Preso à política de contenção de gastos e fiel a Brunoro, Nobre apela contra cancelamentos do Avanti.Foto:Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Ao explicar a saída de Alan Kardec, Paulo Nobre decidiu atacar o São Paulo e rompeu qualquer relação com o rival enquanto Carlos Miguel Aidar o presidir. Mas as maiores consequências da presença do centroavante no Morumbi são internas, e o mandatário tenta administrar o prejuízo político em ano de eleição no clube e a ameaça de queda no número de sócios-torcedores.
O problema em relação Avanti é o mais preocupante. No início do mês, foram atingidos os 40 mil membros que Nobre desejava alcançar até o fim do ano passado e o número já havia diminuído antes mesmo do acerto de Alan Kardec com o Tricolor. Agora, aumentam as ameaças de desistência do plano.
O torcedor que ouve o presidente desde o início do ano dizer que o Verdão pode ser autossustentável com a sua ajuda parece frustrado, e o dirigente compreende. Mas faz ressalvas na ampliação do plano que prometeu apoiar antes mesmo de ser eleito em janeiro do ano passado.
“O palmeirense é um apaixonado, muito passional, como também sou. Mas, na cadeira de presidente, contenho o torcedor dentro de mim para tomar decisões com cabeça fria. É natural que o torcedor decepcionado tome uma atitude como essas.
Porém, vai acabar refletindo que não é uma atitude contra o presidente Paulo Nobre, mas contra seu clube do coração”, avisou, apelando para que o Avanti não seja afetado.
“O programa de sócio-torcedor é muito importante para a Sociedade Esportiva Palmeiras. De repente, se não estivéssemos perto de 40 mil no Avanti, mas 140 mil, nossa condição financeira seria outra e as possibilidades de investimento no elenco também. Cancelar o Avanti é atirar no próprio pé”, alertou.
A possível queda no número de sócios-torcedores é também um argumento que atrapalha a reeleição do presidente. Paulo Nobre ainda não fala do pleito marcado para o final do ano, mas seu criticado diretor executivo José Carlos Brunoro já disse que trabalha para que o mandatário, na primeira eleição envolvendo sócios, continue no cargo até dezembro de 2016.
A contestação à saída de Alan Kardec para um rival, porém, é só uma das críticas à política econômica de Nobre, que não se diz atingido. “Não somos populistas. O grande ‘erro’ dessa gestão é a preocupação e a responsabilidade com o dinheiro do clube. É meu compromisso de campanha não brincar com isso”, afirmou, sem medo do prejuízo à sua imagem.
“Paciência se eu ficar manchado, não faço gestão para ser enaltecido no futuro. Não posso me pautar em tomar atitudes para ser enaltecido pela torcida.
Defendo os interesses da Sociedade Esportiva Palmeiras, por mais que eu fique manchado por isso. Sem problemas”, minimizou o mandatário, fiel a Brunoro, reprovado por conselheiros irritados pelas negociações e premiações do diretor executivo.
Na discussão econômica, crescem as contestações aos empréstimos que o presidente faz em seu nome com juros mais baixos do que os oferecidos ao Verdão e repassa ao clube.
Os números da ajuda, que não são comentados por nenhum membro da diretoria, chegariam a R$ 80 milhões. Nobre, por sua vez, repete o discurso de evitar que o clube seja refém de dirigentes.
“O Palmeiras precisa andar com as próprias pernas, não pode ser dependente de nenhum dirigente, isso é totalmente errado. Com a nossa politica, a minha ideia é entregar para o próximo presidente um clube muito mais administrável para aumentar receitas, com contenção de custos e siga uma vida normal como foi nos últimos 90 anos, pelo menos”, falou, reiterando sua preocupação financeira.
“O Palmeiras está sem caixa. O superávit que falam é contábil e o clube deu prejuízo no ano passado mesmo com nossa política austera. Espero que, em 2014, contabilmente cheguemos a um quadro diferente, mas está muito difícil com os números praticados no futebol”, lamentou.
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