonato Brasileiro, com 41 pontos, o Palmeiras agora precisa torcer contra Flamengo e São Paulo, que enfrentam, respectivamente, Coritiba e Chapecoense nesta quinta-feira. Alviverdes, rubro-negros e tricolores acumulam a mesma pontuação.
ERRO DE SEMPRE
Dois minutos. Esse foi o tempo que o Palmeiras precisou para tomar o primeiro susto no Maracanã. E com a temida bola aérea, vilã no empate por 3 a 3 com o Corinthians e na derrota por 1 a 0 para o Internacional. Posteriormente, o árbitro marcou o impedimento, mas já foi um bom indicativo do que seria a etapa inicial: domínio completo do Fluminense.
RECUADO
O time carioca acuou o Verdão no campo de defesa. Em alguns momentos, os 11 jogadores permaneceram atrás da linha de meio-campo, de Fernando Prass a Alecsandro. A postura prejudicou o esquema tático, e os jogadores passaram a não se encontrar nas próprias posições. O lance do gol perdido por Fred surgiu justamente nesse contexto.
Na imagem abaixo, o posicionamento de Zé Roberto, que iniciou o jogo como meio-campista, aberto pela esquerda, deixa evidente a desorganização do Palmeiras. Robinho, teoricamente o principal responsável pela armação na equipe, também apareceu na cobertura à lateral. Um recuo excessivo.
Palmeiras exagerou na postura cautelosa e foi ameaçado no primeiro tempo
GOL PREVISÍVEL
Sofrer o gol parecia questão de tempo para o Palmeiras. E foi. Em cobrança de lateral pela direita, o zagueiro Jackson vacilou, e a bola ficou livre para Jean. O meio-campista encheu o pé no canto direito de Fernando Prass, sem chances para o goleiro. Até aquele momento, o Verdão não havia finalizado nenhuma vez na partida. Um tempo completamente desigual que, com maior empenho do Fluminense, poderia ter sido pior para o time de Marcelo Oliveira.
SEM BRILHO
O Palmeiras acabou o primeiro tempo com o volante Thiago Santos como único digno de menção positiva - embora tenha sido o jogador mais faltoso da equipe, com cinco. Ele se desdobrou na marcação para neutralizar a criação do Fluminense. Gabriel Jesus, apagado, errava quase tudo que tentava. Robinho não criava. A transição entre defesa e ataque era nula. 45 minutos para esquecer.
Palmeiras terminou o primeiro tempo disposto desta forma: pouca criação
AO ATAQUE
O Palmeiras voltou do segundo tempo com Rafael Marques na vaga de Egídio - mandando Zé Roberto para a lateral esquerda. Mais calma, a equipe alviverde equilibrou a disputa pela posse de bola, mas passou a dar mais espaços e continuou vacilando no posicionamento. Além disso, o Verdão era muito parado pelo adversário em meio às jogadas: foram 36 desarmes do Flu em toda a partida, contra apenas oito dos alviverdes.
O lance do pênalti cometido por Fernando Prass, que terminou em chute para fora de Fred, começou com Jackson e Victor Ramos batendo cabeça, literalmente, no meio-campo.
OLHAR DO CHEFE
Dunga, técnico da seleção brasileira, esteve no Maracanã ao lado de Gilmar Rinaldi, coordenador de Seleções da CBF. Nesta quinta-feira, ele convocará a equipe que iniciará a disputa das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.
A MUDANÇA
Um minuto antes de Fred perder o pênalti, Lucas Barrios entrou no lugar de Alecsandro. Ali, começava a virada palmeirense. Logo depois, Arouca foi substituído por Allione. Marcelo Oliveira colocou a equipe no ataque. E deu resultado. No prazo de 24 minutos, foram quatro gols marcados. E uma história completamente invertida em relação à etapa inicial.
Curiosamente, Barrios havia trocado a camisa 10 do Palmeiras pela 8, número que considera "da sorte" desde o início da carreira, no dia anterior.
Esquema tático do Palmeiras após as mudanças: ofensivo, Verdão reagiu (Foto: Arte)
ESSA DOEU
O volante Arouca dividiu bola pelo alto com Marcos Júnior, do Fluminense. Enquanto o jogador tricolor foi atendido em campo, o palmeirense deixou o gramado sangrando e deu lugar a Allione.
VIRADA E GOLEADA
A atuação perfeita de Lucas Barrios começou oito minutos após ele entrar em campo. O paraguaio se aproveitou de cruzamento de Rafael Marques e vacilo de Gabriel Jesus para igualar o marcador e iniciar a reação palmeirense. De quatro finalizações do centroavante na partida, três se transformaram em gol. Ele ainda não havia balançado a rede no Brasileirão: em oito jogos pelo clube, tinha marcado um gol, na vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro, pela Copa do Brasil.
Os erros da defesa alviverde passaram a ser cometidos pela retaguarda do Fluminense. O massacre do Tricolor em finalizações no primeiro tempo passou para o outro lado: o Palmeiras terminou com 11 chutes a gol, contra oito dos donos da casa. Em uma falha coletiva de Diego Cavalieri e Marcos Júnior, Gabriel Jesus não perdoou: 2 a 1.
O Fluminense perdeu o controle psicológico. Que o diga a furada de Antônio Carlos, que terminou com o terceiro gol do Verdão - segundo de Barrios na partida. A posse de bola do Tricolor, que chegou a ser de 67%, terminou em 53%.
O último ato do paraguaio, que selou a sétima partida sem vitória do Fluminense e a queda do técnico Enderson Moreira, foi novamente pelo lado esquerdo, de onde também havia saído o gol anterior. Uma ótima credencial para possivelmente recolocar Barrios entre os titulares.
Lucas Barrios apareceu livre mais uma vez em jogada construída pela esquerda
4443 visitas - Fonte: Ge