Oswaldo de Oliveira
No início do Brasileirão, o Palmeiras ainda era um time em formação, que poderia ou não engrenar. Tínhamos um batalhão de contratações tentando achar alguma lógica dentro de campo, peças que sequer haviam estreado e uma equipe ainda muito oscilante. Na ocasião, mesmo desconfiado de Oswaldo, eu dizia que havia motivos para crer no Palmeiras.
O Brasileirão começou e o Palmeiras foi tomando corpo. Mesmo sem obter resultados expressivos, a equipe de Oswaldo mostrava muitas vezes um controle interessante da partida, principalmente no que diz respeito à posse de bola. O esquema 4-5-1 começava a dar sinais de que poderia funcionar. Gabriel e Arouca engrenavam na parte defensiva (o Palmeiras tinha uma das melhores defesas da competição), os três homens do meio (Dudu, Robinho e Rafael Marques) jogavam girando a bola até os laterais, de um lado para o outro, como num time de Handebol. A pouca efetividade ofensiva parecia ser o maior problema. Nos contra-ataques e falhas de marcação (às vezes individuais), perdemos pontos valiosos.
Com apenas 33% de aproveitamento no Brasileirão, Oswaldo caiu e deu lugar a Marcelo Oliveira. O time deixou de ter tanto controle da posse de bola (56,6% com Oswaldo x 46,5% com Marcelo, conforme explica esta análise de julho), demonstrando uma vocação maior para jogar nos contra-ataques. No começo, menos posse de bola significou mais gols, com um desempenho excelente da defesa. Uma sequência de vitórias levou o time ao G-4 e nos deu motivos para sonhar. Mas perdemos Gabriel na 16ª rodada e a partir de então passamos a tomar mais gols. Ainda que o número de desarmes certos não tenha se modificado substancialmente (veja aqui), a zaga despencou de produção e hoje os chutões e a falta de posse de bola parecem ser nosso maior problema, especialmente quando temos a vantagem no placar já construída.
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O artilheiro do time no ano está no banco. Por que mesmo?
Apesar dos números mostrarem um aumento nos gols sofridos a partir da 17ª rodada, algo me diz que a saída de Gabriel não é a única explicação para nossos problemas atuais. Afinal, os desarmes se mantiveram e a posse de bola já havia caído antes do volante se machucar. E se não é, talvez alguns pontos possam ser corrigidos agora. Não me parece equivocado dizer que falta um pouco de Oswaldo nesse Marcelo. O Oswaldo da posse de bola e cadência. Falta um pouco mais de Rafael Marques (o artilheiro do time no ano, inclusive nos clássicos), queridinho do professor Oswaldo. E talvez menos Gabrieeeeel Jesus (polêmica!), que assumiu a titularidade na 21ª rodada, que tem um futuro imenso (ninguém duvida!), mas que ainda perde a bola infantilmente em muitas situações.
Alguns ajustes, aliados à recuperação de alguns jogadores (Arouca!) e um condicionamento físico um pouquinho melhor (os finais de jogos têm sido sofríveis), talvez façam com que o Palmeiras pare de dar sinais contraditórios à sua torcida, como ganhar do Cruzeiro no Mineirão e apanhar de 5 da Chapecoense. Motivos para crer no título e no G-4, nós temos os de sempre: a torcida; a camisa; a força de nossa casa. Está faltando mesmo é um futebol um poquinho mais sólido e consistente - não precisa nem ser vistoso - dentro de campo.
E se não der? Bom, aí vamos ter que buscar a taça no peito e na raça, à la Felipão mesmo, como fizemos em 2012. Que ninguém duvide do que somos capazes.
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