Do padre palmeirense à famosa leitoa: Pirangi reúne

25/9/2015 19:28

Do padre palmeirense à famosa leitoa: Pirangi reúne

Levantamento do Facebook aponta que cidade do interior paulista tem a maior concentração de curtidas na fanpage oficial do Verdão: 25,1% dos pirangienses

Do padre palmeirense à famosa leitoa: Pirangi reúne

Dados do Facebook apontam que a maior concentração de usuários que curtem a fanpage do Palmeiras está no município de Pirangi, interior de São Paulo. Segundo levantamento feito pela rede social em parceria com o GloboEsporte.com, as curtidas alviverdes correspondem a 25,1% – ou seja, a cada quatro curtidas em páginas de clubes, uma vai para o Verdão.



Esse percentual, o maior do Brasil, poderia ser mais representativo se o padre Jaime, palestrino fanático e pároco da Igreja Matriz, batizasse todos os seus fiéis com água verde e branca, por exemplo. Seria um número mais fidedigno se o comerciante Palmiro Pupim, de 80 anos, além de vender bolas, tênis e camisas do Palmeiras, tivesse um perfil no Face para aumentar a contagem. Seria 80%, 90% se os clientes do "Expresso Pururuca", degustadores da leitoa mais famosa da região, fossem obrigados a torcer pelo Verdão.



Para entender os números e detectar uma possível margem de erro, que segundo os palestrinos de Pirangi é responsável por colocar os corintianos como maioria na cidade (são 32,9% de curtidas alvinegras e outras 19,3% são-paulinas), o GloboEsporte.com foi ao município e encontrou personagens que expuseram suas paixões e tentaram explicar a ocupação alviverde no interior de São Paulo.



"P" de padre



A paixão pelo Palmeiras fez o padre Jaime, pároco da Igreja Matriz Santo Antônio, incorporar a combinação alviverde em suas vestes. A túnica, a faixa e a toalha de rosto, companheiras inseparáveis de missas e cultos, passam despercebidas entre os pirangienses, tamanha identificação entre o padre e o verde e branco.



– Todos sabem do meu amor pelo Palmeiras. Torço, mas separo o torcedor da religião. Claro que faço algumas brincadeiras e os próprios fiéis entram na onda, brincam, mas sempre com muito respeito e carinho – declarou o padre Jaime, que possui uma coleção de camisas e lembranças relacionadas ao Verdão.





Padre Jaime e a túnica em homenagem ao Verdão (Foto: Cleber Akamine)



Dentre as muitas histórias envolvendo seus fiéis, uma ficou marcada. Convidado para realizar a cerimônia de enterro de um rapaz de Pirangi, ele teve de vestir uma camisa do Palmeiras, a pedido da família, para homenagear o falecido.



– Achei estranho, mas entendi que era uma forma de homenagear o rapaz. Topei e conduzi a cerimônia. O Palmeiras devia ser algo muito especial na vida dele, assim como é nas nossas – lembrou padre Jaime, que entre uma fala e outra fazia questão de enfatizar a diferença entre o torcedor fanático e a pessoa que frequenta a igreja.



Em suas missas, comentários sobre jogos e discussões polêmicas eram evitados. E quando questionado sobre o número de palmeirenses na cidade, ele nega que exerça algum tipo de influência sobre as famílias no momento do batismo.



– Eu poderia batizar somente aqueles que declararem preferência pelo Palmeiras, não é? Seríamos ainda maiores (risos) – brincou o padre, apaixonado pelo futebol, tanto quanto pelo Palmeiras.



Além de torcer, Jaime Gombio administra o projeto social "Formando homens" desde 2013. O núcleo socioeducativo atende 25 jovens, entre 17 e 19 anos, oferecendo moradia, escola, alimentação, além de uma ajuda de custo e a prática do futebol.





Padre Jaime Pirangi e a Igreja Matriz de Santo Antônio (Foto: Cleber Akamine)



O resultado, embora seja focado na formação de seres humanos, é expressivo. Em 18 meses de funcionamento, 12 jogadores foram encaminhados para equipes profissionais. Dois estão em São José do Rio Preto, um no América e outro no Rio Preto, e outros dez foram integrados ao elenco do Grêmio Catanduvense neste mês - time vai disputar a Copa Paulista.



A dedicação é tão grande que o padre Jaime se transformou em uma espécie de empresário destes meninos, que começam a despontar no futebol profissional. Durante a entrevista, foram duas interrupções telefônicas por causa de empresário e diretor que gostariam de obter informações sobre seus jogadores. A mais recente indicação e que deve ser concretizada como negociação foi a do meia-atacante Canela, ex-Monte Azul, integrado ao elenco do Botafogo-SP, que vai disputar a Série D do Brasileiro.



– Fico muito feliz em poder ajudar esses meninos. Eles têm poucas oportunidades e dificilmente conseguiriam chances em grandes clubes. Oferecemos moradia, alimentação, estudos e um centro de treinamento para eles se desenvolverem não apenas como atleta, mas como cidadão – explicou o padre Jaime, que sonha aliar seus dois times do coração.





Padre Jaime sonha com filial alviverde em Pirangi, dentro do seu projeto social (Foto: Cleber Akamine)



Num cenário ideal, Jaime Gombio gostaria que seus meninos vestissem a camisa do Palmeiras, na equipe profissional, na capital paulista, ou representando uma espécie de afiliada do Verdão no interior paulista.



– Seria um sonho para mim, para a cidade. Gostaria muito que alguém do Palmeiras viesse conhecer o nosso projeto. Não precisamos de muito. Contamos, atualmente, com o apoio de empresários e pessoas da cidade. Gostaria, apenas, de um suporte profissional para que esses meninos pudessem ter novas oportunidades – declarou o padre Jaime.



"P" de palmiro



Palmiro Pupim contraria números do Facebook e afirma que palmeirenses chegam a 80% dos pirangienses (Foto: Cleber Akamine)



Palmiro Pupim contesta os números apresentados pelo Facebook. Aos 80 anos, ele acredita que o número de palmeirenses em Pirangi chega a 80%, contra 20% "dos outros". Desconfiado dos dados apresentados pela rede social, a qual ele não possui conta, Palmiro Pupim fez um levantamento de acordo com o seu conhecimento pirangiense, baseado nos clientes que frequentam sua loja de roupas e calçados, e que funciona há 50 anos.



– Aqui em Pirangi o número de palmeirenses é muito maior do que o de outras torcidas. Mas não somos apenas 25%. Somos 80%. Os outros 20% representam as outras torcidas – comentou o "seo" Palmiro, que baseou sua teoria no balanço financeiro da sua própria loja.



Segundo ele, o número de produtos do Palmeiras tem o dobro de saída se comparado a dos rivais Corinthians e São Paulo.





Segundo Palmiro Pupim, tênis e bolas do Corinthians e do São Paulo não tem venda (Foto: Cleber Akamine)



– Funciona mais ou menos assim. Enquanto eu vendo 24 camisas do Palmeiras, o número de camisas do Corinthians e do São Paulo não passam de 12. Bola, tênis, só consigo vender do Palmeiras. Nem tenho esses produtos do Corinthians e do São Paulo – disse Pupim, alternando o tom sério com o tom de brincadeira.



Para reforçar ainda mais as informações de sua loja, Palmiro Pupim pediu para que a reportagem andasse até o fim do quarteirão para constatar o número de palmeirenses na rua 7 de setembro, a "rua dos palmeirenses". E ele tinha razão.



Vizinho à loja, o optometrista e professor de judô Antônio Ferreira Lima, mais conhecido como "Golias", exibia em seu painel um "diploma de palmeirense" e um histórico de já ter vestido a camisa do Palmeiras - de Presidente Prudente, no futebol amador, mas do Palmeiras.



– Fui jogador em Presidente Prudente. Lá tinha o Palmeirinha. Meu apelido era Vavá, jogador famoso que passou pelo Palmeiras e pela seleção brasileira. Eu era bom de bola, mas depois, aos 16 anos, fui para o judô – disse Golias, encerrando a curta carreira de jogador de futebol sem passar pelo arquirrival Corinthians de Presidente Prudente.





Comerciantes da Rua 7 de setembro reforçam teoria de grande número palmeirenses em Pirangi (Foto: Cleber Akamine)



Três casas adiante, do outro lado da rua, outro comerciante, outro palmeirense. Valdecir Bastos, de 38 anos, dono de um bar, recebeu a reportagem vestindo uma camisa do Palmeiras.



– É verdade. Pirangi só tem palmeirense. Olha aqui (apontou para a camisa). Pode andar pela rua e notar o número de camisas do Palmeiras. Somos maioria, maior do que corintianos e são-paulinos. Bem maiores – afirmou Bastos.



"P" de pururuca



A quantidade e a qualidade das leitoas vendidas em Pirangi deram à cidade o apelido de "Expresso Pururuca". O sucesso do porco assado recheado com farofa caseira, criado pelo "avô" Lolô Busnardo na década de 70, é mantido pela família.



Atualmente, quem mantém a tradição é a tia Bila Busnardo e o neto Douglas Busnardo, dono de um tradicional restaurante de comida caseira, típica do interior. Formado em administração de empresas, ele explica que o tempero e o amor pela culinária foram influenciados pelo avô Lolô, com quem aprendeu a cuidar e tratar os animais.





Douglas e o carinho pelos porcos, herdado do avô Lolô (Foto: Cleber Akamine)



– Eu acompanhava meu avô, ajudava a criar, mas nunca tive coragem de matar. Tinha carinho pelos animais e dizia pra ele: "Não conte comigo nessa parte". Lembro de alguns momentos como a distribuição da lavagem, do milho, a troca da água, as vacinas – comentou o gerente do restaurante, que além do apreço pela culinária, herdou a paixão pelos porcos, dentre eles, o Palmeiras.



Embora tenha jogado nas categorias de base da Portuguesa, Douglas Busnardo sempre sonhou defender o Verdão, muito pelo fanatismo da família, do pai e do avô palmeirenses.



- Eu passava em frente ao antigo Palestra para ir ao Canindé e ficava observando aquilo. Infelizmente tive que deixar o futebol, mas continuo sendo torcendo para o Palmeiras - afirmou.



Segundo Douglas Busnardo, a família chega a comercializar seis leitoas por final de semana e, durante as festividades de final do ano, Natal e Ano Novo, são aproximadamente 100 encomendas.



"p" de profissional palmeirense





Jean Carlos sonha defender o Palmeiras, clube do coração (Foto: Cleber Akamine)



Pirangi não tem um "filho ilustre" que defendeu a seleção brasileira numa Copa do Mundo, ou mesmo um jogador famoso que tenha atuado num grande clube. O palmeirense Jean Carlos, que ganhou o nome em homenagem ao ex-atacante Giancarlo, pode ser o primeiro e sonha, um dia, vestir a camisa do Verdão.



– O nome é em homenagem ao ex-atacante do Palmeiras. Escreve diferente porque a minha mãe não gostou do Giancarlo e preferiu Jean Carlos. Meu pai sempre foi palmeirense fanático, o que acabou me influenciando bastante, tanto como torcedor, como profissão – explicou.



Titular no meio-campo do Monte Azul nas duas últimas temporadas da Série A2, Jean Carlos está sem clube no momento, mas ainda acredita na possibilidade de crescer dentro do futebol.



– Espero ter uma oportunidade, chegar a um time grande, quem sabe no Palmeiras. Estou batalhando para isso – comentou Jean Carlos, que coincidentemente foi batizado pelo padre Jaime. Ganhou chuteiras da família, quando criança, compradas na venda do "seo" Palmiro Pupim. Todos palmeirenses. Todos de Pirangi.





Jean Carlos foi batizado pelo padre Jaime e, coincidentemente, virou palmeirense (Foto: Divulgação)







12627 visitas - Fonte: Globo Esporte

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