Enquanto a TV Globo avança na negociação com o Corinthians para a renovação dos direitos de transmissão por mais dois anos, outros times se levantam contra o atual modelo de divisão das cotas. Desde a implosão do Clube dos 13, os clubes negociam separadamente suas partes - e isto vem criando um abismo entre os valores que a maioria dos times da Série A recebem, em comparação com os valores de Corinthians e Flamengo.
A preocupação maior é com o Timão. Há um temor que o alvinegro paulista se torne uma espécie de Bayern de Munique brasileiro. Muito mais rico que os adversários, e, consequentemente, com mais condições de se manter competitivo temporada após temporada.
- Se você pegar o que o Corinthians vai receber da Globo com o contrato do Campeonato Paulista, o Brasileiro e o pay-per-view, eles vão ganhar uma quantia maior que o orçamento de todos os outros clubes. Isso vai criar uma distorção absurda. Se eles forem competentes, ninguém mais os alcança - argumenta Romildo Bolzan, presidente do Grêmio.
- Fizemos um cálculo, em dez anos, a diferença de receita entre Corinthians e Atlético contando o dinheiro da TV e da Caixa, se eles mantiverem o patrocino, vai chegar a R$ 1 bilhão. Vai dizer que isso não provoca uma diferença técnica? Precisamos encontrar uma forma mais justa de dividir o dinheiro da TV, ou vai chegar uma hora em que Corinthians e Flamengo vão jogar sozinhos. Não questiono o valor da cota deles, mas acho que o que recebemos hoje não é justo - defende Daniel Nepomuceno, mandatário do Atlético-MG.
Grêmio, Atlético-MG e Santos estão entre os clubes mais comprometidos com a discussão de um novo modelo de divisão. Não por coincidência, Grêmio e Atlético também são os dois principais articuladores da Primeira Liga, competição que deve começar a ser disputada ano que vem e que questiona alguma das estruturas atuais do futebol brasileiro.
- O critério comercial não pode ser o principal fator porque gera uma distorção muito grande. O campeonato acaba ficando sem graça. Defendo que parte do dinheiro seja dividida de acordo com o desempenho de cada clube nos últimos cinco anos. ?O Grêmio está na mesma faixa de cota que Atlético-MG, Fluminense, Internacional e Cruzeiro. Acima de nós estão Palmeiras, São Paulo, Santos e Vasco. Não vejo diferença técnica entre nós e eles que justifique essa situação - analisa Bolzan.
O Corinthians, é claro, defende o atual cenário. Para Emerson Piovesan, diretor financeiro do Timão, o que fará do alvinegro um clube forte é a capacidade de gerir bem seus recursos. Mas, convenhamos, é muito mais fácil manter suas contas em dia quando se recebe muito mais dinheiro que os adversários.
- Não é uma questão de quanto você recebe, é uma questão de gestão. Se você ganha muito e não administra bem, não vai ser campeão. Nossa gestão foi boa, e estamos liderando o campeonato - analisa Piovesan.
- Ninguém discute os méritos de Corinthians e Flamengo para receberem o que recebem. Mas precisamos discutir uma fórmula melhor para todos porque ninguém joga sozinho - resume Modesto Roma, mandatário santista.
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