Garoto era atacante, mas mudou recentemente de posição (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)
Aos 26 minutos do segundo tempo da final da Copa do Brasil, contra o Santos, Marcelo Oliveira sentiu necessidade de sacar o garoto João Pedro, que tinha cartão amarelo. No banco, a única opção era Lucas Taylor, de 18 anos, ainda mais jovem e inexperiente do que o lateral-direito titular naquela noite. O técnico arriscou.
– O professor Marcelo é um cara que gosta bastante de usar a base. Ele tem personalidade para colocar moleque em campo. Acho que se fosse outro treinador, não teria a personalidade de me colocar naquele momento do jogo. Ele teve – diz o camisa 42, que só foi relacionado para a partida porque o xará Lucas, dono da posição, estava suspenso.
Taylor foi muito bem, surpreendeu. Fez desarmes em sequência, sem cometer faltas, ajudou no ataque e até finalizou. Chutar da entrada da área é natural para quem, até pouco tempo atrás, era atacante. Uma mudança de posição que se deu a contragosto, por sugestão do técnico e do coordenador da base.
– Eu já tinha jogado de lateral quando tinha 12 anos. Cheguei ao Palmeiras como lateral. Depois, virei volante. Então, já tinha o cacoete de marcar. Só que, quando falaram para mim que eu iria mudar de posição, eu sinceramente não gostei. Saindo do ataque para a lateral... – lembra.
Agora campeão da Copa do Brasil, Taylor não tem mais dúvida de que a decisão de jogar na ala foi acertada – até porque, há um ano, ele imaginava que seu contrato, prestes a vencer, não seria renovado. Embora os esportes não sejam os mesmos, também é ala um dos maiores ídolos do garoto palmeirense: o americano LeBron James, que defende o Cleveland Cavaliers na NBA.
– Basquete é um show, um espetáculo. Gosto muito de futebol americano, mas, basquete, para mim, não tem igual – revela o brasileiro de nome gringo e 1,76 m, altura realmente mais apropriada para o futebol.
– Eu até jogava basquete quando tinha Olimpíada Escolar, mas só. Eu tinha gosto, mas não como hoje. Hoje, meu hobby é jogar basquete. Como acompanho de uns dez anos para cá, gosto bastante do LeBron James.
Taylor também acompanha NFL – torce pelo San Francisco 49ers e gosta de jogadores como Peyton Manning, Tom Brady e Richard Sherman –, mas nasceu mesmo para o futebol à brasileira, como ficou provado na final da Copa do Brasil ao não sentir o peso de atuar em um clássico, diante de quase 40 mil pessoas.
– Quando o professor me chamou, procurei focar só no jogo, não olhar para o estádio, não olhar para a torcida. Fazendo desse jeito, fiquei bem tranquilo. Sabia que era uma responsabilidade enorme, um jogo importantíssimo, mas procurei manter o foco e a concentração. Foi a realização de um sonho. A gente sonha desde criança. Até hoje, não caiu a ficha. Minha família está besta, minha mãe vê o VT toda hora. A ficha só vai cair mesmo nas férias, quando colocar as perninhas para o alto e pensar que esse ano foi ótimo.
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